sexta-feira, 8 de junho de 2012

Neptuno (planeta)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Neptuno (ou Netuno) ♆
Neptuno, da Voyager 2

Fotografia de Neptuno/Netuno obtida pela Voyager 2
Descoberta
Descoberto por Urbain Le Verrier
John Couch Adams
Johann Galle
Descoberto em 23 de setembro de 1846[1]
Características orbitais
Raio médio 4.498.252.900 km
Excentricidade 0,00858587
Período de revolução 164a 288d 13h
Período sinódico 367,5 dias[2]
Velocidade orbital média 5,4778 km/s
Inclinação 1,76917°
Argumento do periastro 265,646 85°
Longitude do nó ascendente 131,794 31°
Número de satélites 13
Características físicas
Diâmetro equatorial 49572 km
Área superficial 7,65×109 km²
Massa 1,024×1026 kg
Densidade média 1,64 g/cm³
Gravidade na superfície 11,0 m/s²
Período de rotação 16h 6,5min
Inclinação axial 29,58°
Albedo 0,41
Velocidade de escape 23,71 km/s
Temperatura superficial
min média máx.
50K 53K N/A K
Características atmosféricas
Pressão atmosférica 100-300 kPa
Hidrogénio >84%
Hélio >12%
Metano 2%
Amónia 0,01%
Etano 0,00025%
Acetileno 0,00001%
Neptuno (português europeu) ou Netuno (português brasileiro) (AO 1990: Neptuno[3] ou Netuno)[4] é o oitavo planeta do Sistema Solar, e o último, em ordem de afastamento a partir do Sol, desde a reclassificação de Plutão para a categoria de planeta-anão, em 2006, que era o último dos planetas. É, tal como a Terra, conhecido como o "Planeta Azul", mas não devido à presença de água. Neptuno recebeu o nome do deus romano dos mares. É o quarto maior planeta em diâmetro, e o terceiro maior em massa. Neptuno tem 17 vezes a massa da Terra e é ligeiramente mais maciço do que Urano, que tem cerca de 15 vezes a massa da Terra e é menos denso.[5] O seu símbolo astronômico é Símbolo astronómico para Neptuno., uma versão estilizada do tridente do deus Neptuno.
Descoberto em 23 de Setembro de 1846,[1] Neptuno foi o primeiro planeta encontrado por uma previsão matemática, em vez de uma observação empírica. Inesperadas mudanças na órbita de Urano levaram os astrónomos a deduzir que sua órbita estava sujeita a perturbação gravitacional por um planeta desconhecido. Subsequentemente, Neptuno foi encontrado, a um grau da posição prevista. A sua maior lua, Tritão, foi descoberta pouco tempo depois, mas nenhuma das outras 12 luas do planeta foram descobertas antes do século XX. Neptuno foi visitado por uma única sonda espacial, Voyager 2, que voou pelo planeta em 25 de Agosto de 1989.
A composição de Neptuno é semelhante à composição de Úrano, e ambos têm composições diferentes das dos maiores gigantes gasosos Júpiter e Saturno. A atmosfera de Neptuno, apesar de ser semelhante à de Júpiter e de Saturno por ser composta basicamente de hidrogénio e hélio, juntamente com os habituais vestígios de hidrocarbonetos e, possivelmente, nitrogénio, contém uma percentagem mais elevada de "gelos", tais como água, amónia e metano. Como tal, os astrónomos por vezes colocam-nos numa categoria separada, os "gigantes de gelo".[6] Em contraste, o interior de Neptuno é composto principalmente de gelo e rochas, como o de Úrano.[7] Existem traços de metano nas regiões ultra-periféricas que contribuem, em parte, para a aparência azul do planeta.[8]
Em oposição à relativamente monótona atmosfera de Úrano, a atmosfera de Neptuno é notável pelos seus padrões climáticos activos e visíveis. Neptuno tem os ventos mais fortes de qualquer planeta no sistema solar, que podem chegar a atingir os 2100 quilómetros por hora.[9] Na altura do voo da Voyager 2, por exemplo, o seu hemisfério sul possuía uma Grande Mancha Escura, comparável à Grande Mancha Vermelha de Júpiter. A temperatura na alta atmosfera é geralmente próxima de -218 °C (55,1 K), um dos mais frios do sistema solar, devido à sua grande distância do sol. A temperatura no centro da Neptuno é de cerca de 7000 °C (7270 K)[10][11], o que é comparável à da superfície do Sol e semelhante à encontrada no centro da maioria dos outros planetas do sistema solar. Neptuno tem um pequeno e fragmentado sistema de anéis, que pode ter sido detectado durante a década de 1960, mas só foi confirmado indiscutivelmente pela Voyager 2.[12]

