A geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fenômenos significativos na paisagem. Também estuda a relação recíproca entre o homem e o meio ambiente (Geografia Humana).
Para alguns a Geografia também pode ser uma prática humana de conhecer
onde se vive para compreender e planejar o espaço onde se vive. Um dos
temas centrais da geografia é a relação homem-natureza. A natureza é entendida aqui como as forças que geraram ou contribuem para moldar o espaço geográfico,
isto é, a dinâmica e interações que existem entre a atmosfera,
litosfera, hidrosfera e biosfera. O homem é entendido como um organismo
capaz de modificar consideravelmente as forças da natureza através da tecnologia.
O profissional que estuda a geografia é chamado de geógrafo.
Visão geral
A geografia é uma Ciência que estuda a relação entre a Terra e seus habitantes. Os geógrafos querem saber onde vivem os homens, as plantas e os animais, onde se localizam os rios, os lagos, as montanhas, as cidades. Estudam porque esses elementos se encontram ,onde estão, e como eles se inter-relacionam. A palavra geografia vem do grego geographía (γεογραπηία), que significa descrição da Terra.
A geografia depende muito de outras áreas do conhecimento para obter informações básicas, especialmente em alguns ramos especializados. Utiliza os dados da química, da geologia, da matemática, da física, da astronomia, da antropologia e da biologia, e os relaciona com o estudo dos povos e de seu meio-ambiente.
Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagens, leituras e estudo de estatísticas. Os mapas são seu instrumento e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas, os geógrafos os atualizam graças às suas pesquisas especializadas, aumentando assim o nosso conhecimento geográfico.
Como o conhecimento da geografia é útil às pessoas em sua vida cotidiana, o aprendizado da geografia se inicia no jardim de infância ou no ensino fundamental e estende-se até a universidade. O objetivo básico do estudo da geografia é o desenvolvimento do sentido de direção, da capacidade de ler mapas, da compreensão das relações espaciais e do conhecimento do tempo, do clima e dos recursos naturais.
O homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos pré-históricos tinham de encontrar cavernas para morar e reservas regulares de água. Tinham também de morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Sabiam localizar os rastros dos animais e as trilhas dos inimigos. Usavam carvão ou argila colorida para desenhar mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais.
Com o tempo, o homem aprendeu a lavrar a terra e domesticar os animais. Essas atividades o forçaram a prestar mais atenção ao clima e à localização dos pastos. Mas a extensão de seu conhecimento certamente não ia além da distância que podia percorrer e um dia.
Hoje em dia não podemos nos satisfazer com um conhecimento geográfico limitado à área que circunda nossas casas. Hoje, nem mesmo basta às pessoas conhecer as terras e os mares próximos, como acontecia na época do Império Romano. Para satisfazer nossas necessidades, precisamos saber um pouco da geografia da Terra inteira.
Ontologia
Há muitas interpretações do que seria o objeto geográfico. Ratzel afirma que a Geografia estuda as relações recíprocas entre sociedade e meio, entre a vida e o palco de seus acontecimentos. Filósofos que buscaram criar uma ontologia marxista como Georg Lukács, influenciaram a construção de um modelo de análise do objecto da Geografia. Milton Santos se debruçou sobre a construção de um modelo ontológico, explicitado na análise dialética do movimento da totalidade para o lugar.
Uma afirmação comum é de que Há tantas geografias quanto forem os geógrafos.
Apesar de as múltiplas possibilidades de orientações teórico
metodológicas caminharem em direções diferentes, deve-se respeitar a
caracterização da Ciência Geográfica e as formulações acerca de seu
objecto.
Cabe ainda afirmar que a distinção entre Geografia Humana e Geografia Física
se refere aos ramos da Ciência Geográfica, pois as Geograficidades não
apresentam essa fragmentação, decorrente exclusivamente da construção
do conhecimento sobre a realidade.
De
qualquer forma a ciência deve dar conta de questionar a relação
dialética do homem com a natureza, é impossível analisar o "meio
natural" sem entender a relação que tem com o homem e da mesma forma é
impossível analisar o "meio social" sem compreender as determinações que
vem da relação que tem com a natureza. Há ainda discussões entre a
Geografia técnica e a Geografia escolar, porem ambas as parte do
conhecimento cientifico apurado através do questionamento da razão, ou
seja, "advém" da filosofia grega.
