quinta-feira, 10 de maio de 2012

PALEONTOLOGIA

A vida na Terra surgiu há aproximadamente 3,8 mil milhões de anos e, desde então, restos de animais e vegetais ou evidências de suas actividades ficaram preservados nas rochas. Estes restos e evidências são denominados fósseis e constituem o objecto de estudo da Paleontologia.
A Paleontologia (do grego palaiós, antigo + óntos, ser + lógos, estudo) é a ciência natural que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registo geológico, isto é, a formação dos fósseis.
A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje. Já não é a ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades. Todos se interessam pela história da Terra e dos seus habitantes durante o passado geológico, para melhor conhecerem as suas origens.
O objecto imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na actualidade, encerram a informação sobre o passado geológico do planeta Terra. Por isso, se diz frequentemente que a Paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora, que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus objectivos fundamentais não se restringem ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não "pretende" apenas estudar os fósseis, procura também, com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado geológico da Terra.
Uma vez que os fósseis são objectos geológicos com origem em organismos do passado, a Paleontologia é a disciplina científica que estabelece a ligação entre as ciências geológicas e as ciências biológicas. Conhecimentos acerca da Geografia são de suma importância para a paleontologia, entre outros, através desta pode-se relacionar o posicionamento e distribuição dos dados colectados pelo globo.

Importância

A informação sobre a vida do passado geológico (como eram os organismos do passado, como viviam, como interagiam com o meio, como evoluiu a vida ao longo do tempo) está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem. O mundo biológico que hoje conhecemos é o resultado de milhares de milhões de anos de evolução. Assim, só estudando paleontologicamente o registo fóssil - o registo da vida na Terra - é possível entender e explicar a diversidade, a afinidade e a distribuição geográfica dos grupos biológicos actuais. E este tipo de estudo, tornou-se viável, através dos trabalhos de Georges Cuvier, que mediante à aplicação de suas leis da Anatomia Comparada, comprovou o fenómeno da extinção e da sucessão biótica. Ao possibilitar as reconstruções paleontológicas de seres que apresentavam seu registo fóssil fragmentado, por exemplo um único osso, Georges Cuvier, abriu caminho para posteriores elaborações de seqüências evolutivas, que deram suporte às teorias sobre a evolução orgânica.[1].
Com base no princípio de que "o presente é a chave do passado", enunciado por Charles Lyell, partindo do conhecimento dos seres vivos actuais e ainda de seu estudo biológico, é possível extrapolar-se muita informação sobre os organismos do passado, como o modo de vida, tipo trófico, de locomoção e de reprodução, entre outros, e isso é fundamental para o estudo e a compreensão dos fósseis.
A partir dos fósseis, uma vez que eles são vestígios de organismos de grupos biológicos do passado que surgiram e se extinguiram em épocas definidas da história da Terra, pode fazer-se a datação relativa das rochas em que ocorrem e estabelecer correlações (isto é, comparações cronológicas, temporais) entre rochas de locais distantes que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero. O estudo dos fósseis e a sua utilização como indicadores de idade das rochas são imprescindíveis, por exemplo, para a prospecção e exploração de recursos geológicos tão importantes como o carvão e o petróleo.

Divisões

A Paleontologia divide-se, conceitualmente, em algumas áreas, como por exemplo a Paleobiologia, Tafonomia e Biocronologia.
A Paleobiologia é a disciplina paleontológica que estuda a vida, a Biologia, do passado geológico da Terra. A Tafonomia estuda a integração da informação biológica no registo geológico, ou seja, a formação dos fósseis e das jazidas fossilíferas e do registo paleontológico e a Biocronologia estuda o desenvolvimento temporal (a cronologia) dos eventos paleobiológicos, bem como as relações temporais entre entidades paleobiológicas (os organismos do passado) e/ou tafonómicas (os fósseis).
É no seio da Paleobiologia que se insere a Paleozoologia, o estudo dos fósseis de animais, e a Paleobotânica, o estudo dos fósseis de plantas. Basicamente, qualquer disciplina biológica aplicada aos organismos do passado geológico, por via do estudo dos fósseis, constitui uma subdisciplina paleobiológica: Paleozoologia, Paleobotânica, Paleoecologia (que estuda os ecossistemas do passado), Paleoanatomia, Paleoneurologia, etc.
Outras disciplinas paleobiológicas transversais, que não estão limitadas a um dado grupo taxonómico, são, por exemplo:
  • Macropaleontologia - que estuda os fósseis visíveis a olho nu.
  • Micropaleontologia - que estuda os fósseis de organismos que necessitem de microscópio para serem visualizados.
Ainda se faz uma subdivisão da paleobotânica e da micropaleontologia constituindo a palinologia, que se dedica ao estudo de microfósseis orgânicos.

Diferença da Arqueologia

Os arqueólogos diferenciam-se dos paleontólogos porque não trabalham com restos de seres vivos - é uma ciência social. Um arqueólogo estuda as culturas e os modos de vida humana do passado a partir da análise de vestígios materiais. Um paleontólogo, entre outras coisas, é um biólogo ou geólogo, e estuda restos ou vestígios de diversas formas de vida (animal, vegetal, etc.) através da análise do que restou delas e da sua actividade biológica: pisadas, coprólitos, bioturbações, fósseis ósseos, etc.
A paleontologia estuda todos os organismos que viveram na Terra, incluindo a evolução primata-homem, mas não o ser humano como o conhecemos hoje, pois o estudo e seguimento da vida antropo-cultural se restringe a disciplinas ligadas à arqueologia, à paleoantropologia, à biologia e à medicina. Normalmente, a paleontologia estuda organismos mortos há mais de 11.000 anos; quando os vestígios ou restos possuem menos de 11.000 anos, são denominados de subfósseis. De uma maneira muito simplificada, um paleontólogo estuda os restos ou vestígios de seres vivos desde o início da vida na Terra até há cerca de 10000 anos, incluindo os restos de hominídeos.

