Desde
o início do século XX, o mundo tem sofrido com a exploração de seus
recursos naturais, com a poluição da atmosfera e com a degradação do
solo. O petróleo, por exemplo, considerado uma fonte tradicional de
energia, foi tão continuamente extraído que seus poços já começam a se
esgotar, pouco menos de 100 anos após o início de sua utilização
efetiva. O carvão, um recurso ainda mais antigo, também é considerado
esgotável. A energia nuclear, da mesma forma, nos alerta para o perigo
dos resíduos radioativos. O uso das fontes tradicionais traça sua
trajetória ao declínio, não só pela sua característica efêmera, mas
porquê é uma ameaça ao meio ambiente. Na esteira da questão ecológica,
as chamadas “fontes alternativas de energia” ganham um espaço cada vez
maior. Essas fontes alternativas, além de não prejudicar a natureza, são
renováveis, e por isso perenes. Exemplos de fontes renováveis incluem a
energia solar (painel solar, célula fotovoltaica), a energia eólica
(turbina eólica, cata-vento), a energia hídrica (roda d’água, turbina
aquática) e a biomassa (matéria de origem vegetal).O Brasil já
demonstrou, em foros internacionais, a sua intenção de aprimorar o uso
de energias renováveis e diversificar as fontes de geração de energia. O
compromisso reduz o risco de um novo déficit hidrológico, que
geralmente leva à crise e ao racionamento, como sucedido nos verões de
2001 e 2002.
O Potencial das Energias Renováveis
Muitos ainda vêem a geração de energia por fontes renováveis como uma
iniciativa isolada, incapaz de atender à grande demanda de um país
continental. A utilização de energias alternativas não pressupõe o
abandono imediato dos recursos tradicionais, mas sua capacidade não deve
ser subestimada. A Alemanha, por exemplo, provou como o uso das fontes
renováveis pode ser útil ao Estado, à população e ao meio-ambiente. O
país é responsável por cerca de um terço de toda a energia eólica
instalada no mundo, representando metade da potência gerada em toda a
Europa. O investimento em tecnologia também permitiu aos germânicos se
destacarem na utilização de combustíveis de origem vegetal (biomassa).
As Principais Fontes Renováveis de Energia:
1Energia Solar
Praticamente inesgotável, a energia solar pode ser usada para a
produção de eletricidade através de painéis solares e células
fotovoltaicas. No Brasil, a quantidade de sol abundante durante quase
todo o ano estimula o uso deste recurso. Existem duas formas de utilizar
a energia solar: ativa e passiva. O método ativo se baseia em
transformar os raios solares em outras formas de energia (térmica ou
elétrica) enquanto o passivo é utilizado para o aquecimento de edifícios
ou prédios, através de concepções e estratégias construtivas. Esta
aplicação é mais comum na Europa, onde o frio demanda opções para a
calefação. Os
painéis fotovoltaicos são uma das mais promissoras fontes de energia
renovável. A principal vantagem é a quase total ausência de poluição. No
entanto, a grande limitação dos dispositivos fotovoltaicos é seu baixo
rendimento. Outro inconveniente são os custos de produção dos painéis,
elevados devido à pouca disponibilidade de materiais semicondutores.
2Energia Eólica
A energia eólica é a energia gerada pelo vento. Utilizada há anos sob a
forma de moinhos de vento, pode ser canalizada pelas modernas turbinas
eólicas ou pelo tradicional cata-vento. Os especialistas explicam que no
Brasil há ventos favoráveis para a ampliação dos instrumentos eólicos. A
energia cinética, resultante do deslocamento das massas de ar, pode ser
transformada em energia mecânica ou elétrica. Para a produção de
energia elétrica em grande escala, só são interessantes regiões que
tenham ventos com velocidade média de 6 m/seg ou superior. Uma outra
restrição presente no aproveitamento da energia eólica é a questão do
espaço físico, uma vez que tanto as turbinas quanto os cata-ventos são
instalações mecânicas grandes e ocupam áreas extensas. Todavia, seu
impacto ambiental é mínimo, tanto em termos de ruído quanto no
ecossistema.