Princípios básicos
O estudo da geografia compreende quatro linhas de investigação principais: São elas:
- a localização de acidentes geográficos, localidades e povos;
- a descrição das diversas partes do mundo e o estudo das diferenças existentes entre elas;
- a explicação da origem dos diferentes acidentes geográficos do globo terrestre;
- o estabelecimentos de relações espaciais entre os acidentes e regiões.
Localização
Uma
das principais tarefas da geografia é dizer onde se situam as
diferentes localidades do mundo e interpretar as vantagens e as
desvantagens da localização. Assim que o homem começou a se afastar dos
limites da sua casa, precisou medir as distâncias e registrar essas
medidas. Começou a desenhar mapas grosseiros para mostrar as distâncias e
as direções. No século XV, quando começou a grande era das
explorações, mais que nunca foram necessários cartógrafos (desenhistas
de mapa) para registrar as descobertas dos novos continentes e oceanos.
Os mapas não apenas mostram onde se localiza um lugar, mas também fornecem sua posição com relação a outros lugares. Veja mapa.
Descrição dos lugares
Nem
todas as pessoas se satisfazem em conhecer apenas a localização de um
ponto da Terra, como Paris, São Paulo, a África ou o Ártico. Querem
saber que tipo de ambiente a natureza oferece na região, e o que as
pessoas já fizeram aí. Querem saber como os habitantes utilizaram a
terra, que tipo de casas construíram, como e onde construíram estradas,
como são afinal eles próprios. Querem saber em que aspectos a região se
assemelha e difere de outros lugares, e o que significam essas
semelhanças e diferenças. Em outros tempos, os viajantes relatavam essas
informações de viva voz. Hoje, as pessoas complementam esses
relatórios com dados escritos, fotos tiradas do solo ou das alturas, e
com mapas preparados com equipamentos de precisão extremamente
precisos.
Mudanças na face da Terra
Quase
todo mundo já viu exemplos de mudança na superfície da Terra. Algumas
mudanças são feitas pelo homem, como por exemplo, a eliminação de uma
favela ou a alteração do curso de um rio. Essas mudanças são em geral
muito mais rápidas que as provocadas na natureza, como por exemplo a
formação de uma grande garganta pela ação da erosão, que dura milhões
de anos.
Muitas
perguntas ocorrem aos geógrafos quando examinam as mudanças sofridas
pela Terra. Querem saber como os acidentes geográficos surgiram no
lugar onde estão hoje. Querem saber como o homem modificou a superfície
da Terra enquanto nela viveu. Querem descobrir a face da Terra no
passado, e por que as cidades se desenvolveram onde estão hoje. Os
geógrafos também pretendem descobrir por que certas áreas do mundo são
mais densamente povoadas que outras.
Relações espaciais
As
relações espaciais interessam tanto aos geógrafos quanto aos
astrônomos. Os astrônomos estudam principalmente as relações entre os
planetas, as estrelas e outros corpos celestes. Os geógrafos limitam seu
estudo às relações espaciais entre os pontos da Terra. Por exemplo,
estudam como crescimento de uma cidade dependeu de um rio, e como a água
do rio foi afetada pela cidade. Os geógrafos encaram os seres humanos
em suas relações espaciais, assim como os historiadores vêem a vida
humana em suas relações temporais.
Os
geógrafos sempre procuraram saber como os seres humanos se relacionam
com o globo terrestre. As condições naturais podem limitar as
possibilidades de um homem, como no deserto, ou oferecer ótimas
possibilidades de vida, como num vale fértil. As variações de tempo, as
erupções vulcânicas e outras mudanças na natureza podem afetar
atividades diárias das pessoas. Além disso, as próprias pessoas são
fator importante das mudanças geográficas. Elas queimam florestas,
escavam ou represam os leitos dos rios e provocam a erosão do solo. Os
esforços para compensar os danos resultantes dessas alterações são parte
importante dos movimentos de conservação da natureza.
Os
geógrafos também estudam as ligações entre vários elementos. Por
exemplo, podem investigar de que maneira as populações do Nordeste
brasileiro dependem das chuvas, ou qual a relação entre o clima e o solo
na África tropical.
