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Ateísmo |
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Ateísmo, num sentido amplo, é a rejeição ou ausência da
crença na
existência de divindades e outros seres
sobrenaturais.
1 O ateísmo é contrastado com o
teísmo,
2 3 que em sua forma mais geral é a crença de que existe pelo menos uma divindade.
3 4 5 6 Num sentido mais restrito, o ateísmo é precisamente a posição de que não existem
divindades.
7
O termo ateísmo, proveniente do
grego clássico ἄθεος (
transl.:
atheos), que significa "sem Deus", foi aplicado com uma conotação negativa àqueles que se pensava rejeitarem os
deuses adorados pela maioria da
sociedade. Com a difusão do
pensamento livre, do
ceticismo científico e do consequente aumento do
criticismo à religião, a aplicação do termo foi reduzida em seu escopo. Os primeiros indivíduos a identificarem-se como "ateus" surgiram no
século XVIII.
8
Os ateus tendem a ser
céticos em relação a afirmações sobrenaturais, citando a falta de evidências
empíricas.
Os ateus têm oferecido vários argumentos para não acreditar em qualquer
tipo de divindade. O complexo ideológico ateísta inclui: o
problema do mal, o argumento das revelações inconsistentes e o
argumento da descrença. Outros argumentos do ateísmo são filosóficos, sociais e históricos. Embora alguns ateus adotem filosofias
seculares,
9 10 não há nenhuma ideologia ou um conjunto de comportamentos a que todos os ateus aderem.
11 Na
cultura ocidental, assume-se frequentemente que os ateus são
irreligiosos embora outros ateus sejam
espiritualistas.
12 Ademais, o ateísmo também aparece em certos sistemas religiosos e de crenças espirituais, como o
jainismo,
budismo e
hinduísmo. O jainismo e algumas formas de budismo não defendem a crença em deuses,
13 enquanto o hinduísmo mantém o ateísmo como um conceito válido, mas difícil de acompanhar espiritualmente.
14
Como os conceitos sobre o ateísmo variam, é difícil determinar quantos ateus existem no mundo atualmente.
15 Segundo uma estimativa, cerca de 2,3% da população mundial descreve-se como ateia, enquanto 11,9% descreve-se como
não-religiosa.
16 De acordo com outra estimativa, as taxas de ateísmo auto-relatado são mais altas em
países ocidentais, embora também varie bastante em grau —
Estados Unidos (4%),
Itália (7%),
Espanha (11%),
Reino Unido (17%),
Alemanha (20%) e
França (32%).
17
Etimologia
No
grego antigo, o
adjetivo ἄθεος (
transl.:
atheos) é formado pelo prefixo
a, significando "ausência" e o radical "teu", derivado do grego
theós, significando "deus". O significado literal do termo é, então, "sem deus".
A palavra passou a indicar de forma mais direta pessoas que não acreditavam em deuses no
século V a.C., adquirindo definições como "cortar relações com os deuses" ou "negar os deuses". O termo
ἀσεβής (
asebēs)
passou então a ser aplicado contra aqueles que impiamente negavam ou
desrespeitavam os deuses locais, ainda que crendo em outros deuses.
Modernas traduções de textos clássicos, por vezes tornam
atheos em "ateu". Como substantivo abstrato, também existia ἀθεότης (
atheotes), "ateísmo".
Cícero traduziu a palavra do grego para o
latim como
atheos. O termo era frequentemente usado pelas duas partes, no sentido pejorativo, no debate entre os
primeiros cristãos e os
helênicos.
18
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Durante os séculos XVI e XVII, a palavra "ateu" ainda era reservada exclusivamente para a polêmica … O termo "ateu" era um insulto. Não ocorreria a alguém autodenominar-se ateu. |
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O termo "ateísmo" foi utilizado pela primeira vez para descrever uma crença autoconfessa na Europa do final do
século XVIII, especificamente denotando descrença no deus
monoteísta abraâmico.
20
No
século XX, a
globalização contribuiu para a expansão do termo para referir-se à descrença em todos os
deuses, embora ainda seja comum na
sociedade ocidental descrever o ateísmo como simples "descrença em Deus."
21
Mais recentemente, tem havido um movimento em certos círculos
filosóficos para redefinir ateísmo como a "ausência de crença em
divindades", e não como uma crença em si mesmo; esta definição tornou-se
popular em comunidades ateístas, embora sua utilização tenha sido
limitada.
21 22 23
Definição e distinções
Autores discutem entre si sobre qual a melhor forma de definir e
classificar o "ateísmo", contestando quais as entidades sobrenaturais a
que o termo se aplica, se é uma afirmação por direito próprio ou se é
meramente a ausência de uma, e se requer uma rejeição consciente,
explícita. Uma variedade de categorias têm sido propostas para tentar
distinguir as diferentes formas de ateísmo.
24
Abrangência
Alguma da ambiguidade e controvérsia envolvida na definição do ateísmo resulta da dificuldade em chegar a um
consenso sobre a definição de palavras como "
divindade" e "
Deus". A pluralidade de
concepções muito diferentes de deus e de divindades conduz a ideias conflituosas sobre a aplicabilidade do ateísmo. Os
antigos romanos acusavam os
cristãos de serem ateus por não adorarem os seus deuses
pagãos. Aos poucos, essa visão caiu em desuso, pois o
teísmo passou a ser entendido como a crença em qualquer divindade.
25
No que diz respeito à gama de fenômenos sendo rejeitados, o ateísmo
pode contrapor-se a qualquer coisa desde a existência de uma divindade à
existência de quaisquer conceitos espirituais, sobrenaturais ou
transcendentais, como os do
budismo,
hinduísmo,
jainismo e
taoísmo.
25
Implícito versus explícito
Um
Diagrama de Venn mostrando a relação entre as definições de
ateísmo fraco/
forte e ateísmo implícito/explícito. Ateus explícitos fortes/positivos/duros (em roxo à direita) afirmam que
"existe pelo menos uma deidade"
é uma afirmação falsa. Os ateus explícitos fracos/negativos/suaves (em
azul à direita) rejeitam ou distanciam-se da crença de que existe
qualquer deidade sem realmente afirmarem que
"pelo menos uma deidade existe"
é uma afirmação falsa. Os ateus implícitos/fracos/negativos (em azul à
esquerda) incluiriam pessoas (como crianças pequenas e alguns
agnósticos) que não creem numa deidade, mas que não rejeitaram
explicitamente tal crença. (Os tamanhos no diagrama não são
representativos dos tamanhos relativos dentro de uma população.)
As definições do ateísmo também variam quanto ao grau de consideração
que uma pessoa deve dar à ideia de deus (ou deuses) para ser
considerado um ateu. O ateísmo tem sido por vezes definido para incluir a
simples ausência de crença na existência de qualquer divindade. Essa
definição ampla incluiria os
recém-nascidos e outras pessoas que não tenham sido expostas a ideias
teístas. Já em 1772, o
Barão d'Holbach disse que: "Todas as crianças nascem ateias, elas não têm ideia de Deus".
26 Do mesmo modo,
George H. Smith
sugeriu em 1979 que: "O homem que não está familiarizado com o teísmo é
ateu porque não acredita em um deus. Esta categoria também incluiria a
criança com a capacidade conceitual de compreender as questões
envolvidas, mas que ainda não tomou conhecimento dessas questões. O fato
de que esta criança não acredita em Deus qualifica-a como ateu."
27
Smith cunhou o termo "ateísmo implícito" para se referir à "ausência de
crença teísta sem uma rejeição consciente dela" e "ateísmo explícito"
para referir-se à definição mais comum de descrença consciente.
Ernest Nagel
contradiz a definição de Smith sobre o ateísmo como uma mera "ausência
de teísmo", reconhecendo apenas o ateísmo explícito como "ateísmo"
verdadeiro.
28
Positivo versus negativo
Filósofos como
Antony Flew29 e
Michael Martin30
têm contrastado o ateísmo positivo (forte/duro) com o ateísmo negativo
(fraco/suave). O ateísmo positivo é a afirmação explícita de que os
deuses não existem. O ateísmo negativo inclui todas as outras formas de
não-teísmo. Segundo esta classificação, quem não é um teísta é um ateu
negativo ou positivo.
31 Os termos "ateísmo forte" e "
ateísmo fraco"
são relativamente recentes, enquanto os termos "ateísmo negativo" e
"ateísmo positivo" são de origem mais antiga, tendo sido utilizados (de
maneira ligeiramente diferente) na literatura filosófica
29 e na
apologética católica.
