Candomblé
Amuleto,
qualquer objeto ao qual se atribui poder mágico e que pode afastar o
azar ou trazer a sorte. Os amuletos são uma constante no comportamente
humano e, desde a antigüidade, são encontrados nas mais variadas
culturas. Segundo a tradição
dos povos ribeirinhos da Amazônia, o olho do boto ou do peixe-boi serve
para enamorar as pessoas. Ouvir o canto do uirapuru garante a felicidade
e conservar a pele do jurutau, ave de hábitos noturnos, protege as
moças virgens. A figa, que
muitos acreditam ser de origem brasileira, já era um amuleto popular na
Grécia e em Roma. A figa latina, representada por uma mão huamna com o
polegar colocado entre os dedos indicador e médio, pode significar um
ato sexual ou o orgão sexual feminino. Por isto, foi usada para combater
a esterilidade e lhe são atribuídos poderes contra o mau-olhado.
Geralmente feitos de pedra ou pedaço de metal com uma inscrição gravada,
os amuletos são usados, principalmente, em volta do pescoço para
proteção contra doenças e bruxarias. Na maioria das religiões cristãs (ver Cristianismo), são considerados amuletos os bentinhos e escapulários.
Balangandãs,
coleção de pequenos amuletos de metal trabalhado, de diferentes
formatos, usado principalmente pelas baianas. Alguns têm função
religiosa, outros, caráter estético. Sua origem é atribuída aos escravos
de religião muçulmana (ver Islã) oriundos do Daomé, os malês que conheciam a fundição dos metais e foram trazidos em grande quantidade para a Bahia na época da escravatura (ver Escravidão africana).
Boi-santo,
movimento religioso ocorrido no Ceará, entre 1918 e 1920, quando
seguidores do Padre Cícero emprestaram poderes miraculosos a um novilho.
O animal começou a ser tratado como um ser sagrado. Seus resíduos
corporais — incluindo fezes, urina, aparas do pêlo, dos cascos e dos
chifres — passaram a ser vendidos, transformando-se em um lucrativo
comércio de amuletos. O Padre Cícero mandou matar o animal e distribuir a
carne aos pobres. O culto ainda se manteve por vários anos.
Boto,
nome comum de diversos cetáceos pequenos, de distribuição marinha e
fluvial, às vezes confundidos, pelo longo bico e por seu temperamento
igualmente brincalhão, com os golfinhos. Pertencem à subordem dos
Odontocetos, animais que se alimentam de peixes, lulas e crustáceos, os
quais conseguem engolir sem mastigar. Os botos encontrados no Brasil
pertencem às famílias dos Inídeos, dos Focenídeos, dos Delfinídeos e dos
Pontoporídeos. Um dos mais conhecidos é o boto-cor-de-rosa, única
espécie da família dos Inídeos (o nome da família vem de inia,
nome dado aos botos pelos índios guarayos, da Bolívia). Vive
exclusivamente nos rios da bacia amazônica e do Orinoco. Atinge um
comprimento máximo de 2,5 m e seu peso pode ultrapassar os 160 quilos.