História do pensamento geográfico
A
história do pensamento geográfico se inicia com os gregos, os quais
foram a primeira cultura conhecida a explorar activamente a Geografia
como ciência e filosofia, sendos os maiores contribuintes Tales de
Mileto, Heródoto, Eratóstenes, Hiparco, Aristóteles, Estrabão e
Ptolomeu. A cartografia feita pelos romanos, à medida que exploravam
novas terras, incluía novas técnicas. O périplo era uma delas, uma
descrição dos portos e escalas que um marinheiro experimentado poderia
encontrar ao longo da costa; dois exemplos que sobreviveram até hoje são
o périplo do cartaginês Hanão o Navegador e um périplo do mar eritreu,
que descreve as costas do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico.
Durante
a Idade Média, Árabes como Edrisi, Ibn Battuta e Ibn Khaldun
aprofundaram e mantiveram os antigos conhecimentos gregos. As viagens de
Marco Polo espalharam pela Europa o interesse pela Geografia. Durante a
Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de
exploração reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de
informação mais detalhada. A Geographia Generalis de Bernardo Varenius e
o mapa-mundo de Gerardo Mercator são exemplos importantes.
Durante
o século XVIII, a Geografia foi sendo discretamente reconhecida como
disciplina e tornou-se parte dos currículos universitários. Ao longo
dos últimos dois séculos a quantidade de conhecimento e o número de
instrumentos aumentou enormemente. Há fortes laços entre a Geografia, a
Geologia e a Botânica.
No
Ocidente, durante os séculos XIX e século XX, a disciplina geográfica
passou por quatro fases importantes: determinismo geográfico, geografia
regional, revolução quantitativa e geografia radical.
O
determinismo geográfico defendia que as características dos povos se
devem à influência do meio natural. Deterministas proeminentes foram
Carl Ritter, Ellen Churchill Semple e Ellsworth Huntington. Hipóteses
populares como "o calor torna os habitantes dos trópicos preguiçosos" e
"mudanças freqüentes na pressão barométrica tornam os habitantes das
latitudes médias mais inteligentes" eram assim defendidas e
fundamentadas. Os geógrafos deterministas tentaram estudar
cientificamente a importância de tais influências. Nos anos 1930, esta
escola de pensamento foi largamente repudiada por lhe faltarem bases
sustentáveis e por ser propensa (frequentemente intolerante) a
generalizações.
O
determinismo geográfico constitui um embaraço para muitos geógrafos
contemporâneos e leva ao ceticismo sobre aqueles que defendem a
influência do meio na cultura (como as teorias de Jared Diamond).
Porém
o determinismo foi uma teoria reducionista do pensamento do alemão
Friedrich Ratzel, que dizia que o meio influencia, mas não que
determinava o homem. E muito provavelmente esta teoria tenha sido criada
por políticos e militares de uma classe hegemônica-dominante-européia
para justificar a exploração em suas colônias. Tanto que para os
geógrafos mais esclarecidos, o possibilismo de Vidal de La Blache
(teoria que vem a dizer que o homem tem a possibilidade de intervir no
meio), seria na verdade uma complementação, uma continuação da teoria de
Ratzel e não uma oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma
simplista.
A
Geografia Regional representou a reafirmação de que os aspectos
próprios da Geografia eram o espaço e os lugares. Os geógrafos regionais
dedicaram-se à recolha de informação descritiva sobre lugares, bem
como aos métodos mais adequados para dividir a Terra em regiões. As
bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard
Hartshorne. Vale à pena lembrar que enquanto Vidal vê a região como uma
determinada paisagem, onde os gêneros de vida determinam a condição e a
homogeneidade de uma região, Hartshorne não utilizava o termo região:
para ele os espaços eram divididos em classes de área, nas quais os
elementos mais homogêneos determinariam cada classe, e assim as
descontinuidades destes trariam as divisões das áreas. E este ficou
conhecido como método regional.
A
revolução quantitativa foi a tentativa de a Geografia se redefinir
como ciência, no renascer do interesse pela ciência que se seguiu ao
lançamento do Sputnik. Os revolucionários quantitativos, frequentemente
referidos como "cadetes espaciais", declaravam que o propósito da
Geografia era o de testar as leis gerais do arranjo espacial dos
fenômenos. Adotaram a filosofia do positivismo das ciências naturais e
viraram-se para a Matemática - especialmente a estatística - como um
modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o trabalho de
campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica.