32 Sob esta demarcação do ateísmo, a maioria dos agnósticos podem ser qualificados como ateus negativos.
Enquanto Martin, por exemplo, afirma que o
agnosticismo implica o "ateísmo negativo",
30
a maioria dos agnósticos vêem o seu ponto de vista como distinto do
ateísmo, o qual podem considerar tão pouco justificado como o
teísmo ou como requerendo igual convicção.
33
A afirmação da intangibilidade do conhecimento a favor ou contra a
existência de deuses é às vezes vista como indicação de que o ateísmo
requer
fé.
34 As respostas comuns de ateus contra este argumento incluem que proposições
religiosas não comprovadas merecem tanta descrença quanto todas as outras proposições não comprovadas
35 e que a improbabilidade da existência de um deus não implica igual probabilidade para ambas as possibilidades.
36
O filósofo escocês J.J C. Smart argumenta ainda que "às vezes uma
pessoa que é realmente ateia pode descrever-se, mesmo apaixonadamente,
como agnóstica devido ao irrazoável
ceticismo filosófico generalizado que nos impediria de dizer que sabemos alguma coisa qualquer, exceto, talvez, as verdades da
matemática e da
lógica formal."
37 Por conseguinte, alguns autores ateus como
Richard Dawkins
preferem distinguir as posições teísta, agnóstica e ateia segundo a
probabilidade que cada uma delas atribui à afirmação "Deus existe".
38
Definição como impossível ou impermanente
Antes do
século XVIII, a
existência de Deus era tão universalmente aceita no
mundo ocidental, que mesmo a possibilidade do ateísmo verdadeiro era questionada. Isso é chamado de
inatismo teísta,
a noção de que todas as pessoas acreditam em Deus, desde o nascimento;
dentro desta visão estava a conotação de que os ateus estão simplesmente
em negação.
39
Existe também uma posição alegando que os ateus são rápidos a
acreditar em Deus em tempos de crise, que os ateus fazem conversões no
leito de morte, ou de que "não existem ateus nas trincheiras."
40 Alguns defensores dessa posição afirmam que um dos benefícios da religião é que a
fé religiosa permite aos
seres humanos suportarem melhor as dificuldades, funcionando como o "
ópio do povo". Contudo, tem havido exemplos do contrário, entre os quais exemplos de literais "ateus nas trincheiras."
41
Outro uso do termo "ateísmo positivo"
Como mencionado acima, os termos "positivo" e "negativo" têm sido
usados na literatura filosófica de uma forma similar aos termos "forte" e
"fraco", respectivamente. No entanto, o livro
Ateísmo Positivo, de
Goparaju Ramachandra Rao, publicado pela primeira vez em 1972, introduziu um uso alternativo do termo.
42 Tendo crescido em um
sistema hierárquico com uma base religiosa, Gora pedia uma
Índia secular e sugeriu diretrizes para uma filosofia ateísta positiva, ou seja, uma que promova os valores positivos.
43
O ateísmo positivo, definido desta forma, implica coisas como
moralmente reto, mostrando um entendimento de que as pessoas religiosas
têm razões para acreditar, sem
proselitismo
ou dando lições sobre o ateísmo e defender-se com honestidade, em vez
de com o objetivo de "ganhar" qualquer confronto com os críticos
sinceros.
Conceitos filosóficos
Barão d'Holbach, um defensor do ateísmo no
século XVIII.
A fonte da infelicidade do homem é a sua ignorância da Natureza. A
pertinácia com que ele se agarra a opiniões cegas absorvidas em sua
infância, que se entrelaçam com sua existência, o preconceito
consequente que deforma sua mente, que impede sua expansão, que o torna o
escravo da ficção, parece condená-lo ao erro contínuo. d'Holbach em O Sistema da Natureza44
A mais ampla demarcação da lógica ateísta é entre o ateísmo prático e teórico.
Ateísmo prático
No ateísmo
prático ou
pragmático, também conhecido como
apateísmo,
os indivíduos vivem como se não existissem deuses e explicam fenômenos
naturais sem recorrer ao divino. A existência de deuses não é rejeitada,
mas pode ser designada como desnecessária ou inútil; de acordo com este
ponto de vista os deuses não dão um propósito à vida, nem influenciam a
vida cotidiana.
45 Uma forma de ateísmo prático, com implicações para a
comunidade científica, é o
naturalismo metodológico - a "adoção tácita ou assunção do naturalismo filosófico no
método científico, aceitando-o ou nele acreditando, totalmente ou não."
46
O ateísmo prático pode assumir várias formas:
- Ausência de motivação religiosa — a crença em deuses não motiva a ação moral, a ação religiosa, ou qualquer outra forma de ação;
- Exclusão ativa do problema dos deuses e da religião da busca intelectual e de ações concretas;
- Indiferença — a ausência de qualquer interesse pelos problemas dos deuses e da religião; ou
- Desconhecimento do conceito de uma divindade.47
Ateísmo teórico
Argumentos ontológicos
O ateísmo teórico postula explicitamente argumentos contra a existência de deuses, respondendo a
argumentos teístas comuns, como o
argumento teleológico ou a
Aposta de Pascal. Na verdade, o
ateísmo teórico é principalmente uma
ontologia, precisamente uma ontologia física.
Argumentos epistemológicos
O ateísmo
epistemológico
argumenta que as pessoas não podem conhecer um Deus ou determinar a
existência de um Deus. O fundamento do ateísmo epistemológico é o
agnosticismo, o qual assume uma variedade de formas. Na filosofia da
imanência, a divindade é inseparável do próprio mundo, incluindo a mente de uma pessoa e a
consciência de cada pessoa está bloqueada no
sujeito.
De acordo com esta forma de agnosticismo, esta limitação de perspectiva
impede qualquer inferência objetiva, desde a crença em um deus às
afirmações de sua existência. O agnosticismo
racionalista de
Kant e do
Iluminismo
só aceita o conhecimento deduzido com a racionalidade humana. Esta
forma de ateísmo afirma que os deuses não são perceptíveis como uma
questão de princípio e, portanto, sua existência não pode ser conhecida.
O
ceticismo, baseado nas ideias de
Hume,
afirma que a certeza sobre qualquer coisa é impossível, por isso nunca
se pode saber da existência de um Deus. A inclusão do agnosticismo no
ateísmo é disputada; também pode ser considerado como uma visão básica
do mundo independente.
45
Outros argumentos para o ateísmo, que podem ser classificados como epistemológicos ou ontológicos, incluem o
positivismo lógico e o
ignosticismo, que afirmam a falta de sentido ou ininteligibilidade de termos e frases básicos tais como "Deus" e "Deus é todo-poderoso." O
não cognitivismo teológico
afirma que a declaração "Deus existe" não expressa uma proposição,
sendo antes absurda ou cognitivamente sem sentido. Tem sido argumentado
em ambos os sentidos sobre se tais indivíduos podem ser classificados em
alguma forma de ateísmo ou agnosticismo. Os filósofos
A. J. Ayer e
Theodore M. Drange rejeitam ambas as categorias, afirmando que ambos os campos aceitam a frase "Deus existe" como uma
proposição; eles, ao invés, classificam o não cognitivismo na sua própria categoria.
48 49
Argumentos metafísicos
Um autor escreve:
|
O ateísmo metafísico...inclui todas as
doutrinas ligadas ao monismo metafísico (a homogeneidade da realidade). O
ateísmo metafísico pode ser: a) absoluto - uma negação explícita da
existência de Deus associada com o monismo materialista (todas as
tendências materialistas, tanto nos tempos antigos quanto nos modernos);
b) relativo - a negação implícita de Deus em todas as filosofias que,
apesar de aceitarem a existência de um absoluto, concebem o absoluto
como não possuindo qualquer um dos atributos próprios de Deus:
transcendência, um caráter ou unidade pessoal. O ateísmo relativo está
associada com o monismo idealista (panteísmo, panenteísmo, deísmo). |
|
Argumentos lógicos
Epicuro é creditado como sendo o primeiro a expor o
problema do mal.
David Hume, em seus
Diálogos sobre a Religião Natural (1779), citou Epicuro ao afirmar o argumento como uma série de perguntas:
51 "
[Deus]
quer impedir o mal, mas não é capaz? Então ele é impotente. Ele é
capaz, mas não está disposto? Então, ele é malévolo. Ele é capaz e
disposto? Donde vem então o mal?"