3Energia Hídrica
A energia hídrica é aquela que utiliza a força cinética das águas de um
rio e a converte em energia elétrica, com a rotação de uma turbina
hidráulica. À exceção das grandes indústrias hidrelétricas, que atendem
ao vasto mercado, há também a aplicação da energia hídrica no campo
através de pequenas centrais hidrelétricas (PCHI), baseadas em rios de
pequeno porte. A região Centro-sul do país é especialmente propícia ao
uso desse tipo de recurso. As pequenas centrais são capazes de suprir
uma propriedade e alimentar seus geradores. Na Europa, muitos sítios e
chácaras se utilizam dessas instalações como fonte alternativa.
4Biomassa
Há três classes de biomassa: a biomassa sólida, líquida e gasosa. A
biomassa sólida tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura
(incluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos das florestas e a
fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos. A biomassa
líquida existe em uma série de biocombustíveis líquidos com potencial de
utilização, todos com origem nas chamadas "culturas energéticas". São
exemplos o biodiesel, obtido a partir de óleos de colza ou girassol; o
etanol, produzido com a fermentação de hidratos de carbono (açúcar,
amido, celulose); e o metanol, gerado pela síntese do gás natural. Já a
biomassa gasosa é encontrada nos efluentes agropecuários provenientes da
agroindústria e do meio urbano. É achada também nos aterros de RSU
(resíduos sólidos urbanos). Estes resíduos são resultado da degradação
biológica anaeróbia da matéria orgânica, e são constituídos por uma
mistura de metano e gás carbônico. Esses materiais são submetidos à
combustão para a geração de energia.
5Outras Fontes Alternativas
Há outras fontes renováveis de energia que, no Brasil, ainda carecem de
investimento e pesquisa. O hidrogênio, por exemplo, é abundante na
natureza, e pode ser usado para produzir eletricidade através de pilhas
de combustível. A energia geotérmica também é uma opção, assim como a
força dos oceanos (traduzida em energia das marés, energia associada ao
diferencial térmico, correntes marítimas e energia das ondas). No Brasil
a maior quantidade de energia elétrica produzida provém de usinas
hidrelétricas (cerca de 95%). Em regiões rurais e mais distantes das
hidrelétricas centrais, têm-se utilizado energia produzida em usinas
termoelétricas e em pequena escala, a energia elétrica gerada da energia
eólica. Neste artigo vamos dar uma visão geral das fontes alternativas de energia elétrica: hídrica, térmica, nuclear, geotérmica, eólica, marés e fotovoltaica. Energia hídrica
Nas usinas hidrelétricas, a energia elétrica tem como fonte principal a
energia proveniente da queda de água represada a uma certa altura. A
energia potencial que a água tem na parte alta da represa é transformada
em energia cinética, que faz com que as pás da turbina girem, acionando
o eixo do gerador, produzindo energia elétrica. Utiliza-se a energia
hídrica no Brasil em grande escala, devido aos grandes mananciais de
água existentes. Atualmente estão sendo discutidas fontes alternativas
para a produção de energia elétrica, pois a falta de chuvas está
causando um grande déficit na oferta de energia elétrica. A maior usina
hidrelétrica do Brasil é a de Itaipu (Foz de Iguaçu) que tem capacidade
de 12600 MW (fig.1).