Os filhotes têm o dorso cinza-escuro e a barriga num tom mais claro de
cinza. Com a idade, a coloração geral clareia, tornando-se rosada. Os
adultos, principalmente os machos, podem se tornar inteiramente
cor-de-rosa, quase vermelhos. O nome de boto-cinza é dado a um membro da
família dos Delfinídeos, a mesma dos golfinhos. Sua coloração é, como
indica o nome, em geral cinzenta, às vezes amarronzada. A espécie ocorre
apenas na América do Sul e parte da América Central e apresenta-se em
duas formas: fluvial e marinha. A forma fluvial tem um comprimento
máximo de 1,6 m e vive nas bacias dos rios Orinoco e Amazonas, onde é
chamada também de boto-tucuxi. É encontrada a até 1.500 km de distância
da foz dos rios. A forma marinha, com comprimento máximo de 2,2 m, vive
em águas costeiras, principalmente em baías e desembocaduras de rios, de
Santa Catarina, no Brasil, até o Panamá, no Caribe. São comumente
observados na baía de Guanabara, onde demonstram grande resistência à
poluição e a outras alterações de seu hábitat, como aterros e movimento
intenso de embarcações.Uma espécie às vezes confundida com o boto-cinza é
a franciscana, pequeno cetáceo da família dos Pontoporídeos (alguns
autores a classificam como família dos Platanastídeos), também conhecida
como boto-cachimbo.As espécies de focenídeos (do grego phokaina,
boto) encontradas no Brasil são o boto-de-burmeister, que vive nas
águas costeiras temperadas e subantárticas da América do Sul; e o
boto-de-óculos, o membro da família que atinge maior comprimento (2,2
m), e tem distribuição restrita às zonas temperadas e subantárticas do
hemisfério Sul. Seu dorso é preto brilhante, a barriga é branca e tem os
olhos contornados de preto, separados do manto dorsal por um estreito
arco branco, o que lembra os “óculos” que lhe dão o nome. FOLCLORE A
presença de botos na região amazônica enriqueceu o folclore local.
Segundo a lenda, os botos, ao anoitecer, transformam-se em jovens
bonitos, altos, fortes, bons dançarinos e bebedores. Voluptuosos e
sedutores, freqüentam bailes, namoram e enganam as moças que chegam às
margens dos rios, engravidando-as. De madrugada voltam para o rio onde
recuperam a forma animal. Essa lenda foi explorada no filme Ele, o Boto,
de Walter Lima Júnior. É comum, no norte do Brasil, a expressão “filho
de boto” para definir filhos sem pai. As primeiras informações sobre o
boto apareceram no século XIX. Na época, o desconhecimento sobre esta
espécie fez surgir histórias variadas como, por exemplo, que o
boto-cor-de-rosa é uma réplica da mãe d'água e o boto-tucuxi ajuda os
náufragos, empurrando-os para a praia. Os olhos e os órgãos genitais do
boto, secos, são considerados um eficaz amuleto amoroso depois de
manipulados pelo feiticeiro.
Breve,
amuleto que consiste num saquinho de pano em cujo interior se traz
costurada alguma espécie de relíquia, que, acredita-se, assegura
proteção a seu portador. Usa-se, em geral, pendente do pescoço por uma
fita ou guardado dentro da roupa, em contato direto com o corpo. Em
alguns casos, seu uso impõe que o conteúdo do breve não seja revelado,
sob pena de perder a eficácia.
Brinquedos,
objetos que, destinados ao divertimento e passatempo das crianças — e
às vezes também dos jovens e dos adultos — têm significados diferentes
nas diferentes culturas. Para o norte-americano ou o europeu, um
brinquedo é algo que serve para distrair, divertir e até instruir as
crianças. Mas um objeto elaborado, que fosse visto por um adulto como
ornamental e estático, ou uma engenhoca mantida como uma curiosidade,
poderia ter para uma criança o valor de um brinquedo. Quando alguns
objetos como armas antigas — por exemplo, arco e flecha —, fetiches
religiosos, uma corneta ou um chocalho são descartados por sociedades
adultas, podem se tornar brinquedos para crianças e, portanto, assumir
uma nova existência com um novo significado. Os psicólogos modernos
aceitam os brinquedos para adultos como um fenômeno natural. Os
especialistas consideram que muitos objetos têm um valor dual: são ao
mesmo tempo brinquedo e ornamento, réplica juvenil e modelo de
colecionador. Hoje, quando o fato de adultos colecionarem brinquedos é
popular em muitos países, resulta cada vez mais freqüente a experiência