Índice

História

Os desenhos astronómicos de Galileu mostram que ele observou Neptuno no dia 28 de Dezembro de 1612, e outra vez no dia 27 de Janeiro de 1613; em ambas as ocasiões, o planeta estava muito próximo — em conjunção — a Júpiter.[13] Mas, como pensou que se tratasse de uma estrela fixa, não lhe pode ser creditada a descoberta. Durante o período da sua primeira observação em Dezembro de 1612, o movimento aparente de Neptuno estava excepcionalmente lento, pois, no mesmo dia, o planeta havia iniciado o período retrógrado do seu movimento aparente no céu, que não podia ser percebido da Terra por meio dos instrumentos primitivos de Galileu.[14]

A descoberta

Em 1821, Alexis Bouvard publicou tabelas astronómicas da órbita do vizinho de Neptuno, Úrano.[15] Observações subsequentes revelaram desvios substanciais das tabelas, levando Bouvard a pôr a hipótese da existência de um corpo desconhecido que perturbasse a órbita por meio de interação gravitacional. Em 1843, John Couch Adams calculou a órbita de um oitavo planeta que pudesse explicar o movimento de Úrano. Enviou os seus cálculos a Sir George Airy, o Astrônomo Real Britânico, que os rejeitou com alguma frieza, levando Adams a abandonar o assunto.[16][17]
Urbain Le Verrier, o matemático que descobriu Neptuno/Netuno.
Em 1845-1846, Urbain Le Verrier, independentemente de Adams, rapidamente desenvolveu os seus próprios cálculos, mas também deparou-se com dificuldades em encorajar algum entusiasmo nos seus compatriotas. No entanto, em Junho do mesmo ano, após ver as primeiras estimativas publicadas por Le Verrier da longitude do planeta e a sua similaridade com a estimativa de Adams, Airy solicitou ao diretor do Observatório de Cambridge, James Challis, que procurasse o planeta. Challis varreu o céu de Agosto a Setembro, em vão.[18][19]
Enquanto isso, Le Verrier, por carta, persuadiu o astrônomo Johann Gottfried Galle, do Observatório de Berlim, a procurar com o refrator do telescópio. Heinrich Louis d'Arrest, um estudante do observatório, sugeriu a Galle que eles comparassem um gráfico do céu recentemente desenhado na região do local previsto por Le Verrier com o céu atual para procurar pelo deslocamento característico de um planeta, ao invés de uma estrela fixa. Na mesma noite do recebimento da carta de Le Verrier, Neptuno foi descoberto, em 23 de Setembro de 1846, a 1° de onde Le Verrier previra que estaria, e a cerca de 12° da previsão de Adams. Posteriormente, Challis percebeu que ele havia observado o planeta duas vezes em Agosto, mas não o identificara devido à sua abordagem casual do trabalho.[18][20]
Na época da descoberta, houve muita rivalidade nacionalista entre os franceses e os britânicos sobre quem tinha prioridade e merecia crédito pela descoberta. Eventualmente, chegou-se a um consenso internacional de que Le Verrier e Adams mereciam o crédito juntamente. No entanto, a questão está agora sendo reavaliada por historiadores, devido à redescoberta, em 1998, dos "papéis sobre Neptuno" (documentos históricos do Observatório de Greenwich), que foram aparentemente roubados pelo astrônomo Olin J. Eggen e escondidos por quase três décadas, sem serem redescobertos (em sua possessão) até imediatamente após sua morte.[21] Após a revisão dos documentos, alguns historiadores agora sugerem que Adams não merece crédito igualmente a Le Verrier. Desde 1966, Dennis Rawlins tem questionado a credibilidade da reivindicação de Adams de co-descoberta. Em um artigo de 1992, em seu jornal Dio, ele considera a reivindicação britânica um "roubo".[22] "Adams fez alguns cálculos, mas ele estava um tanto incerto sobre onde ele dizia que estava Neptuno", diz Nicholas Kollerstrom, da University College London em 2003.[23][24]
O planeta também foi explorado pelo Programa Voyager e futuramente pela Neptune/Triton Orbiter.