O ateísmo lógico sustenta que às diversas
concepções de deuses, como o
deus pessoal do
cristianismo,
são atribuídas qualidades logicamente inconsistentes. Os ateus
apresentam argumentos dedutivos contra a existência de Deus que afirmam a
incompatibilidade entre certas características, como a perfeição,
estatuto de criador,
imutabilidade,
onisciência,
onipresença,
onipotência,
onibenevolência,
transcendência, a pessoalidade (um ser pessoal), não-fisicalidade,
justiça e
misericórdia.
52
Os ateus
teodiceanos
acreditam que o mundo como o experimentam não pode ser conciliado com
as qualidades normalmente atribuídas a Deus e aos deuses pelos
teólogos. Eles argumentam que um Deus onisciente, onipotente e onibenevolente não é compatível com um mundo onde existe o
mal e o
sofrimento, e onde o amor divino está escondido de muitas pessoas.
53 Um argumento semelhante é atribuído a
Siddhartha Gautama, o fundador do
budismo.
54
Redução da importância da religião
Filósofos como
Ludwig Feuerbach55 e
Sigmund Freud
argumentaram que Deus e outras crenças religiosas são invenções
humanas, criadas para atender a várias necessidades psicológicas e
emocionais. Esta é também uma visão de muitos
budistas.
56 Karl Marx e
Friedrich Engels, influenciados pela obra de
Feuerbach, argumentaram que a crença em Deus e na religião são funções sociais, utilizadas por aqueles no poder para oprimir a
classe trabalhadora. De acordo com
Mikhail Bakunin, "a ideia de Deus implica a abdicação da
razão
e da justiça humanas; é a negação mais decisiva da liberdade humana, e,
necessariamente, termina na escravização da humanidade, na teoria e na
prática." Ele inverteu o famoso aforismo de
Voltaire
de que se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo, escrevendo que
"se Deus realmente existisse, seria necessário aboli-lo."
57
Alternativos
O ateísmo
axiológico, ou construtivo, rejeita a existência de deuses em favor de um "absoluto maior", como a
humanidade.
Esta forma de ateísmo favorece a humanidade como fonte absoluta da
ética e valores, e permite que os indivíduos resolvam problemas morais,
sem recorrerem a Deus. Marx e Freud utilizaram este argumento para
transmitir mensagens de libertação, de desenvolvimento integral e de
felicidade sem restrições.
45
Uma das críticas mais comuns ao ateísmo tem sido a tese contrária: que negar a existência de um deus conduz ao
relativismo moral, deixando o indivíduo sem fundamento moral ou ético,
58 ou torna a vida sem sentido e miserável.
59 Blaise Pascal argumentou esta visão nos seus
Pensées.
60
Existencialismo ateísta
O filósofo francês
Jean-Paul Sartre identificou-se como um representante de um "
existencialismo ateísta",
61
menos preocupado com negar a existência de Deus do que estabelecer que o
"homem precisa... encontrar-se novamente e entender que nada pode
salvá-lo de si mesmo, nem mesmo uma prova válida da existência de
Deus.""
62 Sartre disse que um
corolário
de seu ateísmo era que "se Deus não existe, há pelo menos um ser no
qual a existência precede a essência, um ser que existe antes que ele
possa ser definido por qualquer conceito, e ... este ser é o homem."
61 A consequência prática desse ateísmo foi descrita por Sartre no sentido de que não há regras
a priori
ou valores absolutos que podem ser invocados para governar a conduta
humana e que os humanos estão "condenados" a inventar estes por si
mesmos, tornando o "homem" absolutamente "responsável por tudo que ele
faz."
63
O acadêmico Rhiannon Goldthorpe sugeriu que alguns dos escritos de
Sartre estavam "permeados por um 'ateísmo cristão', no qual crenças
antigas ainda alimentam a imaginação e a sensibilidade do cético mais
radical."
64 O acadêmico Priest Stephen descreve a perspectiva de Sartre como "uma metafísica ateísta."
65
O tradutor de Sartre, Hazel Barnes, escreveu sobre aquele: "O Deus que
ele rejeita não é um poder vago, um X desconhecido que explicaria a
origem do universo, nem tão pouco é um ideal ou um mito para simbolizar a
busca do homem pelo Bem. É especificamente o Deus dos
Escolásticos ou, pelo menos, qualquer ideia de Deus como um Criador específico, todo-poderoso, absoluto e existente."
66
História
Apesar do termo
ateísmo ter origem na
França do
século XVI,
67 ideias que seriam hoje reconhecidas como ateístas estão documentadas desde a
antiguidade clássica e o
período védico.
Antiga religião hindu
Escolas ateístas são encontradas no
hinduísmo antigo, e existem desde o tempo da
religião védica. Entre as seis escolas
ortodoxas da filosofia hindu;
Sankhya, o mais antigo sistema filosófico não aceita Deus e a antiga
Mimamsa também rejeitava a noção de Deus,
68 e sustentava que a própria ação humana era suficiente para criar as circunstâncias necessárias à apreciação dos seus frutos.
69
A completamente materialista e antiteísta escola filosófica
Carvaka que se originou na
Índia em torno do
século VI a.C. é provavelmente a escola de filosofia mais explicitamente ateísta da Índia, similar à
escola cirenaica grega. Este ramo da filosofia indiana é classificado como
heterodoxo devido à sua rejeição da autoridade dos
Vedas
e não é considerado parte das seis escolas ortodoxas do hinduísmo, mas é
notável como evidência de um movimento materialista dentro do
hinduísmo.
70
Chatterjee e Datta explicam que a nossa compreensão da filosofia
Carvaka é fragmentária, baseada principalmente na crítica das suas
ideias por outras escolas, e que não é uma tradição viva:
|
Apesar do materialismo de uma forma ou de
outra ter estado sempre presente na Índia, e referências ocasionais
sejam encontradas nos Vedas, na literatura budista, nos épicos, bem como
nas obras filosóficas posteriores, não encontramos nenhum trabalho
sistemático sobre o materialismo, nem qualquer escola organizada de
seguidores como as outras escolas filosóficas possuem. Mas quase todos
os trabalhos das outras escolas mencionam, para refutação, os pontos de
vista materialistas. Nosso conhecimento do materialismo indiano
baseia-se sobretudo nesses trabalhos. |
|
Outras filosofias indianas geralmente consideradas como ateístas incluem
sankhya clássica e
mimāṃsā. A rejeição de um Deus criador pessoal também é observada no
jainismo e no
budismo na Índia.
72
Antiguidade clássica
O ateísmo ocidental tem suas raízes na
filosofia grega pré-socrática, mas não emerge como uma visão do mundo distinta até o final do
Iluminismo.
73 O filósofo grego do
século V a.C. Diágoras é conhecido como o "primeiro ateu"
74 e é citado como tal por
Cícero no seu
De Natura Deorum.
75 Crítias via a religião como uma invenção humana usada para assustar as pessoas e fazê-las seguir a ordem moral.
76 Atomistas como
Demócrito tentaram explicar o mundo de uma forma puramente
materialista,
sem referência ao espiritual ou místico. Entre outros filósofos
pré-socráticos, que provavelmente tinham pontos de vista ateístas,
incluem-se
Pródico e
Protágoras. No
século III a.C. os filósofos gregos
Teodoro, o Ateu75 77 e
Estratão de Lampsaco78 também não acreditavam que deuses existiam.
Sócrates (c. 471-399 a.C.) foi acusado de
impiedade (ver
Dilema de Eutífron) baseado no fato de ele ter inspirado o questionamento dos
deuses do Estado.
79 Embora ele tenha contestado a acusação de que era um "ateu completo",
80 dizendo que não podia ser um ateu, visto que acreditava em espíritos,
81 acabaria por ser condenado à morte. Sócrates também reza a vários deuses no
Fedro82 de Platão e diz "Por Zeus" no diálogo
A República.
83
Evêmero
(c. 330-260 aC) publicou sua visão de que os deuses eram apenas os
governantes, conquistadores e fundadores do passado deificados, e que os
seus cultos e religiões eram, em essência, a continuação dos reinos que
desapareceram e das estruturas políticas anteriores.
84
Embora não fosse estritamente um ateu, Evêmero mais tarde foi criticado
por ter "espalhado o ateísmo por toda a terra habitada ao obliterar os
deuses."
85
O atomista e materialista
Epicuro (c. 341-270 aC) disputou muitas doutrinas religiosas, incluindo a existência de
vida após a morte ou uma divindade pessoal; ele considerava a alma puramente material e mortal. Embora o
epicurismo não tenha descartado a existência de deuses, ele acreditava que, se existissem, eles estavam despreocupados com a humanidade.