dessa dualidade: quem coleciona também brinca, confirmando mais uma vez a
oposição que assinalavam os antigos romanos entre o otium (ócio) e o nec otium
(não ócio, negócio), entre o espaço do prazer, da liberdade, da
infância e o do dever, das obrigações, das exigências do ser adulto. Os
seguintes objetos são aceitos por colecionadores de bonecas: fetiches
primitivos, estatuetas, imagens rituais, ex-votos, ornamentos em
porcelana, vidro ou cerâmica, bonecas de papel, bonecas para vestir, souvenirs
turísticos, miniaturas feitas a mão e objetos entalhados. Outros
objetos cobiçados pelos colecionadores de brinquedos são emblemas
festivos, como ovos de páscoa e pingentes de árvores de natal,
decorações para mesas, miniaturas em prata, soldadinhos de chumbo,
caixas de música, engenhocas antigas, máquinas de feiras, aparatos
óticos, títeres e fantoches, modelos de vitrine, bonecos e objetos que
são réplicas de vendedores — por exemplo, móveis do período holandês ou
britânico —, amuletos, chaveiros, caixas de fósforos e papéis de
embrulho. Apesar destes exemplos, há uma concordância geral entre os
historiadores e colecionadores sobre o valor estrito da palavra
brinquedo. No terceiro milênio a.C., os meninos já brincavam com
soldadinhos e as meninas, de boneca. Alguns cavalos de barro egípcios,
datando de 500 a.C., subsistiram. Poucos, de origem grega, são de 400
a.C. Em Rodes, foram encontrados animais e cavaleiros de terracota
datando de 2000 a.C. Os espécimes pré-históricos mais importantes foram
encontradas nas escavações do vale do rio Indo. Estes achados e os do
vale do rio Nilo podem ser vistos em museus.
As
bonecas mais antigas conhecidas são feitas de madeira, terracota e
pano. Certos espécimes em museus datam respectivamente de 200 a.C.
(Egito) e 500 d.C. (Grécia). As bonecas européias passaram por muitas
transformações no design e nos materiais. Semelhanças toscas com figuras
humanas, entalhadas na madeira, eram populares durante a Idade Média.
No século XVI, o costume de usar bonecas como representantes da moda
levaram à sofisticação e à grandiosidade. Durante os últimos quatro
séculos, as bonecas têm sido produzidas em cera, papel machê, porcelana
de Paros, biscuit, e
borracha. Após a Primeira Guerra Mundial, novos materiais foram usados, e
entre eles, lã, peles artificiais, lata e outros materiais mais leves. O
período após a Segunda Guerra Mundial trouxe uma gama inteiramente nova
de plásticos. Pouco se sabe sobre os brinquedos da Idade Média. Raras
referências literárias e fontes de imagens mostram piões e chocalhos.
Alguns objetos que sobreviveram após os séculos XII e XIII incluem
bonecas de barro primitivas e cavalos e cavaleiros. Nuremberg, que
depois tornou-se o centro da famosa indústria alemã de brinquedos,
possuía seus artesãos de bonecas antes do ano 1500. No Museu Nacional
Germânico dessa cidade, se conserva uma parte de uma casa de bonecas do
século XV, e no Museu Cluny, em Paris, há um cavaleiro montado que tem 7
centímetros de altura e pode ser considerado o ancestral dos
soldadinhos. Existem muito mais informações sobre os brinquedos do
século XVI. Rabelais mencionou moinhos e um estábulo de cavalinhos nos
quais montou Gargantua. Na obra desse autor francês também se inclui uma
lista de divertimentos e jogos de rua tradicionais. Algumas gravuras e
pinturas, como a famosa Jogos infantis,
de Pieter Brueghel, mostram crianças européias jogando com tacos e
bolas, matracas e cordas. No final do século, os artesãos empregados por
nobres eram pagos para vestirem as maravilhosas miniaturas com que
brincavam as crianças da aristocracia. Eram fabricados também animais de
madeira nobre ou pedras preciosas, soldados de prata ou ouro e
miniaturas de artigos de cozinha para suas casas de bonecas. A
popularidade dos brinquedos mecânicos cresceu quando a hierarquia entre
classes começou a mudar e técnicas de fabricação mais engenhosas
seguiram-se às especializações dos artesãos do século XVIII, que
desenvolveram engenhocas musicais fantásticas, efígies com mecanismos de
relógio, e animais. Os movimentos e os vários métodos de induzi-los nos
brinquedos assumiram uma grande importância.
