A discussão sobre sustentabilidade nos negócios geralmente fica
restrita às grandes corporações, que por causarem maiores impactos com
os produtos e serviços oferecidos, também possuem maior responsabilidade
(e recursos) para investir na melhoria do seu desempenho
socioambiental.
Mas só porque as pequenas e médias empresas ainda não estão sendo
cobradas para ter uma atuação mais responsável, isso não significa que
elas não estejam ou não deveriam estar se preparando para um cenário de
grandes mudanças nos negócios, principalmente em relação à geração de
resíduos, efluentes e emissões atmosféricas decorrentes das suas
atividades e do ciclo de vida dos seus produtos e embalagens.
Pequenos gestos podem fazer a diferença. Um bom
exemplo de atitude responsável ganha-ganha é a prática adotada por
algumas lavanderias no reaproveitamento de cabides. Funciona da seguinte
maneira: o consumidor que devolve uma quantidade pré-estabelecida de
cabides leva um desconto financeiro em sua próxima fatura. Há, então,
ganho para o cliente, ganho para a empresa, que também economiza na
logística e compra de novos cabides, e, claro, ganho para a qualidade
ambiental com a reutilização dos materiais.
Um outro exemplo é o da farmácia de homeopatia que coleta, higieniza e
reaproveita os vidros usados para venda dos medicamentos em glóbulos.
Apesar de não acontecer um ganho direto para o cliente, há sim um ganho
implícito em colaborar para o consumo responsável, contribuindo para a
economia dos recursos naturais. E isso é ainda mais importante se
considerarmos a precariedade dos nossos atuais sistemas públicos de
coleta seletiva.
Recentemente, várias reportagens em jornais de grande circulação do
país informaram sobre a situação do sistema de coleta seletiva dos
resíduos sólidos nas grandes cidades. Em São Paulo, apenas 1,4% do total
do lixo é separado e coletado e estima-se que uma boa parte desses
resíduos acaba sendo descartada em aterros ao invés de ser encaminhada
para reciclagem por falta de estrutura do sistema de recebimento e
triagem de materiais. Situação calamitosa, que deveria estar no topo da
agenda dos governantes. Logo, empresários que investirem em soluções
criativas de reaproveitamento de materiais dentro do seu negócio podem
cativar seus clientes e ajudar a mudar esse quadro, mostrando que também
podem atuar de forma responsável.
*Letycia Janot e Maria Fernanda Franco são consultoras em sustentabilidade, sócias da Iter Consultoria e fundadoras da ONG Igtiba, que promove o consumo responsável tendo como principal projeto a iniciativa Água na Jarra.
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