86
O poeta
romano Lucrécio
(c. 99-55 aC), concordou que, se houvesse deuses, estavam
despreocupados com a humanidade e eram incapazes de afetar o mundo
natural. Por esta razão, ele acreditava que a humanidade não devia ter
medo do sobrenatural. Ele expõe seus pontos de vista epicuristas sobre o
cosmos,
átomos,
alma,
mortalidade e
religião em
De rerum natura (em
português:
"Sobre a natureza das coisas"),
87 que popularizou a
filosofia de Epicuro em
Roma.
88
O filósofo romano
Sexto Empírico defendia que se deve suspender o julgamento sobre praticamente todas as crenças - uma forma de
ceticismo conhecida como
pirronismo - que nada era inerentemente mau e que a
ataraxia
("paz de espírito") é atingível se nos refrearmos de julgar. O volume
relativamente grande de obras suas que sobreviveram, teve uma influência
duradoura sobre filósofos posteriores.
89
O significado do termo "ateu" mudou ao longo da antiguidade clássica. Os primeiros
cristãos eram rotulados como ateus pelos não-cristãos por causa da sua descrença nos deuses
pagãos.
90 Durante o
Império Romano, os cristãos foram executados por sua rejeição aos deuses romanos em geral e ao
culto imperial em particular. Quando o cristianismo se tornou a religião estatal de Roma sob o governo de
Teodósio I em 381, a heresia tornou-se um delito punível.
91
Início da Idade Média ao Renascimento
A adoção de pontos de vista ateístas era rara na
Europa durante a
Alta Idade Média e
Idade Média (ver
Inquisição medieval);
metafísica,
religião e
teologia eram os interesses dominantes.
92 Houve, no entanto, movimentos deste período que promoveram concepções
heterodoxas do
Deus cristão, incluindo pontos de vista diferentes sobre a
natureza, a
transcendência e a cognoscibilidade de Deus. Indivíduos e grupos, tais como
João Escoto Erígena,
David de Dinant,
Amalarico de Bena e os
Irmãos do Livre Espírito mantinham pontos de vista cristãos, mas com tendências
panteístas.
Nicolau de Cusa sustentava uma forma de
fideísmo que chamou de
docta ignorantia
("ignorância aprendida"), afirmando que Deus está além da categorização
humana e que o nosso conhecimento de Deus é limitado à conjectura.
Guilherme de Ockham
inspirou tendências antimetafísicas com a sua limitação nominalista do
conhecimento humano para objetos singulares e afirmou que a essência
divina não poderia ser intuitivamente ou racionalmente apreendida pelo
intelecto humano. Seguidores de Ockham, tais como
João de Mirecourt e
Nicolau de Autrecourt expandiram esta visão. A divisão resultante entre a
fé e a
razão influenciou teólogos posteriores, como
John Wycliffe,
Jan Hus e
Martinho Lutero.
92
A
Renascença foi muito importante na expansão do escopo da investigação cética e do
livre-pensamento. Indivíduos como
Leonardo da Vinci procuraram a experimentação como meio de explicação, e opuseram-se aos
argumentos de autoridade religiosa. Outros críticos da religião e da Igreja durante este tempo incluíram
Nicolau Maquiavel,
Bonaventure des Périers e
François Rabelais.
89
Início do período moderno
As eras do
Renascimento e da
Reforma
testemunharam um ressurgimento do fervor religioso, como evidenciado
pela proliferação de novas ordens religiosas, confrarias e devoções
populares no mundo
católico e o aparecimento de seitas
protestantes cada vez mais austeras, como os
calvinistas.
Esta era de rivalidade interconfessional permitiu uma abrangência ainda
maior de especulação teológica e filosófica, muita da qual viria a ser
usada para promover uma visão de mundo religiosamente cética.
A
crítica do cristianismo tornou-se cada vez mais frequente nos séculos XVII e XVIII, especialmente na
França e na
Inglaterra, onde parece ter existido um mal-estar religioso, de acordo com fontes contemporâneas. Alguns pensadores protestantes, como
Thomas Hobbes, defendiam uma filosofia materialista e um ceticismo em relação às ocorrências sobrenaturais, enquanto que o filósofo
judeu holandês Baruch Spinoza rejeitava a
providência divina em favor de um naturalismo
panenteísta. No final do
século XVII, o
deísmo passou a ser abertamente defendido por intelectuais como
John Toland, que cunhou o termo "
panteísta". Apesar de ridicularizarem o
cristianismo,
muitos deístas desprezavam o ateísmo. O primeiro ateu que se sabe ter
jogado fora o manto do deísmo, negando de modo contundente a existência
de deuses, foi
Jean Meslier, um padre francês que viveu no início do
século XVIII.
93 Ele foi seguido por outros pensadores abertamente ateus, como o
Barão d'Holbach e
Jacques-André Naigeon.
94 O filósofo
David Hume desenvolveu uma
epistemologia cética fundamentada no
empirismo, enfraquecendo a base metafísica da teologia natural.
A
Revolução Francesa tirou o ateísmo e o deísmo
anticlerical
dos salões e colocou-os na esfera pública. Um dos principais objetivos
da Revolução Francesa foi uma reestruturação e subordinação do
clero em relação ao
Estado através da
Constituição Civil do Clero. As tentativas para aplicá-la levaram à violência anticlerical e à expulsão de muitos clérigos da
França. Os eventos políticos caóticos da
Paris revolucionária, acabaram por permitir aos
jacobinos mais radicais tomar o poder em 1793, inaugurando o
Reino do Terror. Os jacobinos eram deístas e introduziram o
Culto do Ser Supremo como uma
religião estatal da França. Alguns ateus próximos de
Jacques Hébert procuraram estabelecer um culto da razão, uma forma de pseudo-religião ateia com uma deusa personificando a
razão. Ambos os movimentos, em parte, contribuíram para as tentativas forçadas de descristianizar a França. O
Culto da Razão terminou depois de três anos, quando a sua liderança, incluindo Jacques Hébert, foi
guilhotinada pelos jacobinos. As perseguições anticlericais terminaram com a
Reação Termidoriana.
A
era napoleônica institucionalizou a
secularização da sociedade francesa e exportou a revolução para o norte da
Itália, na esperança de criar repúblicas flexíveis. No
século XIX, os ateus contribuíram para várias revoluções políticas e sociais, facilitando os
levantes de 1848, o
Risorgimento na Itália e o crescimento de um movimento
socialista internacional.
Na segunda metade do
século XIX, o ateísmo ganhou proeminência sob a influência de filósofos
racionalistas e
livre-pensadores. Muitos proeminentes filósofos alemães da época negaram a existência de divindades e eram
críticos da religião, incluindo
Ludwig Feuerbach,
Arthur Schopenhauer,
Max Stirner,
Karl Marx e
Friedrich Nietzsche.
95
Século XX
O ateísmo no
século XX,
particularmente na forma de ateísmo prático, avançou em muitas
sociedades. O pensamento ateu encontrou reconhecimento em uma ampla
variedade de outras filosofias mais amplas, como o
existencialismo, o
objetivismo, o
humanismo secular, o
niilismo, o
positivismo lógico, o
anarquismo, o
marxismo, o
feminismo96 e o movimento científico e
racionalista geral.
O positivismo lógico e o
cientificismo pavimentaram o caminho para o
neopositivismo, a
filosofia analítica, o
estruturalismo e o
naturalismo.
O neopositivismo e a filosofia analítica descartaram o racionalismo
clássico e a metafísica em favor do empirismo estrito e do
nominalismo epistemológico. Proponentes como
Bertrand Russell, rejeitaram enfaticamente a crença em Deus. Em seus primeiros trabalhos,
Ludwig Wittgenstein tentou separar a linguagem metafísica e sobrenatural do discurso racional.
A. J. Ayer
afirmou a inverificabilidade e a falta de sentido das afirmações
religiosas, citando a sua adesão às ciências empíricas. Relacionado com
esta ideia, o estruturalismo aplicado de
Lévi-Strauss ligou a origem da linguagem religiosa ao subconsciente humano ao negar o seu significado transcendental.
J. N. Findlay e
J. J. C. Smart argumentaram que a
existência de Deus não é logicamente necessária. Naturalistas e
monistas materialistas, tais como
John Dewey, consideravam o mundo natural como a base de tudo, negando a existência de Deus ou a
imortalidade.
37 97
O século XX também assistiu ao avanço político do ateísmo, estimulado pela interpretação das obras de
Marx e
Engels. Após a
Revolução Russa de 1917, houve mais
liberdade religiosa
para as minorias religiosas, o que durou alguns anos. Embora a
Constituição Soviética de 1936 garantisse a liberdade para realizar
cultos, o
Estado soviético, sob a política de
Estado ateu de
Stalin, não considerava a
religião
um assunto privado; o governo soviético ilegalizou o ensino religioso e
promoveu campanhas para convencer as pessoas a abandonar a religião.