A nomeação

Pouco depois da sua descoberta, Neptuno foi simplesmente chamado de "planeta exterior a Urano". Galle foi o primeiro a sugerir um nome, propondo nomeá-lo em homenagem ao deus Jano. Na Inglaterra, Challis propôs o nome Oceano.[25]
Reivindicando o direito de nomear a sua descoberta, Le Verrier rapidamente propôs o nome Neptuno para o seu novo planeta, afirmando falsamente que o nome já havia sido oficialmente aprovado pelo Bureau des longitudes francês.[26] Em outubro, chegou a denominar o planeta Le Verrier, com o seu próprio nome, e foi lealmente apoiado pelo diretor do Observatório de Paris, François Arago. No entanto, como essa sugestão encontrou dura oposição fora da França,[27] os almanaques franceses rapidamente reintroduziram o nome Herschel para Urano, em homenagem ao seu descobridor, Sir William Herschel, e Leverrier para o novo planeta.[28]
Em 29 de dezembro de 1846, Friedrich von Struve declarou-se publicamente a favor do nome Netuno para a Academia de Ciências da Rússia[29] e, em poucos anos, Neptuno tornou-se o nome internacionalmente aceito. Na mitologia romana, Neptuno é o deus dos mares, identificado com o grego Poseidon. O uso de um nome mitológico parecia concordar com a nomenclatura dos outros planetas, que foram nomeados em homenagem a deuses romanos.[30]

De 1850 aos dias de hoje


Já em 10 de outubro de 1846, 17 dias após a descoberta de Netuno, o astrônomo inglês William Lassell descobriu o seu principal satélite, Tritão.[31]
Ao fim do século XIX, criou-se a hipótese de que irregularidades observadas no movimento de Urano e Netuno fossem causados pela presença de um outro planeta mais exterior.[32] Após extensas campanhas de busca, Plutão foi descoberto em 18 de fevereiro de 1930, nas coordenadas previstas pelos cálculos de William Henry Pickering e Percival Lowell. No entanto, o novo planeta estava muito distante para que pudesse gerar a irregularidade observada no movimento de Urano, enquanto que a irregularidade do movimento de Netuno era, na verdade, um erro no cálculo da massa do planeta (que foi definida com a missão da Voyager 2),[33] e que, além disso, originava da irregularidade de Urano. A descoberta de Plutão foi, portanto, um tanto acidental.[34]
Devido à sua grande distância, pouco se sabia sobre Netuno, pelo menos até a metade do século XX, quando Gerard Kuiper descobriu a sua segunda lua, Nereida. Nos anos setenta e oitenta, surgiram indícios sobre a probabilidade da presença de anéis ou arcos de anéis. Em 1981, Harold Reitsema descobriu a sua terceira lua, Larissa.[35]
Em agosto de 1989, o conhecimento sobre Netuno teve um grande salto quando da primeira sonda automática enviada para explorar os entornos do planeta, a Voyager 2. A sonda identificou importantes detalhes da atmosfera do planeta, confirmou a existência de cinco anéis e detectou novas luas além das já descobertas na Terra.

