A palavra Botânica vem do grego botané, que significa "planta", que deriva, por sua vez, do verbo boskein, "alimentar". É o estudo científico da vida das plantas e algas. Como um campo da biologia,
é também muitas vezes referenciado como a Ciência das Plantas ou
Biologia Vegetal. A Botânica abrange uma miríade de disciplinas
científicas que estudam crescimento, reprodução, metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução da vida das plantas.
Plantas são todos os organismos que possuem plastídeos dispersos no citoplasma, adquiridos em endossimbiose primária e amido como substância de reserva. Acessoriamente podem possuir clorofila A e B, mas algumas perderam a capacidade fotossintetizante (Cavallier-Smith 1998, 2004). Podem ser divididas em dois grandes grupos: algas, que não possuem tecidos verdadeiros tampouco embrião e Embriófitas,
seres vivos fotossintetizantes que possuem embriões multicelulares
envolvidos por material materno e estágio sexuado em alguma parte do
ciclo de vida.
As
plantas participam de nossas vidas de inumeráveis outras maneiras além
de fontes de alimento. Elas nos fornecem fibras para
vestuários;madeira para mobiliário, abrigo e combustível;papel para
livros;temperos para culinária;drogas para remédios; e o oxigênio
que respiramos. Somos totalmente dependentes das plantas. As plantas
também possuem um grande apelo sensorial, e nossas vidas são melhoradas
por jardins, parques e áreas selvagens disponíveis para nós. O estudo
das plantas garantiu melhor entendimento da natureza de toda a vida e
continuará a fazê-lo nos anos vindouros. E com a engenharia genética
e outras formas de tecnologia moderna, apenas começamos a entrar no
mais excitante período da história da botânica, no qual as plantas podem
ser transformadas, por exemplo, para resistir à doenças, matar pragas,
produzir vacinas, fabricar plásticos biodegradáveis, tolerar solos com
altas concentrações de sal, resistir ao congelamento e fornecer
maiores quantidades de vitaminas e minerais em produtos alimentícios,
como milho e arroz.
Distintas
dos demais seres vivos por seu ciclo de vida mais que pela
fotossíntese (algumas espécies são heterotróficas secundárias, sem
pigmentos verdes). As embriófitas, também chamadas de plantas
terrestres, são composta de dois grupos informais: avasculares e
vasculares, sendo o último subdividido em plantas sem e com sementes. As
plantas com sementes podem ainda formar ou não flores. Todas as
células das plantas possuem plastídeos que quando expostos à luz podem
converter-se em cloroplastos.
As algas são todas os seres fotossintetizantes que não possuem embrião. Estão divididas em quatro reinos: Bacteria (Cianofíceas), Protista (Euglenófitas e Dinoflagelados), Chromistas (Bacillariophyceae ou diatomáceas, Chrysophyta ou algas douradas e Phaeophyceae ou algas pardas) e Plantae.
O reino Chromista engloba todos os seres vivos que possuem plastídeos no lumem do retículo endoplasmático, adquirido por endossimbiose secundária e com clorofila A e C.
O reino Fungi
inclui os organismos celulares haplóides dicarióticas, que se
alimentam por absorção e com glicogênio como substância de reserva.
Está divido em Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota.
O reino Plantae é dividido em divisões (Usa-se o termo "divisão" ao invés do termo "filo" nos animais).
- Algas
- Marchantiophyta
- Anthocerophyta
- Bryophyta
- Lycophyta (sensu Smith et al 2006)
- Monilophyta (sensu Smith et al 2006)
- Cycadophyta
- Ginkgophyta
- Gnetophyta
- Coniferophyta, Gimnospermas
- Anthophyta, Plantas com flores
Destas,
as mais conhecidas entre as pessoas comuns são Bryophyta (musgos),
Pterophyta (samambaias), Coniferophyta (gimnospermas), que são plantas coníferas,
e Anthophyta (angiospermas), que são plantas com flores. Angiospermas
são divididas em dois grupos, Dicotiledôneas e Monocotiledôneas.