98 99 100 101 102 Diversos outros
estados comunistas também se opuseram à religião e promoveram o
ateísmo estatal,
103 incluindo os antigos governos socialistas da
Albânia,
104 105 106 e, atualmente, da
China,
107 108 Coreia do Norte108 109 e
Cuba.
108 110
Outros líderes como
E. V. Ramasami Naicker (Periyar), um proeminente líder ateu da
Índia, lutaram contra o
hinduísmo e os
brâmanes por eles discriminarem e dividirem as pessoas em nome de
castas e religião.
111
Tal foi sublinhado em 1956, quando ele erigiu uma estátua representando
um deus hindu em uma representação humilde e fez declarações
antiteístas.
112
Em 1966, a
revista Time perguntava: "Deus está morto?",
113 em resposta ao
movimento teológico Morte de Deus, citando a estimativa de que quase metade de todas as pessoas no mundo viviam sob um poder anti-religioso e milhões mais na
África,
Ásia e
América do Sul pareciam não ter conhecimento sobre o Deus único.
114
Em 1967, o governo
albanês de
Enver Hoxha anunciou o fechamento de todas as instituições religiosas no país, declarando a Albânia o primeiro
estado oficialmente ateu,
115
embora a prática religiosa na Albânia tenha sido restaurada em 1991.
Estes regimes acentuaram as associações negativas do ateísmo,
especialmente onde o sentimento
anticomunista era forte, como nos
Estados Unidos, apesar do fato de que ateus proeminentes serem anticomunistas.
116
Século XXI
Desde a queda do
Muro de Berlim, o número de regimes ativamente anti-religiosos tem diminuído consideravelmente. Em 2006, Timothy Shah do
Fórum Pew
constatou "uma tendência mundial em todos os grandes grupos religiosos,
na qual movimentos baseados em Deus e na fé, em geral, estão
experimentando confiança e influência crescentes face aos movimentos e
ideologias seculares".
117
No entanto, Gregory S. Paul e Phil Zuckerman consideram isso um mito e
sugerem que a situação real é muito mais complexa e matizada.
118
A motivação religiosa dos
ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e as tentativas parcialmente bem-sucedidas do
Discovery Institute para mudar o currículo de ciências das escolas estadunidenses para incluir ideias
criacionistas, juntamente com o apoio dessas ideias pelo ex-
presidente George W. Bush em 2005, desencadearam uma onda de publicações de conhecidos autores ateus como
Sam Harris,
Daniel C. Dennett,
Richard Dawkins,
Victor J. Stenger e
Christopher Hitchens, cujas obras foram
best-sellers nos
Estados Unidos e em todo o mundo.
119
Um levantamento de 2010 descobriu que aqueles que se identificam como
ateus ou agnósticos estão, em média, mais bem informados sobre
religião
do que os seguidores das religiões principais. Descrentes tiveram
melhores pontuações respondendo a questões sobre os princípios centrais
das fés
protestante e
católica. Apenas fiéis
mórmons e
judeus tiveram tão boas pontuações sobre religião quanto os ateus e agnósticos.
120
O
Ateísmo 3.0 é um movimento dentro do ateísmo que não acredita na
existência de Deus, mas que diz que a
religião
tem sido benéfica para os indivíduos e para a sociedade, e que
eliminá-la é menos importante do que outras coisas que precisam ser
feitas.
121 122
Demografia
Porcentagem de pessoas em vários países europeus que disseram: "Eu não
acredito que haja algum tipo de espírito, Deus ou força vital." (2005)
123
É difícil quantificar o número de ateus no mundo. Institutos de
pesquisas de crença religiosa podem definir o "ateísmo" de várias
maneiras diferentes ou fazer diferentes distinções entre ateísmo,
convicções não-religiosas e crenças religiosas e espirituais
não-teístas.
124 Por exemplo, um ateu
hindu iria declarar-se como hindu, apesar de também ser, ao mesmo tempo, ateu.
125 Um estudo de 2005, publicado na
Encyclopædia Britannica, revelou que os
não-religiosos
representam cerca de 11,9% da população mundial e os ateus cerca de
2,3%. Este número não inclui aqueles que seguem religiões ateias, como
alguns
budistas.
16
Uma enquete realizada entre novembro e dezembro de 2006, publicada no
Financial Times, mostrou as taxas de população ateia nos
Estados Unidos e em cinco
países europeus.
As menores taxas de ateísmo estão nos Estados Unidos com apenas 4%; as
taxas de ateísmo nos países europeus pesquisados foram consideravelmente
mais altas:
Itália (7%),
Espanha (11%),
Reino Unido (17%),
Alemanha (20%) e
França (32%).
17 126 Os números europeus são semelhantes aos de uma pesquisa oficial da
União Europeia (UE), que relatou que 18% da população da UE não acredita em um
deus.
127
Outros estudos têm mostrado uma porcentagem estimada de ateus,
agnósticos e outros não-crentes em um deus pessoal de apenas um dígito
em países como
Polônia,
Romênia,
Chipre e outros países europeus,
128 e de até 85% na
Suécia, 80% na
Dinamarca, 72% na
Noruega e 60% na
Finlândia.
15 Segundo o
Australian Bureau of Statistics, 19% dos
australianos declararam-se como "
sem religião", uma categoria que inclui os ateus.
126 Entre 64% e 65% dos
japoneses são ateus, agnósticos, ou não acreditam em um deus.
15
|
Somente na Europa, nos últimos 100 anos, o ateísmo cresceu de aproximadamente 1,7 milhão para cerca de 130 milhões de pessoas. |
— Centro de Treinamento Cristão European Apologetics Network, de Londres129
|
Na
América Latina os índices de ateísmo variam de 1 a 3%, exceto em
Cuba (7%),
México (7%),
Argentina (8%) e
Uruguai (12%).
130 No Uruguai, entre 30 e 50% da população assume não ter religião.
130
Mapa indicando a porcentagem de ateus e agnósticos no mundo (2007).
Um estudo internacional relatou correlações positivas entre os níveis de educação e os índices de descrença em uma divindade,
131 enquanto uma pesquisa da
União Europeia encontrou uma correlação positiva entre o abandono escolar precoce e a crença em um deus.
127 Uma carta publicada na revista
Nature em 1998, relatou uma pesquisa sugerindo que a crença em um
deus pessoal ou na
vida após a morte alcançou o nível mais baixo de todos os tempos entre os membros da
Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos,
sendo que apenas 7,0% dos membros disseram acreditar em um deus
pessoal, em forte contraste com os mais de 85% da população geral dos
Estados Unidos que acredita em um deus.
132 Em contrapartida, um artigo publicado pela
Universidade de Chicago que discutiu o referido estudo, afirmou que 76% dos médicos estadunidenses acreditam em
Deus, mais do que os 7% dos cientistas acima, mas ainda inferior aos 85% da população em geral.
133 No mesmo ano,
Frank Sulloway, do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e
Michael Shermer, da
Universidade do Estado da Califórnia,
conduziram um estudo que encontrou em sua amostra de pesquisa de
"credenciados" adultos dos Estados Unidos (12% doutorados e 62% eram
graduados universitários) 64% que acreditavam em Deus e houve uma
correlação indicando que a convicção religiosa diminuiu com o aumento do nível de escolaridade.
134
Uma correlação inversa entre religiosidade e inteligência foi
encontrada por 39 estudos realizados entre 1927 e 2002, de acordo com um
artigo na
Mensa International Magazine.
135 Estes resultados concordam em geral com uma
metanálise realizada em 1958 pelo professor
Michael Argyle, da
Universidade de Oxford. Ele analisou sete estudos que investigaram a correlação entre a atitude em relação à religião e o
nível de inteligência
entre os estudantes do ensino médio e universitários dos Estados
Unidos. Apesar de uma clara correlação negativa ter sido encontrada, a
análise não identificou existência de
causalidade, mas observou que fatores como histórico familiar autoritário e
classe social também poderiam desempenhar algum papel.
136
Brasil
De acordo com dados do
Censo brasileiro de 2010 do IBGE, 8,0% da população brasileira declarou-se "
sem religião" (15,3 milhões), dentre as quais cerca de 615 mil declararam-se ateias.
137 No
Censo de 2000, estes correspondiam a
138 7,4% (cerca de 12,5 milhões) da população.