Cronologia

  • 1796, França, Georges Cuvier, demonstra a ocorrência do fenómeno da extinção ao longo da história do Globo, ao analisar e comparar ossadas de elefantes viventes e de um mamute.Este trabalho se tornaria possível, somente com a aplicação dos métodos da Anatomia Comparada que este naturalista havia formulado e e que permitiram as reconstruções paleontológicas.
  • 1800, França, Lamarck, discursa sobre suas idéias evolucionistas comparando moluscos fósseis escavados da Bacia Sedimentar de Paris.
  • 1825, Reino Unido - O segundo dino é descrito. Chama-se Iguanodon bernissartensis. Ainda não havia a palavra "dinossauro" para nomear a família.
  • 1833, Reino Unido - O terceiro dinossauro descrito é um herbívoro encouraçado, tratando-se do britânico Hylaeosaurus armatus.
  • 1905, EUA - Tyrannosaurus rex é descrito, após seus restos serem coletados no oeste norte-americano. Especialistas ficaram tão espantados com o tamanho e a aparência deste carnívoro que colocaram o nome de "lagarto tirano rei"( tyranno = tirano, saurus = lagarto e rex = rei).
  • 1915, Egito - Paleontólogos europeus resgatam toneladas de fósseis de dinossauros. Um dos mais curiosos é o Spinosaurus aegyptiacus, dotado de longo focinho e vela dorsal. O material original—o mais completo já resgatado desta espécie—foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial, num bombardeio ao museu alemão onde estava guardado.
Década de 1940 e de 50, Brasil - Llewellyn Ivor Price registra os primeiros fósseis de dinossauros encontrados em território brasileiro.
  • 1969, EUA - John Ostrom, paleontólogo norte-americano, descreve um pequeno e ágil dinossauro carnívoro, o Deinonychus antirrophus. Ostrom encontrou incríveis semelhanças entre o Deinonychus e o Archaeopteryx, retomando a questão da afinidade entre aves e dinossauros.
  • 1978, EUA - Centenas de fósseis de uma mesma espécie de dinossauro, juntamente com ninhos e filhotes recém-nascidos, são encontrados num vale. Os animais morreram juntos por conta de uma grande erupção vulcânica. O achado indica que algumas espécies viviam em grupos sociais e cuidavam de seus filhotes. Ganhou o nome de Maiasaura ("lagarto boa mãe").
  • 1993, Argentina - O maior dinossauro descoberto até então é anunciado por paleontólogos argentinos: Argentinosaurus huinculensis. Estima-se que tenha ultrapassado os 35 m de comprimento e as 100 toneladas.
  • 1996, China - Paleontólogos chineses descrevem o Sinosauropteryx prima. Este pequeno carnívoro, encontrado em rochas de 135 milhões de anos, tinha em seus fósseis impressões de uma fina penugem.
  • 1999, China - Outro importante dino chinês é descrito: o Sinornithosaurus milenii. Era do grupo dos dromeossauros, ao qual pertencem o Velociraptor e o Deinonychus. O pequeno animal tinha o corpo coberto por penas. Pensou-se pela primeira vez na possibilidade de que seus 'primos' também as tivessem.
  • 2005, Alemanha - Um novo exemplar de Archaeopteryx é descrito por norte-americanos. A similaridade com o grupo dos dromeossauros demonstra que alguns dinos teriam sido ancestrais diretos das aves.
  • 2006, Brasil - Mais um dinossauro ancestral é descoberto: O Sacissauro. O nome é bem sugestivo, já que o dinossauro foi encontrado com uma perna! O Sacissaurus era carnívoro e o mais antigo dinossauro ornitísquio. Foi coletado na Paleorrota.
  • 2008, Brasil - Descoberto o maior dinossauro brasileiro: Uberabatitan ribeiroi. A espécie descrita por Leonardo Salgado e Ismar Carvalho no Triângulo Mineiro poderia atingir os 20 metros de comprimento e pesar cerca de 16 toneladas.

Bibliografia

Silva, C.M. da (2005) - Guia do/a Professor/a. Plumas em Dinossáurios. Afinal nem todos se extinguiram. Museu Nacional de História Natural de Lisboa, Parte 1 e Parte 2, 50pp.
Fernández-López, S. (2000) - Temas de Tafonomía. Departamento de Paleontología, Universidad Complutense de Madrid, 167pp.
CARVALHO, I.S., 2004. Paleontologia. Rio de Janeiro, Editora Interciência, 1119pp.

Referências

  1. Faria, F.Felipe de A.. Georges Cuvier e a instauração da Paleontologia como ciência -Tese de doutorado-UFSC 2010, pp:172-185 (disponível em http://www.anppas.org.br/novosite/arquivos/Tese%20-%20F.%20Felipe%20%20A.%20Faria.pdf). [S.l.]: Tese de doutorado-UFSC, 2010.

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