Neste
caso, é bom lembrar que a geografia em seu início com Humboldt,
Ratzel, Ritter, La Blache, Hartshorne e outros já se utilizava de
métodos positivistas, e a mudança de paradigma que ocorreu com a
matematização do espaço foi a da inclusão da informática para a
quantificação dos dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos
1950 no Brasil.
Apesar
de as perpectivas positivista e pós-positivista permanecerem
importantes em Geografia, a Geografia Radical surgiu como uma crítica ao
positivismo. O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a
Geografia Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia,
os geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan) debruçaram-se sobre o
sentimento de, e da relação com, lugares. Mais influente foi a
Geografia Marxista, que aplicou as teorias sociais de Karl Marx e dos
seus seguidores aos fenómenos geográficos. David Harvey e Richard Peet
são bem conhecidos geógrafos marxistas. A Geografia feminista é, como o
nome sugere, o uso de ideias do feminismo em contexto geográfico. A
mais recente estirpe da Geografia Radical é a geografia pós-modernista,
que emprega as ideias do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas
para explorar a construção social de relações espaciais.
Quanto
ao conhecimento geográfico no Brasil, não se pode deixar de observar a
grande importância e influência do Geógrafo mais reconhecido do país
seguido de Aziz Ab'Saber e seu pioneirismo, não por profissão, mas por
méritos, Milton Santos. Com várias publicações, Milton Santos,
tornou-se o pai da Geografia Crítica que faz análises e fenomenológicas
dos fatos e incidências de casos. Isso é importante, visto que a
Geografia é uma ciência global e abrangente, e somente o olhar
geográfico aguçado consegue identificar determinados processos, sejam
naturais ou sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes
estudos do professor Jurandyr Ross, que se dedicou a mapear, de forma
bastante detalhada, o relevo brasileiro além das inúmeras publicações do
professor doutor José William Vesentini que se tornaram referência no
estudo da Geografia no Brasil.
Não
podendo esquecer de geógrafos como Armen Mamigonian, Manuel Correia de
Andrade, Roberto Lobato Corrêa, Ruy Moreira, Armando Correa da Silva,
Antonio Cristofoletti, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, entre outros de
outras épocas, não tão conhecidos como os que fizeram suas carreiras na
Universidade de São Paulo.
Epistemologia
A Geografia como ciência surge sob forte influência do Positivismo Lógico. E essa condição se expressa em grande parte nos estudos de geografia até hoje. Entretanto, a Ciência evoluiu e transformou as suas orientações teórico-metodológicas.
Sobre
a sua epistemologia, é proverbial ressaltar um problema não só da
geografia, como também de todas as ciências ambientais: Os recursos
metodológicos utilizados na verificação dos postulados ou estudos
geográficos são oriundos aos primeiros passos do naturalismo (Humboldt e Ritter).
É fácil concluir que em detrimento de diversas mudanças na temática ambiental, as ciências ambientais
não poderiam utilizar recursos verificatórios de um lapso cronológico
em que a vertente ambiental não provia atenção alguma da mídia e menos
ainda dos poderes políticos, que enxergavam apenas o fortalecimento de
suas economias em função de uma interminável exploração e esgotamento
dos recursos naturais. Então, é extremamente necessário pensar em uma
nova epistemologia, não só para geografia, mas para as demais ciências
auto-denominadas "ambientais".
Com o surgimento da discussão a respeito de um estatuto próprio para as Ciências Humanas, a Geografia sente a necessidade de revisar sua epistemologia. Os críticos do positivismo, sob influência do Historicismo de Hegel e Dilthey, afirmavam ser impossível manter a objetividade e a neutralidade do conhecimento científico. Um exemplo claro é a idéia de Incomensurabilidade do Conhecimento, de Thomas Kuhn, na qual afirma a impossibilidade de separar os conceitos e juízos de valor do conhecimento dito neutro.
Ainda no contexto do embate historicismo x positivismo surgem dois grandes nomes da Geografia: Friedrich Ratzel e Vidal de La Blache. O primeiro, influenciado por Ritter e Haeckel, notabilizou-se pelos estudos de Geografia Política
e de alguma forma ajudou a consolidar a Geografia de Estado. Já o
outro, empirista, trabalhou principalmente sobre o conceito de Gênero de
Vida e afastou a Geografia das relações com a sociologia, então representada pela morfologia social de Émile Durkheim. Essa condição é exemplificada na famosa definição: Geografia é a ciência dos lugares e não dos Homens.