Características físicas

Com uma massa de 1,0243×1026 kg,[2] Netuno é um corpo intermediário entre a Terra e os gigantes gasosos maiores: a sua massa é dezessete vezes a da Terra, mas somente um dezenove avos a de Júpiter[5] . Netuno e Urano são geralmente considerados como uma subclasse dos gigantes gasosos denominada "gigantes de gelo", devido ao seu menor tamanho e maior concentração de substâncias voláteis em relação a Júpiter e Saturno.[36]. Na busca por exoplanetas, Netuno tem sido usado como uma metonímia: os planetas descobertos com massa similar são denominados "netunianos"[37], da mesma forma que astrônomos referem-se a vários exoplanetas como "jupiterianos".
Orbitando tão longe do Sol, Neptuno recebe muito pouco calor. A sua temperatura superficial média é de -218 °C. No entanto, o planeta parece ter uma fonte interna de calor. Pensa-se que isto se deve ao calor restante, gerado pela matéria em queda durante o nascimento do planeta, que agora irradia pelo espaço fora. A atmosfera de Neptuno tem as mais altas velocidades de ventos no sistema solar, que são acima de 2000 km/h; acredita-se que os ventos são amplificados por este fluxo interno de calor.

Estrutura de Neptuno

O planeta Neptuno, "planeta azul".
A estrutura interna lembra a de Úrano -- um núcleo rochoso coberto por uma crosta de gelo, escondida no profundo de sua grossa atmosfera. Os dois terços internos de Neptuno são compostos de uma mistura de rocha fundida, água, amônia líquida e metano. A terça parte exterior é uma mistura de gases aquecidos composta por hidrogênio, hélio, água e metano. Tal como Úrano, a sua composição é diferente da composição uniforme de Júpiter e Saturno. Acredita-se que a estrutura interna de Neptuno consiste de três camadas, como mostra a figura.
A sua atmosfera corresponde a cerca de 5 a 10% de sua massa, estendendo-se de 10 a 20% do seu raio, onde atinge pressões de cerca de 10 GPa. Nas regiões mais profundas da atmosfera, encontram-se concentrações crescentes de metano, amônia e água.[10]
Estrutura interna de Neptuno.
Gradualmente, essa região mais escura e quente condensa-se em um manto líquido superaquecido, onde as temperaturas atingem valores que vão de 2000 K até 5000 K; o manto possui uma massa de 10-15 massas terrestres e é rico em água, amônia, metano e outras substâncias.[1] Como é comum nas ciências planetárias, essa mistura é chamada de "gelada", mesmo apesar de ser um fluido quente e altamente denso. Esse fluido, que apresenta alta condutividade elétrica, é por vezes chamado de "oceano de água e amônia".[38] A uma profundidade de 7000 km, as condições podem ser tais que o metano se decompõe em cristais de diamante que se precipitam em direção ao núcleo.[39]
O núcleo planetário de Netuno é composto de ferro, níquel e silicatos; os modelos fornecem uma massa de cerca de 1,2 massas terrestres.[40] A pressão no centro é de 7 Mbar (700 GPa), milhões de vezes superior à da superfície terrestre, e a temperatura pode ser de 5400 K.[10][11]