Os
brinquedos mecanizados, já conhecidos no ano mil, eram equipados com
maquinismos de relógio em Nuremberg, em 1672. Os franceses produziram
autômatos como presentes para os potentados orientais e, um século
depois, um marinheiro francês que lutou em Trafalgar foi o primeiro a
produzir brinquedos com mecanismo de relógio. A Alemanha tomou a
liderança desse mercado entre 1850 e 1900, mas os fabricantes
britânicos, americanos e japoneses também produziram protótipos
originais. As primeiras unidades musicais foram uma contribuição da
Suíça: a intenção era, de acordo com alguns especialistas, promover a
venda dos relógios suíços. Em meados do século XIX, graças às novas
técnicas de produção, foi criada uma variedade inigualável de
brinquedos, jogos e divertimentos para as crianças. A inventividade
alemã foi a pioneira de designs novos e intrigantes, variando de artigos
simples em lata ou madeira, conhecidos na Inglaterra como pennytoys,
até jogos construtivos e didáticos que refletiam a tendência à difusão
da ciência até na escola maternal. Durante o governo da rainha Vitória,
as meninas inglesas começaram a seguir os costumes de suas companheiras
alemãs e austríacas, aprendendo os trabalhos caseiros e o cuidado dos
bebês com as Puppenspielen.
Na virada do século XX, bonecas, casas de bonecas e “cozinhas alemãs” de
baixo custo eram comuns em famílias de classe média. Hoje, a propagação
de técnicas de produção modernas em muitos países desenvolvidos do
mundo tornou milhões de pessoas mais conscientes sobre a função, a
utilidade e os multíplices aspectos culturais dos brinquedos. E, embora a
utilização de refinamentos na aplicação de rádios, eletrônica,
magnetismo, baterias e outros recursos tenha revolucionado a feitura de
alguns brinquedos, a volta do gosto pelos brinquedos antigos existe já
em vários países do mundo, equilibrando assim a vigência da mecanização
com o resgate de técnicas mais artesanais. Nas últimas décadas do século
XX, organizações e movimentos políticos, bem como grupos sociais
representativos das minorias, têm se empenhado em superar uma
classificação dos brinquedos própria de um esquema cultural que novos
usos e novas idéias contradizem.A discussão sobre os papéis rígidos dos
sexos, a luta contra os preconceitos ligados ao sentido do masculino e
do feminino, a aceitação da independência como um direito válido para as
mulheres fazem com que a escolha entre “soldadinhos” ou “bonecas” seja
cada vez mais anacrônica. Além disso, as campanhas a favor da paz estão
relacionadas também à recusa do consumo de brinquedos bélicos nos
Estados Unidos e em muitos países europeus.
Corpo fechado, imunidade às facadas, balas ou ataques de animais, graças à feitiçaria. Também é chamado de corpo curado.
O candidato ao fechamento do corpo submete-se a um ritual pago, onde
após defumações e goles de aguardente, entra descalço em uma bacia onde
se equilibra apenas no pé direito. Reza o Credo até o ponto em que a
oração diz "morto e sepultado", substituindo estas palavras por
"guardado e fechado seja o meu corpo para todos os meus inimigos
encarnados e desencarnados". Com uma chave, o oficiante fecha cada parte
do corpo. O corpo também pode ser fechado pelo uso de amuletos que
livram seu dono de males materiais e morais.
Fernanda Montenegro
Considerada a primeira-dama do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro é
também um verdadeiro amuleto das produções cinematográficas
brasileiras, participando de suas realizações mais significativas. Este
foi o caso, por exemplo, de Eles não usam black-tie, de Leon Hirszman (que ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza de 1981) e Central do Brasil,
de Walter Salles Jr., com o qual ganhou o Urso de Prata do Festival de
Berlim (o diretor ficou com o Urso de Ouro) pela comovente interpretação
da personagem Dora, que levou um crítico de cinema internacional a
dizer que um país com uma atriz desse porte tinha salvação.