La Blache e Ratzel representavam respectivamente as escolas Francesa e
Alemã em uma época em que as universidades se fecharam em seus
próprios países criando escolas nacionais. Lucien Febvre, historiador francês, em seu livro A Terra e Evolução do Homem, criou uma imagem reducionista deste conflito teórico-ideológico, através da criação dos conceitos de escolas geográficas: Determinismo e Possibilismo.
Essa consideração reducionista contribuiu para criar imagens errôneas
sobre os dois autores, e por muito tempo Ratzel foi entendido como
simples determinista geográfico e La Blache como um simples possibilista geográfico.
Hoje essa concepção foi superada e o recorte abstrato de Febvre foi
relativizado, na medida em que nenhum dos dois Geógrafos enquadrava-se
completamente nas escolas a eles atribuídas.
Durante a renovação pragmática nos EUA,
surgiu uma corrente chamada Geografia Teorética, na qual os métodos
quantitativos geográficos agem com métodos numéricos peculiares para (ou
pelo menos é muito comum) a geografia. Por consequência à análise do espaço,
provavelmente encontrará temas como a análise de rácios, análise
discriminatória, e não – paramétrica e testes estatísticos nos estudos
geográficos. Um expoente dessa corrente no Brasil foi Antonio Christofoletti, co-fundador da Revista de Geografia Teorética.
Sob a influência da Fenomenologia de Husserl e Merleau-Ponty
foram desenvolvidos estudos de Geografia da Percepção, que valorizam a
construção subjetiva da noção de espaço perceptivo. Inter-relações com
a psicologia de massas e psicanálise, entre outras áreas, garantiram
uma multidisciplinalidade desses estudos na (re)construção de conceitos
como horizonte geográfico, (percepção do) lugar, sociabilidade e
percepção do espaço, espaço esquizóide, entre outros. Alguns textos de Armando Corrêa da Silva fazem referência à Geografia da Percepção.
No final da década de 70 iniciou-se um movimento de renovação crítica da Geografia humana, marcado no Brasil pelo encontro nacional de Geógrafos em 1978 no Ceará.
Esse movimento acompanhou a inserção do marxismo como base teórica do
discurso geográfico humano e assimilou um arcabouço conceitual do
marxismo na construção de teorias sobre a (re)produção do espaço e a
formações sócio-espaciais.
No Brasil, um representante dessa corrente foi Milton Santos.
O geógrafo Armando Corrêa da Silva escreveu alguns artigos sobre as
possíveis limitações que uma adesão cega a essa corrente pode causar.
Na Itália, Massimo Quaini foi o principal autor a escrever sobre a relação entre a corrente marxista e a Ciência Geográfica.
O
principal veículo de divulgação da Renovação Crítica da Geografia
humana foi a Revista Antipode, criada em agosto de 1968 nos Estados
Unidos, sob a direção editorial de Richard Peet, então professor na
University of British Columbia. O primeiro artigo da Revista justificava
seu subtítulo – A Radical Jornal Of Geography – escrito por David
Stea, "Positions, Purposes, Pragmatics: A Journal Of Radical
Geography", introduzia no mundo acadêmico uma publicação que viria a
ter muita importância para discussões no âmbito da ciência geográfica.
Antipode já contou a com a participação de Geógrafos como Milton Santos e David Harvey, que até hoje é um dos colaboradores, além de um grupo de cientistas do mundo todo: EUA, Canadá, Japão, Índia, Inglaterra, Espanha, África do Sul, Holanda, Suíça, Quênia,
coordenados sob a editoração de Noel Castree da Universidade de
Manchester (Inglaterra) e Melissa Wright da Universidade da Pensilvânia
(EUA).
Geógrafo e Professor de Geografia
No
Brasil, o Geógrafo é o profissional que fez o Bacharelado em
Geografia, legalmente habilitado através da Lei 6664/79, no qual
remete-se ao registro no CREA- Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura- de seu estado.
A
diferenciação profissional entre um Geógrafo e um Professor de
Geografia é que o Geógrafo possui habilitação para emissão de pareceres
técnicos, desde que regularmente associado ao CREA,
assim como para a elaboração de EIA/RIMA, podendo também prestar
concursos públicos para quadros estatais que precisem de bacharelados.