139 Em 1991 essa porcentagem era de 4,7%.
139
Uma pesquisa realizada pela empresa
Ipsos a pedido da agência de notícias
Reuters revelou que 3% dos brasileiros entrevistados não acreditam em deuses ou seres supremos.
140
No
Brasil, o estado da
Bahia é o terceiro com maior número de pessoas
sem religião; o primeiro é o
Rio de Janeiro.
141 A capital bahiana,
Salvador, tem a maior porcentagem nacional de pessoas sem religião entre as capitais, 18% da população.
141 No país todo, são mais numerosos entre os homens e entre os habitantes com menos de 55 anos.
141 A cidade com o maior número de ateus é
Nova Ibiá, com 59,85% dos habitantes, de acordo com o censo de 2000 do IBGE.
142 O segundo lugar fica com
Pitimbu, na
Paraíba, com 42, 44%.
142
Ateísmo, religião e moralidade
Associação com visões de mundo e comportamentos sociais
O sociólogo Phil Zuckerman analisou pesquisas anteriores em ciências sociais sobre
laicidade e não-crença e concluiu que o bem-estar social está positivamente correlacionado com a
irreligião. As suas descobertas relacionadas especificamente com o ateísmo incluem:
131 143
- Em comparação com pessoas religiosas, "ateus e pessoas laicas" são menos nacionalistas, preconceituosas, antissemitas, racistas, dogmáticas, etnocêntricas, mentalmente fechadas e autoritárias.
- Nos Estados Unidos, nos estados com os maiores percentuais de ateus na população, a taxa de homicídios é menor do que a média. Na maioria dos estados religiosos dos Estados Unidos, a taxa de homicídios é superior à média.
Ateísmo e religião
Assume-se frequentemente que pessoas que se auto-identificam como ateus são
irreligiosas, mas algumas seitas dentro das principais religiões, rejeitam a existência de uma
divindade criadora e pessoal.
144 Nos últimos anos, certas denominações religiosas têm acumulado uma série de seguidores abertamente ateus, tais como o
judaísmo humanístico e
ateísta145 146 e
ateus cristãos.
147 148 149
O sentido mais estrito do
ateísmo positivo
não implica quaisquer crenças específicas fora da descrença em qualquer
divindade, como tal, os ateus podem ter qualquer número de crenças
espirituais. Pela mesma razão, os ateus podem ter uma grande variedade
de crenças éticas, que vão desde o
universalismo moral do
humanismo, que defende que um
código moral deve ser aplicado consistentemente a todos os
seres humanos, ao
niilismo moral, que sustenta que a
moralidade não tem sentido.
150
Mandamento divino vs. ética
Embora seja um truísmo filosófico, encapsulado no
Dilema de Eutífron de
Platão, que o papel dos deuses na diferenciação entre certo e errado ou é desnecessário ou arbitrário, o argumento de que a
moralidade
tem que ser derivada de Deus e que não pode existir sem um criador
sábio tem sido uma característica persistente de debate político, ainda
que não tanto do filosófico.
151 152 153
Preceitos morais, como "o assassinato é errado" são vistos como leis
divinas, requerendo um legislador ou juiz divino. No entanto, muitos
ateus argumentam que o tratamento legalista da moralidade envolve uma
falsa analogia e que a moralidade não depende de um legislador da mesma forma que as leis.
154 Outros ateus, como
Friedrich Nietzsche,
discordaram desta opinião e declararam que a moralidade "tem verdade
apenas se Deus é a verdade, portanto fica em pé ou cai de acordo com a
fé em Deus."
155 156 157
Existem
sistemas normativos éticos que não necessitam que os princípios e regras sejam fornecidos por uma divindade. Alguns incluem
ética da virtude,
contrato social,
ética kantiana,
utilitarismo e o
objetivismo.
Sam Harris propôs que a prescrição moral (criar regras éticas) não é apenas uma questão a ser explorada pela
filosofia, mas que podemos praticar significativamente uma
ciência da moralidade. Um tal sistema científico deve, no entanto, responder ao criticismo consubstanciado na
falácia naturalista.
158
Os filósofos
Susan Neiman159 e
Julian Baggini160
(entre outros) afirmam que o comportamento ético apenas devido ao
mandato divino não é o comportamento ético verdadeiro, mas apenas a
obediência cega. Baggini argumenta que o ateísmo é uma base superior
para a ética, afirmando que uma base moral externa aos imperativos
religiosos é necessária para avaliar a moralidade dos próprios
imperativos - para ser capaz de discernir, por exemplo, que "furtarás" é
imoral, mesmo que a sua religião o instrua a fazer isso - e que os
ateus, portanto, têm a vantagem de estarem mais inclinados a fazer tais
avaliações.
161 O político e filósofo contemporâneo
britânico Martin Cohen ofereceu o exemplo historicamente mais revelador de injunções
bíblicas em favor da
tortura e
escravidão
como evidência de que as injunções religiosas seguem os costumes
políticos e sociais, e não vice-versa, mas também observou que a mesma
tendência parece ser verdadeira para filósofos supostamente imparciais e
objetivos.
162 Cohen explana esse argumento com mais detalhes na
Filosofia Política de Platão a Mao, no caso do
Alcorão que ele vê como tendo tido um papel geralmente infeliz na preservação dos códigos sociais do início do
século VII por meio de mudanças na sociedade
secular.
163
Perigos das religiões
Alguns ateus proeminentes, tais como
Bertrand Russell,
Christopher Hitchens,
Sam Harris e
Richard Dawkins, têm criticado as religiões, citando aspectos nocivos das práticas e doutrinas religiosas.
164
Os ateus têm-se envolvido muitas vezes em debates com defensores da
religião, e os debates por vezes tratam a questão de saber se as
religiões oferecem um benefício líquido para os indivíduos e para a
sociedade.
Um argumento de que as religiões podem ser prejudiciais, feito por
ateus como Sam Harris, é que a dependência das religiões ocidentais da
autoridade de Deus presta-se ao
autoritarismo e ao
dogmatismo.
165 Os ateus também citaram dados mostrando que há uma correlação entre
fundamentalismo religioso e
religião extrínseca (quando a religião é praticada porque serve a interesses ocultos)
166 e autoritarismo, dogmatismo e
preconceito.
167 Estes argumentos, combinados com eventos históricos que são argumentos para demonstrar os perigos da religião, como as
Cruzadas,
Inquisição,
caça às bruxas e os
ataques terroristas, têm sido usados em resposta às reivindicações dos efeitos benéficos da crença na religião.
168 Os crentes contra-argumentam que alguns regimes que defendem o ateísmo, como foi a
Rússia soviética, também foram culpados de assassinatos em massa,
169 170 apesar destes atos não conterem relação alguma com a ausência de religião do regime.
Discriminação e preconceito
O ateísmo sempre foi uma
doutrina perseguida, clandestina e discriminada.
171 Durante a
cristianização do
Império Romano, o ateísmo foi considerado crime terrível e praticamente deixou de existir na história das ideias europeias.
172 Até o
século XIX,
devido ao poder político-eclesiástico, o indivíduo que assumisse
oposição aos ensinamentos da Igreja seria recriminado pela sociedade e
pelo governo com acusações de desonestidade, rebeldia, incredulidade e
libertinagem.
173
Uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup em 1999 comprova que 95% dos
estadunidenses votaria em uma
mulher para presidente, 92% votaria em um
judeu ou
negro, 79% em um
homossexual mas apenas 49% votaria em um ateu.
139 A revista
Newsweek estima uma porcentagem ainda menor: 37%
174 Uma pesquisa de 2007 encomendada pela CNT/Sensus revela que 84% dos
brasileiros votariam em um negro para
Presidente da República, 57% em uma mulher, 32% em um homossexual mas apenas 13% votaria em um ateu.
175 Uma pesquisa de agosto de 2010 realizada pelo Núcleo de Opinião Pública em uma iniciativa da Fundação Perseu Abramo (FPA) e
SESC
revelou que 66% das mulheres brasileiras jamais votariam em um ateu e
11% dificilmente votaria, enquanto 61% dos homens brasileiros nunca
votaria e 13% dificilmente votaria.
176
Uma pesquisa realizada no dia 13 de dezembro de 2012 pelo Datafolha
indica que 86% dos brasileiros acreditam que a crença em Deus torna as
pessoas melhores, enquanto que apenas 13% acreditam que implicação não é
obrigatória.
177
Visibilidade
Conforme a Associação Americana de Livreiros, em 2005 as obras da
categoria "céticos e ateus" registraram o maior crescimento da história
até então e o segundo maior entre os demais gêneros.
