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terça-feira, 17 de abril de 2012

Você acredita que pode fazer a diferença?


De que adianta separar o lixo reciclável se a sua cidade não tiver um programa de coleta seletiva? Por outro lado, se não houver o menor interesse da população em reciclar, valeria a pena que a cidade investisse em um programa de coleta?
Esse é um simples exemplo para refletirmos sobre quem são realmente os agentes responsáveis pelas mudanças necessárias em relação às questões ambientais. Seriam o governo e instituições os responsáveis por impulsionar iniciativas sustentáveis ou primeiramente são as pessoas que devem começar a fazer a diferença?
Sempre acreditei no poder que cada um de nós tem de influenciar os outros. No entanto, academicamente falando, já conheci muitos pesquisadores que me apontaram que somente isso não é o suficiente. Segundo eles, nada adianta os indivíduos mudarem se não houver mudanças significativas nas instituições, nas políticas e na lógica do nosso sistema, que é a lógica de acumulação de riqueza a todo custo. Devo confessar que essa visão bastante realística me deixou sem esperanças em relação ao poder de cada um de nós.
Por certo tempo convivi com o dilema: OU eu acreditava que as pessoas podem sim mudar o mundo OU eu acreditava que a natureza só teria uma chance quando uma mudança profunda de paradigma ocorresse, e nossas políticas e instituições refletissem isso – ou seja, o “topo” do sistema seria o responsável por iniciar ou barrar todo e qualquer processo de mudança.
Felizmente ou infelizmente, o mundo é muito mais complexo que isso.
Deixei de ter essa visão dicotômica quando li o artigo “The power of voluntary actions” (O poder das ações voluntárias). O artigo afirma que mudanças políticas e institucionais são tão importantes quanto mudanças individuais de comportamento.
No artigo, o pesquisador David Roberts argumenta que pequenas mudanças individuais são importantes não somente pelo impacto direto que elas têm, mas também porque quando um indivíduo decide tomar uma atitude sustentável (p.ex. reciclar) ele se torna mais propenso a adotar uma segunda atitude (p.ex economizar água), e assim por diante.
David também diz que numerosos estudos psicológicos mostram que pessoas que adotaram diversas pequenas ações pró-ambiente (p.ex usar lâmpadas mais econômicas em casa) são mais propensas a adotar mudanças significativas de comportamento ao longo do tempo (como reduzir o consumo de carne, ir de bicicleta ao trabalho etc.).
Novas políticas também são obviamente de extrema importância para consolidar mudanças de comportamentos. Essas políticas, porém, devem ser criadas e implementadas com cautela. Imagine se para resolver o problema do trânsito o governo te obrigasse a ir de ônibus ou bicicleta para o trabalho?
Nossa vontade de mudança precisa ser manifestada até o ponto que exista um interesse político em satisfazê-la. Isso exige bastante organização da nossa parte e nem sempre tem resultados garantidos, mas talvez seja a única forma de realmente sermos agentes de mudança. Como diria Lao-Tsé, “uma longa viagem começa com um único passo”.  Acredite no poder das suas pequenas ações e comece a fazer a diferença.

*Carolina Nalon é bióloga formada na Esalq-USP e life coach da Sociedade Brasileira de Coaching. Mora em Taubaté (SP) e atende profissionais das áreas ambiental/social. Ela também escreve em seu próprio blog.

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