Geologia, do grego γη- (ge-, "a terra") e λογος (logos, "palavra", "razão"), é a ciência que estuda a Terra, sua composição, estrutura, propriedades físicas, história e os processos que lhe dão forma. É uma das ciências da Terra.
A geologia foi essencial para determinar a idade da Terra, que se
calculou ter cerca de 4,6 bilhões de anos e a desenvolver a teoria
denominada tectônica de placas segundo a qual a litosfera terrestre, que é rígida e formada pela crosta e o manto superior dispõe-se fragmentada em várias placas tectônicas as quais se deslocam sobre a astenosfera que tem comportamento plástico. O geólogo ajuda a localizar e a gerir os recursos naturais, como o petróleo e o carvão, assim como metais como o ouro, ferro, cobre e urânio, por exemplo. Muitos outros materiais possuem interesse económico: as gemas, bem como muitos minerais com aplicação industrial, como asbesto, pedra pomes, perlita, mica, zeólitos, argilas, quartzo ou elementos como o enxofre e cloro.
A Astrogeologia é o termo usado para designar estudos similares de outros corpos do sistema celeste.
A palavra "geologia" foi usada pela primeira vez por Jean-André Deluc em 1778, sendo introduzida de forma definitiva por Horace-Bénédict de Saussure em 1779.
A geologia relaciona-se directamente com muitas outras ciências, em especial com a geografia, e astronomia. Por outro lado a geologia serve-se de ferramentas fornecidas pela química, física e matemática, entre outras, enquanto que a biologia e a antropologia servem-se da Geologia para dar suporte a muitos dos seus estudos.
No Brasil, a profissão da geologia é regulamentada pelo Confea - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e fiscalizada pelos Conselhos Regionais, instalados em todos os estados brasileiros.
História
Na China, Shen Kua (1031 - 1095) formulou uma hipótese de explicação da formação de novas terras, baseando-se na observação de conchas fósseis de um estrato
numa montanha localizada a centenas de quilómetros do oceano. O sábio
chinês defendia que a terra formava-se a partir da erosão das montanhas
e pela deposição de silte.
A obra, Peri lithon, de Teofrasto (372-287), estudante de Aristóteles permaneceu por milénios como obra de referência na ciência. A sua interpretação dos fósseis apenas foi revogada após a Revolução científica. A sua obra foi traduzida para latim, bem como para outras línguas europeias.
O médico Georg Agricola (1494-1555) escreveu o primeiro tratado sobre mineração e metalurgia, De re metallica libri XII 1556 no qual se podia encontrar um anexo sobre as criaturas que habitavam o interior da Terra (Buch von den Lebewesen unter Tage). A sua obra cobria temas como a energia eólica, hidrodinâmica, transporte e extracção de minerais, como o alumínio e enxofre.
Nicolaus Steno (1638-1686) foi o autor de vários princípios da geologia como o princípio da sobreposição das camadas, o princípio da horizontalidade original e o princípio da continuidade lateral, três princípios definidores da Estratigrafia.
James Hutton é visto frequentemente como o primeiro geólogo moderno. Em 1785 apresentou uma teoria intitulada Teoria da Terra (Theory of the Earth) à Sociedade Real de Edimburgo.
Na sua teoria, explicou que a Terra seria muito mais antiga do que
tinha sido suposto previamente, a fim de permitir "que houvesse tempo
para ocorrer erosão das montanhas de forma a que os sedimentos
originassem novas rochas no fundo do mar, que ulteriormente foram
levantadas e constituíram os continentes." Hutton publicou uma obra com
dois volumes acerca desta teorias em 1795.
Em 1811 George Cuvier e Alenxandre Brongniart publicaram a sua teoria sobre a idade da Terra, baseada na descoberta, por Cuvier, de ossos de elefante em Paris. Para suportar a sua teoria os autores formularam o princípio da sucessão estratigráfica.
Em 1830 Sir Charles Lyell publicou pela primeira vez a sua famosa obra Princípios da Geologia, publicando contínuas revisões até à sua morte em 1875. Lyell promoveu com sucesso durante a sua vida a doutrina do uniformitarismo, que defende que os processos geológicos são lentos e ainda ocorrem nos dias hoje. No sentido oposto, a teoria do catastrofismo
defendia que as estruturas da Terra formavam-se em eventos
catastróficos únicos, permanecendo inalteráveis após esses
acontecimentos.