178 A revista mensal com a quinta maior tiragem dos Estados Unidos, entre as especializadas, é uma publicada pela
Sociedade dos Céticos.
178 Na
Fox News, o programa
Bullshit! dissemina o ateísmo e a dupla de mágicos
Penn Jillette e
Raymond Joseph Teller desmascara truques místicos.
178
Ateus famosos
Associações lusófonas
Ver também
Referências
- Ir para cima ↑ Um pequeno artigo do Religioustolerance.org chamado Definitions of the term "Atheism" sugere que não há consenso sobre a definição do termo. Simon Blackburn resume a situação no Dicionário Oxford de Filosofia:
"Ateísmo é a falta de crença em um deus, ou a crença de que não há
nenhum". A maioria dos dicionários (veja a consulta OneLook por "ateísmo") primeira lista uma das definições mais estreitas. * Runes, Dagobert D.(editor). Dictionary of Philosophy (em inglês). New Jersey: Littlefield, Adams & Co. Philosophical Library, 1942 edition. ISBN 0-06-463461-2 Página visitada em 26 de janeiro de 2011. Vergilius Ferm
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- 2,3% dos ateus: Pessoas que professam o ateísmo, ceticismo,
descrença, ou irreligião, incluindo os militantemente anti-religiosos
(oposição a todas as religiões).
- 11,9% não-religiosos: Pessoas que professam nenhuma religião,
não-crentes, agnósticos, livres-pensadores, desinteressados, ou
secularistas desreligionizados indiferente a todas as religiões, mas não
tão militantes.
- ↑ Ir para: a b Religious Views and Beliefs Vary Greatly by Country, According to the Latest Financial Times/Harris Poll (em inglês). Financial Times/Harris Interactive (20 de dezembro de 2006). Página visitada em 17 de janeiro de 2007.
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e "ateus" são palavras formadas a partir das raízes gregas e com
terminações derivadas do grego. No entanto elas não são gregas, a sua
formação não está em consonância com o uso grego. Em grego escreve-se atheos e atheotes. Exatamente da mesma maneira como ímpio, atheos foi
usado como uma expressão de censura grave e condenação moral; este uso é
antigo e o mais antigo que pode ser rastreado. Só mais tarde é que
vamos encontrá-lo empregado para designar um determinado credo
filosófico.)
- Ir para cima ↑ Armstrong, Karen. A History of God. [S.l.]: London: Vintage, 1999. ISBN 0-09-927367-5
- Ir para cima ↑ Em parte devido à sua ampla utilização na sociedade ocidental monoteísta, o ateísmo
é geralmente descrito como "a descrença em Deus", ao invés de um modo
mais geral como "a descrença em divindades". Em escritos modernos
raramente é explicitada uma clara distinção entre estas duas definições,
mas alguns usos arcaicos de ateísmo abrangiam apenas a descrença em um Deus singular, não em divindades politeístas. É nesta base que o termo obsoleto adevismo foi cunhado no final do século XIX, para descrever a ausência de crença em divindades plurais. Britannica. (1911). "Atheonism". Encyclopædia Britannica.
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- Ir para cima ↑ Cline, Austin. What Is the Definition of Atheism?. about.com. Página visitada em 21 de outubro de 2006.
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pp. 30–34. "Quem seriamente afirma que deveríamos dizer 'Eu não creio
nem descreio que o Papa é um robô', ou 'Sobre se comer ou não este
pedaço de chocolate me transformará num elefante eu sou completamente
agnóstico'. Na ausência de quaisquer boas razões para crer nestas
afirmações bizarras, justamente não acreditamos nelas, não suspendemos
apenas o seu julgamento."
- Ir para cima ↑ Baggini 2003, pp. 30–34.
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Em particular, ele argumenta que a sugestão de que ele é um completo
ateu contradiz a outra parte da acusação, a de que havia introduzido
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- Ir para cima ↑ Júlio César
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rejeitava também a ideia de uma vida apóa a morte, o que conduziu ao seu
apelo contra a pena de morte durante o julgamento de Catilina, durante o qual falou contra o estoicista Catão. (cf. Sallust, The War With Catiline, Caesar's speech: 51.29 & Cato's reply: 52.13).
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fazendo uma afirmação ampla sobre o papel afirmativo da religião no
mundo contemporâneo ... A fé é uma das forças mais poderosas no
desenvolvimento humano e um ímpeto forte para a transformação pessoal e o
progresso coletivo. Há inúmeros exemplos de pessoas levantando-se da
miséria pessoal por meio da fé ... O que não está em discussão é que a
religião é adaptativa, construtiva e saudável - e, assim, faz uma
diferença positiva na vida das pessoas."
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o Centro de Treinamento Cristão European Apologetics Network, de
Londres, “somente na Europa, nos últimos 100 anos, o ateísmo cresceu de
aproximadamente 1,7 milhão para cerca de 130 milhões de pessoas”."
- ↑ Ir para: a b Oziel Alves; Revista Enfoque (Setembro de 2007). Deus não existe! (em português). Página visitada em 20 de março de 2011. "Na
América Latina, região formada por 20 países tipicamente de Terceiro
Mundo, ou em desenvolvimento – incluindo o Brasil –, os índices de
ateísmo permanecem baixos, variando de 1% a 3%, exceto em Cuba, México
(7%), Argentina (8%) e Uruguai, com cerca de 12% de sua população
ateísta e, entre 30% e 50%, assumidamente sem religião."
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UK Edition, fevereiro 2002, pp 12-13. Analisando 43 estudos realizados
desde 1927, Bell descobriu que apenas quatro não exibiam tal conexão e
ele concluiu que "quanto maior a inteligência ou o nível de
escolaridade, menos provável é ser-se religioso ou um crente de qualquer
tipo."
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ele cita uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup em 1999. Segundo o
levantamento, 95% dos americanos votariam em uma mulher para presidente,
92% em um negro ou judeu e 79% em um homossexual. Mas apenas 49%
colocariam um ateu na Casa Branca."
- Ir para cima ↑ BBC Brasil (25 de abril de 2011). Brasil é 3º país onde mais se crê em Deus, mostra pesquisa (em português). UOL notícias. Página visitada em 30 de abril de 2011. "A
pesquisa, feita pelo empresa de pesquisa de mercado Ipsos para a
agência de notícias Reuters [...] No Brasil, apenas 3% dos entrevistados
declararam que não acreditam em Deus, ou deuses ou seres supremos."
- ↑ Ir para: a b c André Petry; Veja (26 de dezembro de 2007). Como a fé resiste à descrença (em inglês). Página visitada em 19 de março de 2011. "Entre
os brasileiros sem religião, a maior curiosidade está na Bahia de Todos
os Santos, terra onde frei Henrique de Coimbra rezou a mítica primeira
missa, em 26 de abril de 1500. A Bahia, que abriga Nova Ibiá e seu
esquadrão de sem-religião, é o terceiro estado com o maior contingente
de brasileiros sem filiação religiosa. E Salvador, entre as capitais, é a
campeã nacional: 18% dos soteropolitanos não têm religião.
Considerando-se o país todo, os sem-religião são mais numerosos entre os
homens e entre os brasileiros com menos de 55 anos. [...] O Rio de
Janeiro, por exemplo, é o estado menos católico do país e,
simultaneamente, tem o maior pelotão de sem-religião."
- ↑ Ir para: a b André Petry; Veja (26 de dezembro de 2007). Como a fé resiste à descrença (em português). Página visitada em 19 de março de 2011. "Desde que se espalhou a notícia extraída do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) de 2000, Nova Ibiá, vilarejo de 7 000 habitantes no interior da
Bahia, ganhou um estigma e uma obsessão. Como os números do censo
mostravam que 59,85% dos seus habitantes diziam não ter religião alguma,
Nova Ibiá passou a conviver com o estigma de ser a cidade mais ateia do
Brasil. Em nenhuma outra, em ponto algum do país, tanta gente dizia não
ter filiação religiosa. A segunda cidade com a maior tropa de
sem-religião era Pitimbu, no interior da Paraíba, mas com números mais
modestos – 42,44%."
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- Ir para cima ↑ Smith 1979, pp. 21–22
- Ir para cima ↑ Smith 1979,
p. 275. "Entre os muitos mitos associados com a religião, nenhum é mais
disseminado - ou mais desastroso nos seus efeitos - do que o mito de
que os valores morais não podem ser divorciados da crença num deus."
