Negociações para uma cúpula como a Rio+20 são
como as marés, ora estão sendo encaminhadas para um lado, ora para o
outro. Há anos se discute, mas agora é preciso chegar a consensos.
Nestes três primeiros dias, até a sexta-feira, 15 de junho, o foco está
nos negociadores, que vão determinar quais os termos que serão aceitos e
utilizados na Conferência.
Mesmo com essa ressalva, encaminha-se para que os oceanos recebam uma
atenção especial, mais especificamente as “águas além das jurisdições
nacionais” (ABNJ, do inglês “areas beyond national jurisdiction”) ou
seja, o alto mar, áreas de águas internacionais, onde não existe
exclusividade para a extração econômica e há forte potencial para se
tornar a piscina da casa da mãe Joana, o que seria terrível para toda a
humanidade.
Há quem diga, inclusive, que se a Eco-92 acabou conhecida como Cúpula da Terra, a Rio+20
poderá passar a ser conhecida como Cúpula dos Mares, destacou o jornal
“Folha de S. Paulo” ao entrevistar Matthew Gianni, cofundador da ONG
High Seas Alliance. “O tema é debatido há seis anos, e nenhuma decisão
foi tomada”, afirmou.
A Rio+20 é uma oportunidade para encaminhar o tema. Para a Unesco, o
resultado esperado é que seja determinado “um marco de governança
globalmente consistente e universalmente aplicado para ABNJ (…) que
assegure a conservação e o uso sustentável, em longo prazo, da
diversidade biológica marinha”. “Oceanos” é um dos eixos temáticos da
Rio+20.
Ontem, o secretário-executivo da comissão brasileira para a Rio+20,
diplomata Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse acreditar em um acordo
entre os países-membros da ONU para a regulamentação sobre os recursos
naturais em alto mar.
Já mostramos aqui uma campanha pela conscientização a respeito dos oceanos.
Nas maiores profundidades há grande concentração de espécies. Segundo o
site da Unesco, novas atividades econômicas, como a mineração no fundo
do mar, a pesca mais intensiva nas ABNJ, a biogenética e as perfurações
mais profundas de petróleo e de gás, aumentam os riscos das áreas que
historicamente não estavam sob ameaça”.
Sob essa preocupação, a Unesco desenvolveu 10 propostas para os
oceanos, que abordam espécies invasoras, pesca, proteção da
biodiversidade, pesquisa, monitoramento e capacitação, entre as outras
questões. Vamos acompanhar como serão essas negociações.
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