Durante
o século XIX a geologia debateu-se com a questão da idade da Terra. As
estimativas variavam entre alguns milhões e os 100.000 mil milhões de
anos. No século XX o maior avanço da geologia foi o desenvolvimento da
teoria da tectónica de placas nos anos 60. A teoria da deriva dos continentes foi inicialmente proposta por Alfred Wegener e Arthur Holmes em 1912, mas não foi totalmente aceite até a teoria da tectónica de placas ser desenvolvida.
Campos da geologia e disciplinas relacionadas
Existem
muitos campos diferentes dentro da disciplina geologia, e seria
difícil listá-los a todos. De qualquer forma entre eles incluem-se:
- Cartografia geológica
- Geologia de engenharia
- Estratigrafia
- Geodesia
- Geofísica
- Geologia ambiental
- Geologia económica
- Geologia estrutural
- Geologia do petróleo
- Geologia médica
- Gemologia
- Geomorfologia
- Geoquímica
- Geotectónica
- Geotecnia
- Hidrogeologia
- Mineralogia
- Paleontologia
- Pedologia
- Petrologia
- Sedimentologia
- Sismologia
- Vulcanologia
Importantes princípios da geologia
A
geologia rege-se por princípios que permitem, por exemplo, ao observar
a disposição actual de formações estabelecer a sua idade relativa e a
forma como foram criadas.
Princípio da Sobreposição das Camadas
Segundo
este princípio, em qualquer sequência a camada mais jovem é aquela que
se encontra no topo da sequência. As camadas inferiores são
progressivamente mais antigas. Este princípio pode ser aplicado em depósitos sedimentares formados por acresção vertical, mas não naqueles em que a acresção é lateral (por exemplo em terraços fluviais). O princípio da sobreposição das camadas é válido para as rochas sedimentares e vulcânicas que se formam por acumulação vertical de material, mas não pode ser aplicado a rochas intrusivas e deve ser aplicado com cautela às rochas metamórficas.
Princípio da Horizontalidade Original
O
princípio da horizontalidade original afirma que a deposição de
sedimentos ocorre em leitos horizontais. A observação de sedimentos
marinhos e não marinhos numa grande variedade de ambientes suporta a
generalização do princípio.
Princípio das Relações de Corte
Este princípio, introduzido por James Hutton, afirma que uma rocha ígnea intrusiva ou falha
que corte uma sequência de rochas, é mais jovem que as rochas por ela
cortadas. Esse princípio permite a datação relativa de eventos em
rochas metamórficas, ígneas e sedimentares, sendo fundamental para o
trabalho em terrenos orogênicos jovens e antigos. Este princípio é válido para qualquer tipo de rocha cortada por umas das estruturas acima relacionadas.
Princípio dos Fragmentos Inclusos
Este
princípio de datação relativa diz que os fragmentos de rochas inclusas
em corpos ígneos (intrusivos ou não) são mais antigos que as rochas
ígneas nas quais estão inclusos. Este princípio, juntamente com o
princípio das relações de corte, é fundamental em áreas formadas por
grandes corpos intrusivos permitindo a datação relativa não só de rochas
estratificadas, mas também de rochas ígneas e metamórficas.
Princípio da Sucessão Faunística
O Princípio da Sucessão Faunística ou Princípio da Identidade Paleontológica, diz que os grupos de fósseis
(animal ou vegetal) ocorrem no registro geológico segundo uma ordem
determinada e invariável, de modo que, se esta ordem é conhecida, é
possível determinar a idade relativa entre camadas a partir de seu
conteúdo fossilífero. Esse princípio, inicialmente utilizado como um
instrumento prático, foi posteriormente explicado pela Teoria da
Evolução de Charles Darwin. Diversos períodos marcados por extinção de
grande parte da vida, evidenciados nas rochas devido a escassez do
conteúdo fossilífero, são conhecidos na história da Terra e levaram ao
desenvolvimento da Teoria do Catastrofismo.
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