terça-feira, 16 de outubro de 2012

Eugênia - BONSAI

Eugênia do Lago


Este trabalho foi desenvolvido a partir de uma muda de Eugenia myriophylla obtida em horto e atualmente com a altura de 30 cm. Devido a dificuldade de encontrar informações sobre esta espécie cabe uma pequena introdução para esclarecer as opções escolhidas no decorrer do processo.
A planta, da família das mirtáceas, gosta de bastante luz, mas não de sol direto nos horários de maior intensidade. Prefere clima ameno e suporta solo relativamente seco. Têm a característica de ramificar abundantemente em determinado ponto. São bastante apreciadas em topiarias comuns de jardim, para formação de cercas e maciços, pois possibilitam a formação de copas com formas bem desenhadas. De fato, a tendência da espécie em formar copas densas é enorme. Normalmente estas copas são tão cerradas que não deixam a luz do sol entrar em seu interior, o que faz com que as folhas internas sequem muito rapidamente. Para a formação de um penjing ou bonsai isto, entretanto, se mostra problemático, pois as copas tendem a crescer em sua superfície e secar em seu interior, aumentando assim o seu volume constantemente. Esteticamente a ramificação abundante em determinado ponto é também uma característica típica dos arbustos e não das árvores antigas. A espécie, portanto, impõe um esvaziamento constante das copas com a eliminação dos ramos excessivos.
Outra característica importante da espécie é que recebendo sol em seu interior, as eugênias brotam facilmente em tronco de qualquer idade. Entretanto, demora para que o novo broto se harmonize com a espessura do antigo. O engrossamento do tronco e galhos, assim como a fixação de ramos aramados demanda mais tempo do que na maioria das espécies utilizadas para bonsai e penjing.
Todo o trabalho desenvolvido levou em consideração estas características e pode ser resumido como um constante esvaziar da planta, aproveitando, a cada etapa, o mínimo suficiente de ramos que a planta tinha a oferecer para a formação de determinada configuração da copa. Ainda hoje me impressiona a grande quantidade de material retirado a cada poda, por vezes com ramos antigos, sem que isso altere significativamente a configuração geral da copa.
A primeira intervenção, efetuada em setembro de 2005, foi a alteração do pivô central, realizada através de uma mudança de inclinação do tronco. Nas fotos acima, podem-se ver os cinco ramos originais bifurcados, na mesma altura do tronco. Três meses depois, após a inclinação e as devidas aramações, a configuração geral da copa já estava bastante adiantada (abaixo).
A planta me sugeria uma árvore frondosa com parte de sua copa projetada sobre um lago. Como não havia de minha parte pretensão de engrossar mais o tronco preparei o primeiro suiban com o objetivo de desenvolver um Penjing.  Foi feito de cimento branco e modelado a partir de uma fôrma de gesso com a proporção de 45 x 30 cm. Também as pedras, neste primeiro momento, foram totalmente feitas de cimento, devidamente pintadas durante o processo de secagem com pigmentos resistentes a luz solar. Tendo por base os princípios de água e terra, busquei equilibrar os dois volumes dividindo-os com o conjunto das pedras.
A princípio me pareceu satisfatório, mas esta versão (acima) não resistiu por muito tempo. O volume coeso e compacto da copa, ocupando toda a extensão do suiban, configurava uma árvore muito grande para a paisagem. Deveria optar por diminuir a árvore ou aumentar o suiban. Neste momento também se tornaram claros os elementos que deveriam ser harmonizados – planta, terra, pedra, água, ar e porventura um elemento escultórico para favorecer a proporção e clima que se apresentava.
O segundo suiban, um pouco maior, 57 x 32 cm, foi feito também de cimento branco, mas modelado manualmente. As pedras claras, de tom similar ao do tronco, foram coletadas e somente as junções e assentamentos foram feitos com cimento (pintados como anteriormente, mas imitando a cor e veios das pedras utilizadas).
O movimento do conjunto foi todo voltado para a área de água. Coloquei uma pedra alta e com tampo chato ao fundo do lado direito. A idéia foi que ao redor do tampo estivesse o volume mais alto de substrato. Criou-se assim uma descida entre este ponto e o volume mais baixo da praia, deliberadamente mais próxima do plano do suiban.
Este volume mais alto de substrato foi contido por um lado pela pedra e por outro pelas raízes mais vigorosas do lado direito da eugênia, criando assim uma espécie de degrau que valoriza e justifica as raízes. Com isso o tronco ficou também um pouco mais enterrado diminuindo visualmente sua proporção. Ao lado uma foto logo após o transplante.















Um comentário:

  1. Como cuidar:

    Deve ser regada em condições normais uma vez por dia, entretanto nos dias mais quentes do Verão pode-se molhar também no final da tarde, molhando sempre (pulverizando de preferência) a parte aérea.

    Deve-se dar preferência a adubos líquidos a cada 15 dias durante a Primavera e verão, 30 dias no Outono e não deve ser adubada no Inverno.

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