Energia térmica
Nas usinas termoelétricas a energia elétrica é obtida pela queima de
combustíveis, como carvão, óleo, derivados do petróleo e, atualmente,
também a cana de açúcar (biomassa). A produção de energia elétrica é
realizada através da queima do combustível que aquece a água,
transformando-a em vapor. Este vapor é conduzido a alta pressão por uma
tubulação e faz girar as pás da turbina, cujo eixo está acoplado ao
gerador. Em seguida o vapor é resfriado retornando ao estado líquido e a
água é reaproveitada, para novamente ser vaporizada. Vários cuidados
precisam ser tomados tais como: os gases provenientes da queima do
combustível devem ser filtrados, evitando a poluição da atmosfera local;
a água aquecida precisa ser resfriada ao ser devolvida para os rios
porque várias espécies aquáticas não resistem a altas temperaturas. No
Brasil este é o segundo tipo de fonte de energia elétrica que está sendo
utilizado, e agora, com a crise que estamos vivendo, é a que mais tende
a se expandir.
Energia nuclear
Este tipo de energia é obtido a partir da fissão do núcleo do átomo de
urânio enriquecido, liberando uma grande quantidade de energia. Urânio
enriquecido - o que é isto? Sabemos que o átomo é constituído de um
núcleo onde estão situados dois tipos de partículas: os prótons que
possuem cargas positivas e os nêutrons que não possuem carga. Em torno
do núcleo, há uma região denominada eletrosfera, onde se encontram os
elétrons que têm cargas negativas. Átomos do mesmo elemento químico, que
possuem o mesmo número de prótons e diferentes número de nêutrons são
chamados isótopos. O urânio possui dois isótopos: 235U e 238U. O 235U
é o único capaz de sofrer fissão. Na natureza só é possível encontrar
0,7 % deste tipo de isótropo. Para ser usado como combustível em uma
usina, é necessário enriquecer o urânio natural. Um dos métodos é
“filtrar” o urânio através de membranas muito finas. O 235U é mais leve e atravessa a membrana primeiro do que o 238U.
Esta operação tem que ser repetida várias vezes e é um processo muito
caro e complexo. Poucos países possuem esta tecnologia para escala
industrial. O urânio é colocado em cilindros metálicos no núcleo do
reator que é constituído de um material moderador (geralmente grafite)
para diminuir a velocidade dos nêutrons emitidos pelo urânio em
desintegração, permitindo as reações em cadeia. O resfriamento do reator
do núcleo é realizado através de líquido ou gás que circula através de
tubos, pelo seu interior. Este calor retirado é transferido para uma
segunda tubulação onde circula água. Por aquecimento esta água se
transforma em vapor (a temperatura chega a 320oC) que vai
movimentar as pás das turbinas que movimentarão o gerador, produzindo
eletricidade (fig. 2). Depois este vapor é liquefeito e reconduzido para
a tubulação, onde é novamente aquecido e vaporizado. No Brasil, está
funcionado a Usina Nuclear Angra 2 sendo que a produção de energia
elétrica é em pequena quantidade que não dá para abastecer toda a cidade
do Rio de Janeiro. No âmbito governamental está em discussão a
construção da Usina Nuclear Angra 3 por causa do déficit de energia no
país. Os Estados Unidos da América lideram a produção de energia nuclear
e nos países França, Suécia, Finlândia e Bélgica 50 % da energia
elétrica consumida, provém de usinas nucleares.
Energia geotérmica
Energia geotérmica é a energia produzida de rochas derretidas no
subsolo (magma) que aquecem a água no subsolo. Na Islândia, que é um
país localizado muito ao Norte, próximo do Círculo Polar Ártico, com
vulcanismo intenso, onde a água quente e o vapor afloram à superfície
(gêiseres- fig. 3) ou se encontram em pequena profundidade, tem uma
grande quantidade de energia geotérmica aproveitável e a energia
elétrica é gerada a partir desta.As usinas elétricas aproveitam esta
energia para produzir água quente e vapor. O vapor aciona as turbinas
que geram quase 3 000 000 joules de energia elétrica por segundo e a
água quente percorre tubulações até chegar às casas. Nos Estados Unidos
da América há usinas deste tipo na Califórnia e em Nevada. Em El
Salvador, 30% da energia elétrica consumida provém da energia
geotérmica.