Crendices e superstições,
deturpações do sentimento religioso que determinam comportamentos
irracionais, de caráter normativo e preconceituoso. Consistem,
essencialmente, na atribuição de causas sobrenaturais a fatos ou
fenômenos de ordem natural. Têm um conteúdo defensivo que nasce do medo,
cujas raízes se fundem na história do homem. O termo superstição vem do
latim (ver Língua latina) superstitio que comporta dois sentidos: o de sobrevivente, susperstes, e o de pairar, superstare.
Crendice é crença no sentido pejorativo: denota fé considerada absurda
ou supersticiosa. Entre as superstições mais difundidas no Brasil,
predominam as de origem européia, introduzidas pela colonização
portuguesa. A maioria estabelece normas de conduta relacionadas com a
vida cotidiana: levantar da cama com o pé direito, não passar debaixo de
uma escada, não se sentarem treze pessoas à mesa, não tirar as teias de
aranha da casa ou que uma noiva deve usar alguma coisa emprestada no
dia do casamento. Algumas superstições são expressas apenas por gestos:
bater na madeira com os nós dos dedos, fazer o sinal da cruz, ou cruzar o
dedo medio sobre o polegar, com o propósito de afastar o "mal" ou
atrair o "bem". Os amuletos como pés de coelho, galhos de arruda,
ferraduras (ver Mau-olhado),
santinhos, medalhas e fitas do Senhor do Bonfim também são usados,
superticiosamente, como exorcismos. Algumas pessoas elegem um amuleto
particular, geralmente uma peça de roupa, uma mecha de cabelo ou
qualquer outro objeto de referência pessoal. Os gestos e os amuletos
gozam de muito prestígio no meio teatral e esportivo. Acredita-se que o
gato-preto e o número treze são portadores da má sorte. Segundo a
tradição popular, o dia 13 pode ser fatídico quando cai em uma
sexta-feira do mês de agosto. A superstição atinge também certas pessoas
consideradas portadoras de falta de sorte e, por isto, denominadas de
"pés frios".
Etnias africanas no Brasil, nações que, durante o período colonial (ver
Brasil colonial), chegaram no país através do tráfico negreiro. As
estatísticas sobre estes povos foram destruídas após a abolição (ver
Lei Áurea), mas historiadores afirmam que o número de escravos variou
entre 3 e 18 milhões. Estudos clássicos indicam que os povos africanos (ver
África) expatriados para o Brasil podem, segundo sua procedência, ser
divididos em três grandes categorias: sudaneses, bantos e guineanos. Os
sudaneses também são conhecidos como negros maometanos. Os bantos,
originários do Sul da África, tiveram como destino os estados do
Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro, de onde migraram em pequenos
grupos para Alagoas, Pará, Minas Gerais e São Paulo. Deve-se aos bantos a
entrada no Brasil das festas do boi, do louvor a São Benedito, da
capoeira, do samba, do batuque e de alguns instrumentos musicais, entre
eles, o berimbau. Os negros sudaneses, provenientes do Níger, na África
Ocidental, foram introduzidos na Bahia para trabalhar na lavoura, de
onde se espalharam pelo Recôncavo. Os sudaneses — mais desenvolvidos e
capazes de preservar seus costumes durante os séculos de escravidão —
são os responsáveis pela incorporação do candomblé à cultura brasileira.