Já
o professor de Geografia é o profissional que tem titulação de
Licenciado em Geografia, podendo exercer legalmente apenas as funções de
docência, do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental (antigas 5ª a 8ª
série), e todo o Ensino Médio de uma mesma escola.
Para lecionar no Ensino Superior, tanto o licenciado quanto o bacharel, o requisito é um curso de mestrado,
não necessariamente na Geografia, mas também nas áreas afins. A
obrigatoriedade fica por conta de cada edital de concurso ou da política
interna das universidades.
Historicamente, o geógrafo vem perdendo colocação no mercado de trabalho para o Engenheiro Ambiental e geólogo,
devido à visão segmentada do conhecimento que o mercado exigiu nos
últimos anos, pois o geógrafo não se compatibiliza com análises
segmentadas e sim é capacitado para lidar com a visão de totalidade que
envolve as análises das dinâmicas sócio-espaciais, seu principal objeto
de estudo.
Apesar
de nos últimos anos o próprio modo capitalista de produção ter
contribuído para a segmentação do conhecimento, há uma tendência no
mercado de trabalho onde é importante ter a capacitação de analisar a
totalidade dos fenômenos de maneira interdisciplinar. Dessa forma o
Geógrafo acaba sendo um importante profissional cada vez mais designado
para coordenar equipes multidisciplinares devido a sua formação
abrangente.
Contudo,
os Geógrafos vem nesta última década, ganhando considerável espaço no
mercado de trabalho no Brasil e no mundo, em função principalmente de
novas tecnologias, que estão sendo aliadas para a conversão e produção
de trabalhos em meio digital.
Frente
ao Mercado de trabalho Atual no Brasil, alguns profissionais
compartilham informações em comum, são estes os : Geógrafos, Engenheiros
Agrimensores, Engenheiros Cartógrafos, principalmente.
No dia 29 de maio comemora-se o dia do geógrafo.
Ramos da geografia
Geografia física
A geografia física (ou fisiografia) se foca na geografia dentro das Ciências da Terra. Tem como objetivo entender a litosfera, hidrosfera, atmosfera, pedosfera, e os padrões da fauna e flora global (biosfera). A Geografia física pode ser dividida nas seguintes categorias :
Geografia humana
A geografia humana
(ou sociografia) é o ramo da geografia que estuda os padrões e
processos que formam a interação humana com os vários ambientes. Ela
envolve os aspectos humanos, políticos, culturais, sociais e econômicos. Apesar do foco principal da geografia humana não ser a paisagem física da Terra (ver geografia física),
dificilmente é possível discutir a geografia humana sem se referir à
paisagem física onde as atividades humanas acontecem, e assim a geografia ambiental
emerge como um link entre estes dois ramos da geografia. A geografia
humana pode ser dividida em muitas categorias, como por exemplo :
Geografia cultural Geografia econômica Geog. histórica & temporal Geog. populacional ou Demografia Geografia social Geografia turística Geografia rural
Com o passar do tempo várias maneiras de se ver o estudo da geografia humana têm aparecido, como :
Geografia ambiental
A
geografia ambiental é um ramo da geografia que descreve os aspectos
espaciais da interação entre humanos e o mundo natural. Isso requer o
entendimento dos aspectos tradicionais da geografia física e humana, assim como os modos que as sociedades conceitualizam o ambiente.
A
geografia ambiental emergiu como um ponto de ligação entre a geografia
física e humana como resultado do aumento da especialização destes
dois campos de estudo. Além disso, como a relação do homem com o
ambiente tem mudado em consequência da globalização e mudança tecnológica
uma nova aproximação é necessária para entender esta relação dinâmica e
mutável. Exemplos de áreas de pesquisa em geografia ambiental incluem administração de emergência, gestão ambiental, sustentabilidade, e ecologia política.
Geomática
Geomática é o ramo da geografia que surgiu desde a revolução quantitativa da geografia na metade da década de 1950.
A geomática envolve o uso de técnicas espaciais tradicionais usadas em
cartografia e topografia e suas aplicações nos computadores. Este ramo
se tornou mais utilizado com muitas outras disciplinas usando técnicas
como SIG e Sensoriamento remoto. A geomática também levou a uma
revitalização de alguns departamentos de geografia, especialmente na América do Norte onde o assunto estava em declínio durante a década de 1950.