Energia eólica
Os moinhos de ventos são velhos conhecidos nossos, e usam a energia dos
ventos, isto é, eólica, não para gerar eletricidade, mas para realizar
trabalho, como bombear água e moer grãos. Na Pérsia, no século V, já
eram utilizados moinhos de vento para bombear água para irrigação. A
energia eólica é produzida pela transformação da energia cinética dos
ventos em energia elétrica. A conversão de energia é realizada através
de um aerogerador que consiste num gerador elétrico acoplado a um eixo
que gira através da incidência do vento nas pás da A turbina eólica
horizontal (a vertical não é mais usada), é formada essencialmente por
um conjunto de duas ou três pás, com perfis aerodinâmicos eficientes,
impulsionadas por forças predominantemente de sustentação, acionando
geradores que operam a velocidade variável, para garantir uma alta
eficiência de conversão turbina. A instalação de turbinas eólicas tem
interesse em locais em que a velocidade média anual dos ventos seja
superior a 3,6 m/s. Existem atualmente, mais de 20 000 turbinas eólicas
de grande porte em operação no mundo (principalmente no Estados Unidos).
Na Europa, espera-se gerar 10 % da energia elétrica a partir da eólica,
até o ano de 2030. O Brasil produz e exporta equipamentos para usinas
eólicas, mas elas ainda são pouco usadas. Aqui se destacam as Usinas do
Camelinho (1MW, em MG), de Mucuripe (1,2MW) e da Prainha (10MW) no
Ceará, e a de Fernando de Noronha em Pernambuco.
Energia das marés
A energia das marés é obtida de modo semelhante ao da energia
hidrelétrica. Constrói-se uma barragem, formando-se um reservatório
junto ao mar. Quando a maré é alta, a água enche o reservatório,
passando através da turbina e produzindo energia elétrica, e na maré
baixa o reservatório é esvaziado e água que sai do reservatório, passa
novamente através da turbina, em sentido contrário, produzindo energia
elétrica (fig. 5). Este tipo de fonte é também usado no Japão e
Inglaterra. No Brasil temos grande amplitude de marés, por exemplo, em
São Luís, na Baia de São Marcos (6,8m), mas a topografia do litoral
inviabiliza economicamente a construção de reservatórios.
Energia fotovoltaica
A energia fotovoltaica é fornecida de painéis contendo células
fotovoltaicas ou solares que sob a incidência do sol geram energia
elétrica. A energia gerada pelos painéis é armazenada em bancos de
bateria, para que seja usada em período de baixa radiação e durante a
noite A conversão direta de energia solar em energia elétrica é
realizada nas células solares através do efeito fotovoltaico, que
consiste na geração de uma diferença de potencial elétrico através da
radiação. O efeito fotovoltaico ocorre quando fótons (energia que o sol
carrega) incidem sobre átomos (no caso átomos de silício), provocando a
emissão de elétrons, gerando corrente elétrica. Este processo não
depende da quantidade de calor, pelo contrário, o rendimento da célula
solar cai quando sua temperatura aumenta. O uso de painéis fotovoltaicos
para conversão de energia solar em elétrica é viável para pequenas
instalações, em regiões remotas ou de difícil acesso. É muito utilizada
para a alimentação de dispositivos eletrônicos existentes em foguetes,
satélites e astronaves. O sistema de co-geração fotovoltaica também é
uma solução; uma fonte de energia fotovoltaica é conectada em paralelo
com uma fonte local de eletricidade. Este sistema de co-geração voltaica
está sendo implantado na Holanda em um complexo residencial de 5000
casas, sendo de 1 MW a capacidade de geração de energia fotovoltaica. Os
Estados Unidos, Japão e Alemanha têm indicativos em promover a
utilização de energia fotovoltaica em centros urbanos. Na Cidade
Universitária - USP - São Paulo, há um prédio que utiliza este tipo de
fonte de energia elétrica. No Brasil já é usado, em uma escala
significativa, o coletor solar que utiliza a energia solar para aquecer a
água e não para gerar energia elétrica.
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