Dicotiledôneas têm dois cotilédones (folhas embrionárias), enquanto as monocotiledôneas têm apenas um cotilédone.
Os nomes "Pinophyta" e "Magnoliophyta"
são usados frequentemente para "Coniferophyta" e "Anthophyta". Do
mesmo modo, as monocotiledôneas e dicotiledôneas são chamadas
"Liliopsida" e "Magnoliopsida" respectivamente.
Foco e motivação da botânica
Como outras formas de vida na Biologia, a vida das plantas pode ser estudada em uma variedade de níveis, do molecular, genético e bioquímico através de organelas, células, tecidos e a biodiversidade de plantas inteiras. No topo desta escala, plantas podem ser estudadas em populações, comunidades e ecossistemas (como em ecologia). Em cada um destes níveis um botânico pode se dedicar à classificação (taxonomia), estrutura (anatomia) ou função (fisiologia) da vida vegetal.
Historicamente,
botânicos estudavam todos os organismos geralmente não considerados
como animais. Alguns destes organismos "semelhantes a plantas" incluem:
fungos (estudados em Micologia); bactérias e vírus (estudados em Microbiologia); e algas (estudadas em Ficologia).
A maior parte das algas, fungos e micróbios não são mais considerados
como membros do Reino Vegetal. Entretanto, atenção ainda é dada a estes
por botânicos; e bactérias, fungos, e algas são usualmente
mencionados, ainda que superficialmente, em cursos de botânica.
Então por que estudar plantas? Plantas são fundamentais para a vida na Terra. Elas geram oxigênio, alimento, fibras, combustíveis e remédios que permitem aos humanos e outras formas de vida existir. Enquanto realizam tudo isso, plantas ainda absorvem dióxido de carbono, um importante gás do efeito estufa, através da fotossíntese. Uma boa compreensão das plantas é crucial para o futuro de nossa sociedade, já que nos permite:
- Alimentar o mundo
- Entender processos fundamentais
- Utilizar remédios e materiais
- Entender mudanças ambientais
[editar] Alimentar o mundo
Virtualmente
todo alimento que consumimos provêm das plantas, tanto diretamente de
frutas, verduras e legumes, como indiretamente através do gado que
comemos, que por sua vez dependem de plantas para se alimentar. Em
outras palavras, plantas são a base de quase todas as teias
alimentares, ou o que os ecólogos
chamam de nível trófico. Compreender como as plantas produzem o
alimento que comemos é, portanto, importante para sermos capazes de
alimentar o mundo e fornecer segurança alimentar para as futuras
gerações, como exemplo através do cruzamento entre plantas. Nem todas as
plantas são benéficas aos humanos, e plantas daninhas são um problema
considerável para a agricultura, e a botânica fornece o conhecimento básico para compreender, minimizar e controlar seu impacto.
[editar] Entendendo processos fundamentais
Plantas são organismos convenientes nos quais os processos fundamentais (como divisão celular e síntese de proteínas, por exemplo) podem ser estudados, sem o dilema ético destes estudos em animais ou humanos. As leis de herança genética foram descobertas desta maneira por Gregor Mendel que estava estudando a maneira pela qual a forma das ervilhas era herdada. O que Mendel aprendeu estudando plantas teve um alcance muito além da botânica.
Mais recentemente, Barbara McMlintock
descobriu "genes saltitantes" ao estudar milho. Embora ela não fosse
uma botânica "clássica", seu trabalho demonstra a crescente relevância
do estudo de plantas para o entendimento de processos biológicos
fundamentais.
[editar] Utilizando remédios e materiais
Muitas drogas, medicinais ou não, vêm do Reino Vegetal. Aspirina, originalmente extraída da casca de salgueiros,
é um exemplo. Podem haver curas para uma variedade de doenças
fornecidas por vegetais esperando para serem descobertas. Estimulantes
populares como café, chocolate, tabaco e chá também têm origem em plantas. A maior parte das bebidas alcoólicas são obtidas da fermentação de plantas, como lúpulo e uvas.