Esta foi a principal contribuição da mitologia jeje-nagô, de cujos
cultos compartilhavam os iorubás, os ewes, os thsis e os gás, entre
outros. Os negros maometanos, trouxeram o islamismo (ver
Islã) para o Brasil. Foram exterminados no começo do século XIX porque,
por serem alfabetizados, costumavam liderar todas as revoltas de
escravos. Após uma série de insurreições de caráter religioso,
insufladas pelos maometanos, estes foram massacrados pelos senhores da
velha cidade da Bahia. As principais nações desse grupo eram os peules
(fulas), mandingas (solinkês e bambaras), hauçás, tapas, borens e
gurunsis. Embora não reverenciassem os orixás, eram conhecidos como
grandes feiticeiros, deixando incorporada a palavra “mandinga” à
língua portuguesa. Deve-se também a eles o hábito de os negros usarem
amuletos, muitas vezes no pescoço, escapulários com orações milagrosas
para fechar o corpo contra os perigos, inclusive mordidas de cobra e
tiros. Os maometanos também deixaram vestígios na culinária. O arroz de
hauçá é uma receita dos negros maometanos.
Feitiço, qualquer fórmula, ato ou objeto que se supõe ter poder de evitar o perigo ou atrair boa sorte.
Fetichismo, o termo é deriva da palavra latina facticius, sendo, posteriormente, na África, adaptado ao francês fetiche,
por ocasião dos estudos das religiões primitivas africanas. Por
analogia, usa-se, no português a expressão fetichismo, objeto de culto
forte por associação simbólica ao ritual que o acompanha. Pode ser
qualquer coisa inanimada onde é reconhecido um espírito estranho,
apreciado não por si próprio mas por algum poder místico associado a
ele. No marxismo há o conceito de fetichismo da mercadoria, para indicar
a transferência de relações sociais para as coisas, e no campo
religioso têm importância as relíquia, os amuletos e os talismãs. Entre
os latinos, a figa é um fetiche muito difundido. É a mão humana em que o
polegar está colocado entre o médio e o indicador, símbolizando a
reprodução e anulando as influências negativas da esterilidade. Pode ser
confeccionada em materiais diversos - bronze, ouro, prata, barro, osso,
coral. Suas cores têm significados distintos: a preta livra do
mau-olhado, a vermelha dá sorte, a amarela estimula a memória, a rosa
significa recordação e a verde a esperança. Ainda é reconhecido entre
seus poderes: afastar maldades e contratempos, e atrair a felicidade. Se
guardadas no armário atraem dinheiro, e quando achadas trazem boa
sorte. Quando empregado no campo sexual, o termo é chamado de fetichismo
erótico para designar atração sexual por determinadas partes do corpo
ou por algum objeto associado ao prazer físico, tais como meias
femininas ou algemas. Nos cultos jejê-nagô cada orixá possui o seu
fetiche.
Magia negra,
arte de influir no curso dos acontecimentos ou adquirir conhecimento
por meios sobrenaturais. A magia está relacionada com a alquimia, o
ocultismo, o espiritismo, a superstição e a bruxaria. O termo deriva do
persa antigo magi (magos),
referindo-se a sacerdotes que se ocupavam do relacionamento com o
oculto. Os gregos e romanos também praticaram a magia. Segundo os
antropólogos, as crenças e práticas mágicas — leitura da sorte, a
comunicação com os mortos, a astrologia e a crença nos números e
amuletos da sorte — existem na maioria das culturas. A magia se divide
em branca, ou boa, e negra, a maligna. A magia branca é usada para
eliminar ou abrandar efeitos da magia negra que se invoca para matar,
fazer mal ou satisfazer ao próprio egoísmo. Durante a Idade Média, a
magia negra se baseava na bruxaria, feitiçaria e invocação dos demônios.
A magia branca se assentava na astrologia e no uso de diversas ervas.
Magia,
variedade de práticas, apoiadas na crença em sua eficácia, usadas como
meio de lidar com os problemas da vida. Os rituais mágicos têm sido
tradicionalmente ligados ao sobrenatural, envolvendo objetos como
talismãs, amuletos, balangandãs, substâncias vegetais e animais,
fórmulas verbais, encantamentos, palavras mágicas e juramentos. As
práticas rituais classificadas como adivinhações são usadas para
descobrir as causas de doenças, mortes ou falhas, ou para descobrir o
futuro. Outros atos e objetos de magia são usados para proteger contra
males ou para intimidar ou prejudicar aos inimigos.