- Ir para cima ↑ Em Os Irmaõs Karamazov de Dostoievski (Livro 11: Irmão Ivan Fyodorovich, Capítulo 4) encontra-se o famoso argumento de que Se
não existe Deus, todas as coisas são permitidas.: "'Mas o que será
então dos homens?' perguntei-lhe, 'sem Deus e vida imortal? Todas as
coisas são legais então, podem eles fazer o que querem?'"
- Ir para cima ↑ Para Kant,
a pressuposição de Deus, alma, e liberdade era uma preocupação prática,
pois a "Moralidade", por si mesma, constitui um sistema, mas a
felicidade não, a menos que seja distribuída na proporção exata da
moralidade. Tal, porém, é possível num mundo inintelegível apenas sob um
autor e senhor sábio. A razão compele-nos a admitir tal senhor,
juntamente com a vida em um tal mundo, que temos de considerar como vida
futura, senão todas as leis morais devem ser consideradas como sonhos
ociosos...." (Critique of Pure Reason, A811).
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- Harris, Sam, Letter to a Christian Nation, Random House, Inc., 2008
- Dawkins, Richard, The God Delusion, Houghton Mifflin Harcourt, 2008
- Hitchens, Christopher, God Is Not Great: How Religion Poisons Everything, Random House, Inc., 2007
- Russell, Bertrand, Why I am not a Christian, and other essays on religion and related subjects, Simon and Schuster, 1957
- Ir para cima ↑ Harris, Sam (2006a). The Myth of Secular Moral Chaos (em inglês). Free Inquiry. Página visitada em 9 de abril de 2011.
- Ir para cima ↑ Moreira-almeida, A.; Lotufo Neto, F.; Koenig, H.G.. (2006). "Religiousness and mental health: a review". Revista Brasileira de Psiquiatria 28 (3): 242–250. DOI:10.1590/S1516-44462006005000006. PMID 16924349.
- Ir para cima ↑ Veja por exemplo: (June 1977) "Intrinsic Religion and Authoritarianism: A Differentiated Relationship". Journal for the Scientific Study of Religion 16 (2): 179–182. Ver também: (1992) "Authoritarianism, Religious Fundamentalism, Quest, and Prejudice". International Journal for the Psychology of Religion 2 (2): 113–133. DOI:10.1207/s15327582ijpr0202_5.
- Ir para cima ↑ Harris, Sam (2005). An Atheist Manifesto (em inglês). Truthdig. Página visitada em 9 de abril de 2011. "In
a world riven by ignorance, only the atheist refuses to deny the
obvious: Religious faith promotes human violence to an astonishing
degree."
- Ir para cima ↑ John S. Feinberg, Paul D. Feinberg. Ethics for a Brave New World (em inglês). [S.l.]: Stand To Reason. Página visitada em 18 de outubro de 2007.
- Ir para cima ↑ Dinesh D'Souza. Answering Atheist’s Arguments (em inglês). Catholic Education Resource Center. Página visitada em 9 de abril de 2011.
- Ir para cima ↑ Henrique Carneiro; PSTU (8 de maio de 2007). Por que somos ateus? (em português). Página visitada em 19 de março de 2011. "Os
sacerdotes foram os primeiros agentes do aparelho coercitivo do Estado.
Duvidar dos deuses, portanto, sempre foi, na história das civilizações,
um crime contra o Estado. Por isso, o ateísmo sempre foi uma doutrina
clandestina, perseguida, denunciada, estigmatizada, e seus porta-vozes
são, por milênios, praticamente inexistentes na história do pensamento.
[...] lembremo-nos sempre que o debate do ateísmo sempre se fez de forma
clandestina e, portanto, cifrada, sem uma exposição pública total de
ideias cujo preço a se pagar por sustentá-las podia ser a morte ou até
mesmo pior do que a morte, a tortura e a humilhação."
- Ir para cima ↑ Henrique Carneiro; PSTU (8 de maio de 2007). Por que somos ateus? (em português). Página visitada em 19 de março de 2011. "Com o advento da cristianização do Império Romano,
pela primeira vez, uma religião monoteísta tornava-se dominante numa
vasta área territorial. Para impor seu domínio declarou guerra
implacável contra todos os outros deuses pagãos. Mais forte ainda, no entanto, foi a repressão às ideias negadoras da existência de deus. O ateísmo foi considerado um crime terrível e praticamente desapareceu da história das ideias na Europa."
- Ir para cima ↑ Alves, Oziel; Revista Enfoque (Setembro de 2007). Deus não existe! (em português). Página visitada em 20 de março de 2011. "Até meados do século XIX,
toda a humanidade acreditava na existência de um "deus", [...] O poder
político-eclesiástico não admitia contradições em relação aos textos
bíblicos e ser cristão era praticamente uma imposição. O indivíduo que
quisesse assumir publicamente oposição aos ensinamentos da Igreja, de
antemão sabia: seria recriminado pelo governo e pela sociedade com
acusações de incredulidade, rebeldia, libertinagem e desonestidade. Para
manter a boa imagem, era preferível não admitir tal posicionamento."
- Ir para cima ↑ Alexandre Mansur e Luciana Vicária com Mariana Sanches (13 de novembro de 2006). As questões dos ateus 3- Como seria o mundo sem religião? (em português). Época. Página visitada em 20 de março de 2011. "Segundo a revista Newsweek, só 37% dos americanos afirmam que votariam em um ateu para presidente."
- Ir para cima ↑ André Petry; Veja (26 de dezembro de 2007). Como a fé resiste à descrença (em inglês). Página visitada em 19 de março de 2011. "Uma
pesquisa encomendada por VEJA, realizada pela CNT/Sensus, mostra que
84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente da República,
57% dariam o voto a uma mulher, 32% aceitariam votar em um homossexual,
mas – perdendo de capote – apenas 13% votariam em um candidato ateu
(veja quadro). Pior que isso só o capeta."
- Ir para cima ↑ Fundação Perseu Abramo (agosto de 2010). MULHERES BRASILEIRAS E GÊNERO NOS ESPAÇOS PÚBLICO E PRIVADO (em português) pp. 279. Página visitada em 27 de março de 2011.
- Ir para cima ↑ Tendência conservadora é forte no país, diz Datafolha (em português). Folha de S. Paulo - Poder (25 de dezembro de 2012). Página visitada em 28 de dezembro de 2012.
- ↑ Ir para: a b c Alexandre Mansur e Luciana Vicária com Mariana Sanches (13 de novembro de 2006). As questões dos ateus 3- Como seria o mundo sem religião? (em português). Época. Página visitada em 20 de março de 2011. "Foi
nos Estados Unidos que o grupo de militantes ateus ficou mais ruidoso. O
fenômeno cultural já pode ser observado nas bancas de jornal e nas
livrarias. De acordo com a Associação Americana dos Livreiros, em 2005
as obras que se enquadram na categoria "céticos e ateus" registraram o
maior crescimento da História e o segundo maior entre os gêneros
catalogados. A Sociedade dos Céticos edita uma revista mensal com a
quinta maior tiragem entre as publicações especializadas do país. Na
televisão, a dupla de mágicos Penn Jillette e Raymond Joseph Teller
desmascara truques místicos e agora prega o ateísmo no programa
Bullshit, no canal Fox News (exibido no Brasil pelo canal pago FX)."
Bibliográficas
- Arvon, Henri. O Ateísmo (em português). [S.l.]: Europa-América, 1974.
- Cancian, André Dispore. Ateísmo e Liberdade (em português). São José do Rio Preto: Edição 5, 2005.
- Eurostat poll on the social and religious beliefs of Europeans (PDF). Disponível em Eurostat poll.
- Souza, Draiton Gonzaga de. O ateísmo antropológico de Ludwig Feuerbach (em português). Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994.
- Thrower, James. Breve história do ateísmo ocidental (em português). São Paulo: Edições 70, 1982.
- Gabriel, João. ASBER, organização de ateus que buscam justiça democrática (em português). Rio de Janeiro: [s.n.], 2006.
- Baggini, Julian. Atheism: A Very Short Introduction (em inglês). Oxford: Oxford University Press, 2003. ISBN 0-19-280424-3
- The Cambridge Companion to Atheism (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press, 2007. ISBN 0-521-60367-6 Página visitada em 9 de abril de 2011.
- Smith, George H.. Atheism: The Case Against God (em inglês). Buffalo, Nova Iorque: Prometheus, 1979. ISBN 0-87975-124-X
- Zdybicka, Zofia J.. Universal Encyclopedia of Philosophy (em inglês). [S.l.]: Polish Thomas Aquinas Association, 2005. vol. 1. Página visitada em 9 de abril de 2011.
Ligações externas