Plantas também nos fornecem muitos materiais naturais: algodão, madeira, papel, linho, óleos vegetais, alguns tipos de cordas e borracha são apenas alguns exemplos. A produção de seda não seria possível sem o cultivo de amoreiras. Canas-de-açúcar e outras plantas têm sido recentemente utilizadas como biocombustíveis, importantes como alternativa aos combustíveis fósseis.
Este é apenas um punhado de exemplos de como a vida vegetal fornece, à humanidade, remédios e materiais importantes.
[editar] Entendendo mudanças ambientais
Plantas podem também auxiliar na compreensão de mudanças ambientais de muitas maneiras.
Compreender a destruição dos habitats e a extinção das espécies depende de um acurado e completo inventário de plantas providenciado pela sistemática e taxonomia.
Respostas das plantas à radiação ultravioleta pode nos ajudar a monitorar problemas, como o buraco na camada de ozônio.
Análise de pólen depositado pelas plantas milhares de anos atrás podem ajudar cientistas a reconstruir climas do passado e predizer os do futuro, uma parte essencial da pesquisa sobre mudanças climáticas.
Líquens, sensíveis às condições atmosféricas, têm sido extensivamente usados como indicadores de poluição.
Então,
de muitas maneiras, plantas podem agir um pouco como "canário de
mineiro", um antigo sistema de alarme, nos alertando de importantes
mudanças no meio ambiente.
Acrescentadas essas razões práticas e científicas, plantas são
extremamente valiosas como recreação a milhões de pessoas que apreciam
jardinagem, horticultura e culinária todos os dias. Botânicos também
argumentam que a botânica é um tópico fascinante e recompensador por si
só.
[editar] Historia da botânica
[editar] Botânica antiga
Entre os primeiros estudos botânicos, escritos por volta de 300 AC, estão dois grandes tratados de Teofrasto: "Sobre a História das Plantas" (Historia Plantarum)
e "Sobre as Causas das Plantas". Juntos, estes livros constituem-se na
contribuição mais importante à ciência botânica durante a antigüidade e
a Idade Média. O médico e escritor romano Dioscórides, fornece importantes evidências sobre o conhecimento das plantas entre gregos e romanos.
Em 1665, usando um microscópio primitivo, Robert Hooke descobriu células em cortiça; pouco tempo depois em tecidos vegetais vivos. O alemão Leonhart Fuchs, o suíço Conrad Gessner, e os autores britânicos Nicholas Culpeper e John Gerard, publicaram herbais (livros sobre ervas) com informações de usos das plantas.
[editar] Botânica moderna
Uma quantidade considerável de conhecimento é gerada, hoje em dia, pelo estudo de plantas "modelo", como Arabidopsis thaliana. Esta mostarda ruderal foi uma das primeiras plantas a ter seu genoma seqüenciado. Outras mais comercialmente importantes como arroz, trigo, milho e soja estão tendo seu genoma seqüenciado, embora algumas delas sejam mais desafiadoras por possuírem mais de uma cópia de seus cromossomos, uma condição conhecida como poliploidia. A alga verde unicelular Chlamydomonas reinhardtii é outro organismo modelo que tem sido extensivamente estudado e fornece importantes informações sobre a biologia celular.
[editar] Ver também
- Árvores
- Ervas
- Folhas
- Fruto
- Hortaliças
- Lista de botânicos
- Lista de Jardins Botânicos
- Lista de plantas do Brasil
- Botânica em Portugal
Botânicos e Naturalistas
[editar] Ligações externas
- Catálogo de Autoridades Taxonómicas de Plantas Vasculares. para download. [1]
[editar] Bibliografia
CAVALIER-SMITH T. 2004. Only six kingdoms of life. Proc Biol Sci. 271:1251-62
CAVALIER-SMITH, T. 1998. A revised six-kingdom system of life. Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society 73: 203-266
SMITH,
A.R., PRYER, M.K., SCHUETTPELZ, E., KORALL, P., SCHNEIDER, H.,
& WOLF, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55
(3):705–731.
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