Mau-olhado,
poder maléfico atribuído ao olhar de certas pessoas. Este mito é
universal e, desde a mais remota antigüidade, povos de diferentes
culturas deixaram citações sobre ele. Acredita-se que o mau-olhado é
capaz de provocar desgraças, doenças e até a morte. Pode atingir também
animais e plantas, principalmente a pimenteira, considerada muito
sensível a este sortilégio. A arruda, o alecrim e o manjericão afastam o
mau-olhado. Benzeduras, defumações e amuletos - como o pé de coelho, a
figa e a ferradura - também são usados para afugentar mau-olhado. Quando
alguém adoece repentinamente ou sofre de moléstia não identificada, o
povo diz que é "quebranto", ou seja, mau-olhado.
Olhar-de-seca-pimenteira, olhar-de-matar-pinto e olho-grande são outras
denominações do mau-olhado.
Medicina popular,
resulta da interpenetração da cultura portuguesa, africana e indígena,
abrangendo tanto conhecimentos de base empírica quanto elementos mágicos
ou religiosos. FITOTERAPIA A cultura brasileira valoriza a fitoterapia
(tratamento à base de ervas). No Brasil, são comuns as receitas de
chás, mezinhas, compressas, xaropes e ungüentos cuja matéria-prima é
sempre uma planta, erva ou raiz. Ao longo dos séculos - já que cultura
médica indígena se fundamentava nesta prática -, a fitoterapia vem sendo
usada pela população, sobretudo entre as camadas mais carentes. Não há
brasileiro que não saiba uma receita de chá de boldo para o fígado, de
erva-doce para o intestino, de quebra-pedra para os rins, xarope de
agrião como expectorante ou a compressa de arnica como
anti-inflamatório. A partir da década de 70, passou-se a valorizar a
medicina alopática, baseada em medicamentos químicos. Ao mesmo tempo, a
indústria farmacêutica intensificava estudos sobre o uso de plantas e
raízes brasileiras cujo princípio ativo, o conhecimento empírico
apontava na prática. O impulso recebido pela fitoterapia nos últimos
anos decorre não só destes aspectos, mas, também, de uma crescente
consciência ecológica que se difunde na sociedade. Atualmente, a
fitoterapia faz parte da política de saúde pública, fundamentada na
necessidade de se atender segmentos sociais menos favorecidos que
necessitam de um atendimento eficiente, mas de baixo custo. ELEMENTOS
MÁGICOS E RELIGIOSOS Tem sido bastante estudado o componente
psíquico-religioso que atribui a determinados indivíduos poderes
especiais que lhes permitem práticas curativas. Neste casos, a crença é
um elemento fundamental. Ao curandeiro (ver
Curandeirismo) ou rezadeira atribui-se a capacidade de - fazendo o
sinal da cruz e rezando sobre a cabeça ou as roupas de um doente -
expulsar o mal que o afeta.Um curandeiro usa, paralelamente ao seu
"poder" de cura, ervas ou mezinhas que ajudam a reza. Já a rezadeira
recorre à orações, gestos e palavras. Há, também, uma profilaxia mágica
que busca criar defesa prévia ao mal possível, valendo-se de relíquias,
bentinhos, amuletos, patuás, santinhos, talismãs. Ou a crença na ajuda
divina que, sensibilizada por novenas, promessas ou romarias, pode
debelar um mal: os ex-votos colocados em igrejas e lugares santos
confirmam o "agradecimento pela graça recebida".Às vezes, julga-se
necessário uma cerimônia maior, como é o caso da pajelança ou da toré,
da cultura indígena, que invoca os caboclos e seus poderes. Ações
realizadas por beatos ou milagreiros, intervenções feitas por médiuns
que se acreditam dotados de poderes especiais e "simpatias" capazes de
afastar doenças também fazem parte do ritual da medicina popular.