Atmosfera

A altitudes elevadas, a atmosfera de Netuno é formada por 80% de hidrogênio e 19% de hélio, e traços de metano.[10] As bandas de absorção proeminentes do metano se encontram próximas ao comprimento de onda de 600 nm, nas porções vermelha e infravermelha do espectro. Assim como Urano, essa absorção da luz vermelha pelo metano atmosférico é, em parte, responsável pela sua cor azul característica[41], apesar de a cor azul de Netuno ser mais vívida que a cor água-marinha de Urano. Como o conteúdo de metano atmosférico de Netuno é similar ao de Urano, deve haver alguma outra substância desconhecida que contribua para a cor de Netuno.[8]
A atmosfera de Netuno é subdividida em duas regiões principais: a troposfera inferior, onde a temperatura diminui com a altitude, e a estratosfera, onde a temperatura aumenta com a altitude. O limite entre as duas, a tropopausa, encontra-se a uma pressão de cerca de 0,1 bar (10 kPa).[6] A estratosfera, então, dá caminho à termosfera, que se encontra a uma pressão inferior a 10−5–10−4 microbares (1 a 10 Pa)[6] . A termosfera transita gradualmente para a exosfera.
Modelos sugerem que a troposfera de Netuno é coberta por nuvens de variadas composições, dependendo da altitude. O nível superior de nuvens encontra-se a pressões abaixo de um bar, onde a temperatura é favorável à condensação do metano. Com pressões entre um e cinco bares (100 e 500 kPa), acredita-se que ocorre a formação de amônia e sulfeto de hidrogênio. Acima de cinco bares de pressão, as nuvens podem consistir em amônia, sulfeto de amônio, sulfeto de hidrogênio e água. Nuvens mais profundas de água congelada devem ser encontradas a pressões de cerca de 50 bares (5 MPa), onde a temperatura chega a 0 °C. Mais abaixo, podem-se encontrar nuvens de amônia e sulfeto de hidrogênio.[42]
O espectro de Netuno sugere que a sua baixa estratosfera seja nebulosa devido à condensação de produtos da fotólise ultravioleta do metano, tais como etano e acetileno[6][10] ; a estratosfera também contém traços de monóxido de carbono e cianeto de hidrogênio[6] .[43] A estratosfera de Netuno é mais quente que a de Urano devido à elevada concentração de hidrocarbonetos.[6]
Por razões que permanecem obscuras, a termosfera do planeta está a uma temperatura anormalmente alta de cerca de 750 K.[44][45] O planeta está muito distante do Sol para que esse calor seja gerado por radiação ultravioleta; um candidato para explicar o mecanismo de aquecimento é a interação da atmosfera com íonsPB ou iõesPT no campo magnético do planeta. Outros candidatos são ondas de gravidade do interior do planeta que se dissipam na atmosfera. A termosfera contém traços de dióxido de carbono e água, que podem ter sido depositados de fontes externas como meteoritos e poeira.[42][43]
Uma vez que seu eixo de rotação apresenta uma inclinação de cerca de 29o em relação ao plano orbital, o planeta apresenta estações análogas às da Terra.[46]

Magnetosfera

Como Úrano, o campo magnético de Neptuno é muito inclinado em relação ao seu eixo rotacional, a 47°, e desviado em no mínimo 0,55 radianos (cerca de 13500 quilômetros) do centro físico do planeta. Antes da chegada da Voyager 2 em Netuno, acreditava-se que a magnetosfera inclinada de Úrano fosse resultado da sua rotação lateral. Contudo, comparando o campo magnético dos dois planetas, os cientistas acham que esta orientação extrema se deve aos característicos fluxos no interior do planeta, e não do resultado da orientação lateral de Úrano. Esse campo pode ser gerado por movimentos convectivos em um fino invólucro esférico de líquido condutor elétrico (provavelmente, uma combinação de amônia, metano e água),[42] resultando em uma ação dínamo.[47]
O campo magnético da superfície equatorial de Netuno é de aproximadamente 1,42 μT, e um momento magnético de 2,16×1017 Tm³; o campo magnético de Netuno possui uma geometria complexa que inclui componentes não-dipolares, incluindo um forte momento quadrupolo que pode exceder em força o momento magnético. Em oposição, a Terra, Júpiter e Saturno têm momentos quadrupolos relativamente pequenos e os seus campos são menos inclinados em relação ao eixo polar. O grande momento quadrupolo de Netuno pode ser resultado do desalinhamento em relação ao centro do planeta e restrições do gerador do dínamo do campo.[48][49]
O bow shock de Netuno, onde a magnetosfera começa a desacelerar o vento solar, ocorre a uma distância de 34,9 vezes o raio do planeta. A magnetopausa, onde a pressão da magnetosfera contrabalança o vento solar, fica a uma distância de 23 a 26,5 vezes o raio de Netuno. A cauda da magnetosfera se estende para fora a pelo menos 72 vezes o raio de Netuno, e, provavelmente, muito além.