Geomática incorpora uma vasta área de estudos envolvidos com a análise espacial, como a Cartografia, Sistema de informação geográfica (SIG), Sensoriamento remoto, e Sistema de Posicionamento Global (GPS), Geografia Astronômica, Topografia e Orografia.
Geografia regional
A geografia regional é o ramo da geografia que estuda as regiões da Terra
de todos os tamanhos. Ela tem um caráter principalmente descritivo. O
principal objetivo é entender ou definir as particularidades de uma
determinada região que consiste de elementos naturais e humanos. Também é
dada atenção para a regionalização, que cobre as técnicas apropriadas para delimitar o espaço em regiões.
Campos relacionados
- Planejamento urbano, planejamento regional e planejamento espacial: uso da ciência geografia para ajudar a determinar como desenvolver (ou não desenvolver) uma área para cumprir um critério particular, como segurança, beleza, oportunidades econômicas, a preservação de construções ou paisagem natural, etc. O planejamento de cidades, e áreas rurais pode ser vista como uma aplicação da geografia.
- Ciência regional: Na década de 1950 o movimento da ciência regional liderado por Walter Isard surgiu para providenciar uma base mais quantitativa e analítica para questões geográficas, em contraste com a tendência descritiva dos programas de geografia tradicional. A ciência regional compreende o corpo de conhecimento no qual a dimensão espacial possui um papel fundamental, como a economia regional, administração de recursos, teoria da localização, planejamento urbano e rural, transporte e comunicação, geografia humana, distribuição da população, ecologia de paisagem, e qualidade ambiental.
- Ciência planetária: Enquanto a disciplina de geografia é normalmente relacionada com a Terra, o termo pode também ser usado informalmente para descrever o estudo de outros planetas, como os planetas do Sistema Solar e mesmo além. O estudo dos sistemas maiores que a terra é normalmente parte da Astronomia ou Cosmologia. O estudo de outros planetas é chamado de ciência planetária. Termos alternativos como Areologia (estudo de Marte) tem sido propostos, mas não têm sido largamente usados.
Técnicas geográfica
A
geografia, em seus estudos para a compreensão do mundo, utiliza-se de
alguns instrumentos essenciais para algumas de suas áreas. Produções
como os mapas
são a base para muitas das análises e observações realizadas pelos
diversos campos, e a evolução das técnicas instrumentais acaba
influenciando muito a evolução da própria geografia. Assim foi com o
surgimento das imagens de sensoriamento remoto e os Sistemas de
Informações Geográficas. Cada técnica instrumental acaba então fundando
uma área da ciência para si própria.
Cartografia
A cartografia é um ramo da geografia que estuda a representação da superfície da Terra
com símbolos abstratos (mapeamento). Apesar de outros campos da
geografia dependerem de mapas para a apresentação de suas análises, a
fabricação dos mapas é abstrata o suficiente para ser considerada
separadamente. A cartografia cresceu de uma coleção de técnicas de
representação até se tornar uma verdadeira ciência. A cartografia clássica acabou se juntando a uma abordagem mais moderna da análise geográfica, apoiada pelos Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
Cartógrafos precisam aprender psicologia cognitiva e ergonômica para entender como os símbolos conduzem a informações sobre a Terra mais eficazes, e psicologia comportamental para induzir os leitores de seus mapas a atuar de acordo com as informações. Precisam aprender corretamente geodésia e matemática razoavelmente avançada para entender como a forma da Terra distorce mapas, pois estes são projetados em uma superfície plana para a visualização. Através da produção de mapas e cartas a Cartografia
manifesta-se como uma linguagem essencial para a produção de imagens
geográficas através de conceitos espaciais como a Localização,
Densidade, Distribuição, Escala, Distância. Pode ser dito, sem muitas
controvérsias, que a cartografia é a semente da qual a geografia nasceu.
Muitos geógrafos citam uma “fantasia de infância” com mapas como um
primeiro sinal de que acabariam em suas áreas.
Sistema de Informações Geográficas
Sistemas
de Informações Geográficas (SIG) tratam do armazenamento de
informações sobre a Terra para visualização e processamento através de
um computador, de forma precisamente apropriada à informação que se
deseja fornecer. Além de todas as outras subdisciplinas da geografia,
especialistas em SIG precisam entender técnicas de computação e sistemas de banco de dados.