Muiraquitã, amuleto em jade trabalhado em forma de animal que, no Baixo Amazonas (ver
Amazônia), usa-se pendurado no pescoço, como proteção mágica. A lenda
afirma que o muiraquitã era o presente dado pelas guerreiras amazonas
aos homens que as visitavam anualmente. A pedra, retirada ainda mole do
fundo do rio e moldada pelas mulheres com os dedos, endurecia ao contato
com o ar.
IDADE
MÉDIA - No Médio Império, também foram produzidos magníficos trabalhos
de arte decorativa, particularmente jóias feitas em metais preciosos com
incrustação de pedras coloridas. Neste período aparece a técnica do
granulado e o barro vidrado alcançou grande importância para a
elaboração de amuletos e pequenas figuras.
Patuá,
amuleto que consiste em um pequeno saco de pano, em cujo interior
costura-se a cópia de uma oração ou uma relíquia. Acredita-se que a
força do amuleto garantirá a quem o usa muitos benefícios: desde corpo
fechado até sorte no jogo e no amor.
PREPARAÇÃO
E DESPEDIDA DO CADÁVER Em todas as sociedades se prepara o cadáver
antes de colocá-lo definitivamente no féretro. Os primeiros enterros de
que se têm evidências são de grupos de Homo sapiens.
Os restos arqueológicos indicam que o homem de Neandertal pintava seus
mortos com vermelho ocre. As práticas de lavar o corpo, vesti-lo com
roupas especiais e adorná-lo com objetos religiosos ou amuletos são
muito comuns. Muitas vezes os pés do falecido são atados, talvez com a
intenção de impedir que o espírito saia do corpo. O tratamento mais
meticuloso é o de embalsamamento, que nasceu, quase que seguramente, no
antigo Egito. Os egípcios acreditavam que o corpo tinha que estar
intacto para que a alma pudesse passar para a vida seguinte, e para
conservá-lo desenvolveram o processo da mumificação. Na sociedade
ocidental moderna esse processo é realizado para evitar que os
familiares tenham que enfrentar o processo de putrefação dos restos.
Runas,
cada um dos caracteres do alfabeto que foi usado pelos povos
germânicos. Em toda a Europa ocidental, encontraram-se inscrições
rúnicas em monumentos de pedra e em objetos metálicos, como pontas de
lança e amuletos. O alfabeto rúnico, que previamente havia recebido o
nome de futhark, era formado em sua origem por 24 caracteres.
Sino,
instrumento musical de percussão em forma de taça invertida, geralmente
de metal, às vezes de madeira, cerâmica ou outros materiais, que soa
quando golpeado com badalo ou com martelo. O badalo é acionado (tangido)
pelo lado de dentro do sino. O martelo, manejado de forma manual ou
mecânica, bate pelo lado externo. Classifica-se entre os idiofones
(instrumentos em que o som é produzido pela vibração do próprio material
de que são feitos). Os sinos já eram conhecidos na China antes de 2000
a.C. e também no Egito, na Índia, na Grécia e em Roma, assim como em
outras culturas antigas. Foram usados desde o início como meio de
comunicação, como objetos rituais e como amuletos mágicos protetores.
Seu uso nas igrejas estendeu-se pela Europa, do século VI ao IX. Os
sinos utilizados nas orquestras são simples jogos de tubos metálicos
afinados e percutidos com a baqueta.
Talismã, do grego telesma (cerimônia religiosa). É um objeto ou símbolo que, se supõe, beneficia a quem o possui.
Uirapuru (folclore),
pássaro da Amazônia que, segundo a lenda, enfeitiça todos os que
escutam seu canto. Dizem, na Amazônia, que quando o uirapuru canta,
todos os demais pássaros silenciam e se aglomeram para escutá-lo. Morto,
e preparado por um pajé, transforma-se em amuleto, podendo ser guardado
dentro de casa ou enterrado à entrada para proteger os moradores. Este
mito é de origem indígena e, com o passar dos anos, começou a ser
projetado sobre diferentes tipos de pássaro.