Anéis

Embora não sejam visíveis nas fotografias do telescópio espacial Hubble, Neptuno faz parte dos planetas gigantes que possuem um complexo sistema de anéis. Possui quatro anéis principais e sua descoberta se deve a uma observação efectuada ainda em 1984 a bordo de um avião U2 que acompanhou o deslocamento do planeta por algumas horas durante a ocultação de uma estrela.

Satélites naturais

Neptuno tem 13 luas conhecidas. A maior delas é Tritão, descoberta por William Lassell apenas 17 dias depois da descoberta de Neptuno.
Satélites Naturais de Neptuno
Nome Diâmetro (km) Massa (kg) Distância média
de Neptuno (km)
Período orbital
Náiade 58 Desconhecida 48.200 0,294396 dias
Talassa 80 Desconhecida 50.000 0,311485 dias
Despina 148 Desconhecida 52.600 0,334655 dias
Galateia 158 Desconhecida 62.000 0,428745 dias
Larissa 193 (208 × 178) Desconhecida 73.600 0,554654 dias
Proteu 418 (436 × 416 × 402) Desconhecida 117.600 1,122315 dias
Tritão 2.700 2.14×1022 354.760 -5,87685 dias **
Nereida 340 Desconhecida 5,513,400 360,1362 dias
S/2002 N1* 60 Desconhecida 15.686.000 -1874,8 dias **
S/2002 N2* 38 Desconhecida 22.337.190 2925,6 dias
S/2002 N3* 38 Desconhecida 22.613.200 2980,4 dias
Psámata 28 Desconhecida 46.695.000 -9136,1 dias **
S/2002 N4* 60 Desconhecida 47.279.670 -9007,1 dias **
* Esperando confirmação e nomeação.
** Períodos orbitais negativos indicam uma órbita retrógrada ao redor de Neptuno (oposta à rotação do planeta)
Alguns asteroides dividem os mesmos nomes que as luas de Neptuno: 74 Galateia, 1162 Larissa.
Em algumas partes dos anéis, ocorrem regiões de concentração. Isso provavelmente tem origem em satélites pastores, muito próximos aos anéis, e alterando suas formas atraindo gravitacionalmente e aglomerando as partículas e fragmentos gelo-rochosos componentes dos anéis.