O SIG revolucionou o campo da cartografia, e praticamente toda a
fabricação de mapas de hoje em dia é feita com a ajuda de alguma forma
de software SIG. SIG também se refere à ciência do uso de tais softwares
e suas técnicas de representação, análise e previsão das relações
espaciais.
Sensoriamento remoto
Sensoriamento
remoto é a ciência da obtenção de informações sobre as características
da Terra através de medições feitas à distância. Dados sensoriados
remotamente vêm de várias maneiras como por imagens de satélite, fotografias aéreas
e dados obtidos por sensores manuais. Geógrafos utilizam cada vez mais
dados obtidos por sensoriamento remoto para conseguir informações
sobre a superfície
terrestre, o oceano e a atmosfera, pois esta técnica: a) fornece
informações objetivas em várias escalas espaciais (de local a global),
b) fornece uma visão sinóptica da área de interesse, c) permite o acesso
a locais distantes e/ou inacessíveis, d) fornece informações
espectrais fora da porção visível do espectro eletromagnético,
e e) facilita o estudo de como as características e as áreas mudam
através do tempo. Dados de sensoriamento remoto podem ser analisados
tanto independentes como juntos de outras camadas digitais de dados
(como por exemplo nos SIG).
Métodos geográficos quantitativos
A Geoestatística trata de análise quantitativa,
especificamente a aplicação da metodologia estatística à exploração de
fenômenos geográficos. Geoestatística é utilizada extensivamente em
uma variedade de campos incluindo: hidrologia, geologia, exploração de petróleo, análises climáticas, planejamento urbano, logística e epidemiologia. A base matemática para a geoestatística deriva da análise de clusteres, análise linear discriminante e testes estatísticos não-paramétricos. Aplicações da geoestatística dependem muito dos Sistemas de Informações Geográficas, particularmente da interpolação (estimativa) de pontos não-medidos. Geógrafos têm feito contribuições notáveis ao método das técnicas quantitativas.
Métodos geográficos qualitativos
Métodos geográficos qualitativos, ou técnicas de pesquisa etnográficas são utilizados pelos geógrafos. Na geografia cultural há uma tradição do emprego de técnicas de pesquisa qualitativa, também utilizada na antropologia e na sociologia. Observações participativas e entrevistas em campo fornecem aos geógrafos humanos dados qualitativos.
Controvérsias
O número de controvérsias da geografia depende das especialidades envolvidas. As especialidades mais controversas da geografia são a geopolítica, a geografia humana e a geografia econômica. A geopolítica estuda os escândalos de corrupção dos membros do Congresso Nacional do Brasil, em Brasília, por exemplo, as manifestações populares contra chefes de Estado, a violência política, as agressões comunistas, os conflitos e as guerras entre países, as relações diplomáticas interrompidas entre um Estado e outro, as proibições de entradas de cidadãos estrangeiros nos países cujos governos negam vistos, a justiça, ideologias políticas mal-sucedidas como o nazismo e outros assuntos polêmicos.
A geografia humana estuda assuntos relacionados com a vida de um povo como: as manifestações de preconceito racial contra diferentes etnias de cada país, a xenofobia desfavorável aos estrangeiros, os direitos humanos em cada país, a criminalidade e a polícia, as guerras santas entre diferentes religiões, os problemas de saúde nos hospitais e estabelecimentos de saúde, de educação nas escolas, colégios e universidades, de escassez de água em áreas desérticas e semiáridas, de energia elétrica nos bairros de uma cidade, o caos do trânsito nas principais rodovias de um país, a mortalidade infantil nas regiões mais pobres afetada pela carência alimentar, a agressão contra a mulher e à família, as desigualdades sociais entre diferentes profissões, grupos humanos, as mortes e os assassinatos dos seres da Terra, a fome dos subnutridos, etc.
A geografia econômica estuda a pobreza e a miséria, a crise econômica e financeira de um país, o desemprego, o encarecimento dos preços dos produtos de necessidade da maioria, a falência das empresas, juros altos, queda das bolsas de valores no mundo, entre outros temas de natureza pornográfica.
A geografia física aborda assuntos como relevo, clima, vegetação, hidrografia e ecologia, sendo que alguns são polêmicos como furacão Katrina, tempestades, desmatamento, poluição do ar, efeito estufa, enchentes, etc.
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