Ver também

Referências

  1. a b c Hamilton, Calvin J. (4 de agosto de 2001). Neptune. Views of the Solar System. Página visitada em 2007-08-13.
  2. a b Williams, David R. (1 de setembro de 2004). Neptune Fact Sheet. NASA. Página visitada em 2007-08-14.
  3. Priberam Informática S.A.. Definição: Neptuno. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Página visitada em 18 de Abril de 2010.
  4. Porto Editora. Dicionários Académicos — Dicionário da Língua Portuguesa. [S.l.]: Porto Editora, 2009. 904 p. ISBN 978-972-0-01478-8
  5. a b A massa da Terra é 5,9736×1024 kg, dando uma razão entre massas de:
    \begin{smallmatrix}\frac{M_{Neptuno}}{M_{Terra}}
\ =\ \frac{1.02 \times 10^{26}}{5,97 \times 10^{24}}
\ =\ 17,09\end{smallmatrix}
    A massa de Úrano é 8,6810×1025 kg, dando uma razão entre massas de:
    \begin{smallmatrix}\frac{M_{Urano}}{M_{Terra}}
\ =\ \frac{8,68 \times 10^{25}}{5,97 \times 10^{24}}
\ =\ 14,54\end{smallmatrix}
    A massa de Júpiter é 1,8986×1027 kg, dando uma razão entre massas de:
    \begin{smallmatrix}\frac{M_{Jupiter}}{M_{Neptuno}}
\ =\ \frac{1.90 \times 10^{27}}{1.02 \times 10^{26}}
\ =\ 18.63\end{smallmatrix}
    Ver: Williams, David R. (29 de novembro de 2007). Planetary Fact Sheet - Metric. NASA. Página visitada em 2008-03-13.
  6. a b c d e f Lunine, Jonathan I. (1993). The Atmospheres of Uranus and Neptune (PDF). Lunar and Planetary Observatory, University of Arizona. Página visitada em 2008-03-10.
  7. Podolak, M.; Weizman, A.; Marley, M.. (1995). "Comparative models of Uranus and Neptune". Planetary and Space Science 43 (12): 1517–1522. DOI:10.1016/0032-0633(95)00061-5.
  8. a b Munsell, Kirk; Smith, Harman; Harvey, Samantha (13 de novembro de 2007). Neptune overview. Solar System Exploration. NASA. Página visitada em 2008-02-20.
  9. Suomi, V. E.; Limaye, S. S.; Johnson, D. R.. (1991). "High Winds of Neptune: A possible mechanism". Science 251 (4996): 929–932. AAAS (USA). DOI:10.1126/science.251.4996.929. PMID 17847386.
  10. a b c d e Hubbard, W. B.. (1997). "Neptune's Deep Chemistry". Science 275 (5304): 1279–1280. DOI:10.1126/science.275.5304.1279. PMID 9064785.
  11. a b Nettelmann, N.; French, M.; Holst, B.; Redmer, R.. Interior Models of Jupiter, Saturn and Neptune (PDF). University of Rostock. Página visitada em 2008-02-25.
  12. Wilford, John N.. "Data Shows 2 Rings Circling Neptune", The New York Times, 10 de junho de 1982. Página visitada em 2008-02-29.
  13. Hirschfeld, Alan. Parallax: The Race to Measure the Cosmos. New York, New York: Henry Holt, 2001. ISBN 0-8050-7133-4
  14. Littmann, Mark; Standish, E. M.. Planets Beyond: Discovering the Outer Solar System. [S.l.]: Courier Dover Publications, 2004. ISBN 0-4864-3602-0
  15. Bouvard, A.. Tables astronomiques publiées par le Bureau des Longitudes de France. Paris: Bachelier, 1821.
  16. O'Connor, John J.; Robertson, Edmund F. (March 2006). John Couch Adams' account of the discovery of Neptune. University of St Andrews. Página visitada em 2008-02-18.
  17. Adams, J. C.. (13 de novembro de 1846). "Explanation of the observed irregularities in the motion of Uranus, on the hypothesis of disturbance by a more distant planet". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 7: 149. Blackwell Publishing.
  18. a b Airy, G. B.. (13 de novembro de 1846). "Account of some circumstances historically connected with the discovery of the planet exterior to Uranus". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 7: 121–144. Blackwell Publishing.
  19. Challis, Rev. J.. (13 de novembro de 1846). "Account of observations at the Cambridge observatory for detecting the planet exterior to Uranus". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 7: 145–149. Blackwell Publishing.
  20. Galle, J. G.. (13 de novembro de 1846). "Account of the discovery of the planet of Le Verrier at Berlin". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 7: 153. Blackwell Publishing.
  21. Kollerstrom, Nick (2001). Neptune's Discovery. The British Case for Co-Prediction.. University College London. Arquivado do original em 2005-11-11. Página visitada em 2007-03-19.
  22. Rawlins, Dennis (1992). The Neptune Conspiracy: British Astronomy's Post­Discovery Discovery (PDF). Dio. Página visitada em 2008-03-10.
  23. McGourty, Christine (2003). Lost letters' Neptune revelations. BBC News. Página visitada em 2008-03-10.
  24. Summations following the Neptune documents' 1998 recovery appeared in DIO 9.1 (1999) and William Sheehan, Nicholas Kollerstrom, Craig B. Waff (December 2004), The Case of the Pilfered Planet - Did the British steal Neptune? Scientific American.
  25. Moore (2000):206
  26. Littmann (2004):50
  27. Baum & Sheehan (2003):109–110
  28. Gingerich, Owen. (1958). "The Naming of Uranus and Neptune". Astronomical Society of the Pacific Leaflets 8: 9–15.
  29. Hind, J. R.. (1847). "Second report of proceedings in the Cambridge Observatory relating to the new Planet (Neptune)". Astronomische Nachrichten 25: 309. DOI:10.1002/asna.18470252102. Smithsonian/NASA Astrophysics Data System (ADS).
  30. Blue, Jennifer (17 de dezembro de 2008). Planet and Satellite Names and Discoverers. USGS. Página visitada em 2008-02-18.
  31. William Lassell. (12-11-1847). "Lassell's Satellite of Neptune". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 8 (1): 8.
  32. J. Rao (11-03-2005). Finding Pluto: Tough Task, Even 75 Years Later. SPACE.com. Página visitada em 08-09-2006.
  33. Ken Croswell (1993). Hopes Fade in hunt for Planet X. Página visitada em 04-11-2007.
  34. History I: The Lowell Observatory in 20th century Astronomy. The Astronomical Society of the Pacific (1994-06-28). Página visitada em 05-03-2006.
  35. H.J. Reitsema et al. (1982). "Occultation by a possible third satellite of Neptune". Science 215: 289–291. DOI:10.1126/science.215.4530.289. PMID 17784355.
  36. Ver, por exemplo: Boss, Alan P.. (2002). "Formation of gas and ice giant planets". Earth and Planetary Science Letters 202 (3–4): 513–523. DOI:10.1016/S0012-821X(02)00808-7.
  37. Lovis, C., Mayor, M.; Alibert Y.; Benz W.. "Trio of Neptunes and their Belt", ESO, 18 de maio de 2006. Página visitada em 2008-02-25.
  38. Atreya, S.; Egeler, P.; Baines, K.. (2006). "Water-ammonia ionic ocean on Uranus and Neptune?" (pdf). Geophysical Research Abstracts 8: 05179.
  39. Kerr, Richard A.. (1999). "Neptune May Crush Methane Into Diamonds". Science 286 (5437): 25. DOI:10.1126/science.286.5437.25a.
  40. "" 43. DOI:10.1016/0032-0633(95)00061-5.
  41. Crisp, D.; Hammel, H. B. (14 de junho de 1995). Hubble Space Telescope Observations of Neptune. Hubble News Center. Página visitada em 2007-04-22.
  42. a b c Elkins-Tanton (2006):79–83.
  43. a b Encrenaz, Therese. (2003). "ISO observations of the giant planets and Titan: what have we learnt?". Planet. Space Sci. 51: 89–103. DOI:10.1016/S0032-0633(02)00145-9.
  44. Broadfoot, A.L.; Atreya, S.K.; Bertaux, J.L. et al.. (1999). "Ultraviolet Spectrometer Observations of Neptune and Triton" (pdf). Science 246: 1459–1456. DOI:10.1126/science.246.4936.1459. PMID 17756000.
  45. Herbert, Floyd; Sandel, Bill R.. (1999). "Ultraviolet Observations of Uranus and Neptune". Planet.Space Sci. 47: 1119–1139. DOI:10.1016/S0032-0633(98)00142-1.
  46. Neptune: Once Around (em inglês). Astronomy Picture of the Day. Página visitada em 14 de julho de 2011.
  47. Stanley, Sabine; Bloxham, Jeremy. (11 de março de 2004). "Convective-region geometry as the cause of Uranus' and Neptune's unusual magnetic fields". Nature 428: 151–153. DOI:10.1038/nature02376.
  48. Ness, N. F.; Acuña, M. H.; Burlaga, L. F.; Connerney, J. E. P.; Lepping, R. P.; Neubauer, F. M.. (1989). "Magnetic Fields at Neptune". Science 246 (4936): 1473–1478. DOI:10.1126/science.246.4936.1473. PMID 17756002.
  49. Russell, C. T.; Luhmann, J. G. (1997). Neptune: Magnetic Field and Magnetosphere. University of California, Los Angeles. Página visitada em 2006-08-10.



Ver avaliações
Avaliar esta página
Credibilidade
Imparcialidade
Profundidade
Redação

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Seguidores